Uma Orquidea Para Chandra. Barbara Cartland

Uma Orquidea Para Chandra - Barbara Cartland


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uma ideia, papai! Vamos inventar um código! Se disser, “está frio para esta época”, saberei que está ansioso por livrar-se deles e se falar; “sinto cheiro de fumaça”, compreenderei que devo socorrer o senhor imediatamente!

      –É isso que sempre preciso, todas as vezes que você me impinge esses idiotas faladores– resmungou ele–, não consigo imaginar por que as pessoas não me deixam em paz!

      Essa era a eterna queixa do professor, pois tudo que mais desejava era ficar sozinho com seus livros.

      Ao abrir a porta do armário, Chandra ouviu a voz grave que escutara no vestíbulo dizer:

      –Se a minha informação está certa, será a mais espantosa descoberta de todos os tempos.

      –Concordo com o senhor– respondeu o professor–, mas sabe tão bem quanto eu que os informes desses manuscritos são frequentemente baseados em boatos e em geral, acabam demonstrando que são inteiramente sem valor.

      –Meu informante é um homem de completa integridade, mas é natural que possa ter se enganado.

      –Ele lhe foi realmente útil no passado?

      –Sempre o julguei merecedor de crédito, além do quê ele se deu ao trabalho de vir para a Inglaterra,

      –Certamente isso indica que ele estava convencido do valor do manuscrito, mas Lord Frome, ainda não me disse como lhe posso ser útil…

      Chandra estremeceu. Sabia agora quem era o visitante. Damon Frome, era um dos homens mais interessados nos tesouros do sânscrito. Seu pai já o mencionara várias vezes.

      Nos últimos dois anos o professor Barnard, realmente recebera de Damon Frome vários manuscritos, que Chandra ajudara a traduzir. Lembrava-se agora de que eram muito mais antigos e emocionantes do que todos os outros analisados por seu pai, e o melhor é, que o professor fora muito bem pago pelo tempo que gastara nessas traduções.

      «Se Lord Frome trouxera algum trabalho novo para seu pai» pensou encantada, «seria justamente o que estava precisando no momento».

      Há pouco, antes de sair da aldeia, o Sr. Dart, o dono do empório, avisara Chandra, que o professor estava devendo muito, e pedira-lhe para amortizar um pouco essa dívida.

      O Sr. Dart, era um homem nervoso, um pouco gago, mas não do tipo explosivo e exuberante, próprio da sua profissão.

      Chandra reconhecia que ele elevara a voz para lhe falar, mas sabia que a conta com o Sr. Dart vinha aumentando cada vez mais, já há meses.

      –Falarei com papai– a moça respondeu–, estou certa de que ele se esqueceu dessa dívida com o senhor. Sabe o quanto ele é distraído.

      –Peço que me desculpe por importuná-la, bem como ao professor– respondera o Sr. Dart–, mas sabe como os tempos estão difíceis, e nada posso encomendar ao meu atacadista, sem pagar em dinheiro.

      –Compreendo, Sr. Dart. Falarei com papai mal chegue a casa– para aliviar um pouco a situação, ela lhe pedira notícias dos filhos.

      Ao afastar-se do modesto estabelecimento, Chandra ficou imaginando como pagar essa dívida. Evidentemente, poderia escrever para os editores de seu pai. Já o fizera no passado e ele se zangara ao descobrir.

      Tinha, porém, pouca chance de que concordassem em pagar adiantado pelos livros publicados no ano anterior, os quais, embora elogiados nas revistas eruditas, receberam pouca aceitação do público.

      Ao voltar para casa, enquanto caminhava, perguntou a si mesma se ainda havia alguma coisa que pudesse vender. Mas não havia mais objetos de valor em sua casa, fora os manuscritos de seu pai.

      Agora, porém, sentia-se animada. Lord Frome trouxera algum trabalho para seu pai, e tinha certeza de que no futuro tudo seria diferente.

      –O que desejo nesta situação– continuou falando Lord Frome–, é o seu auxílio, professor, e de um modo diferente de tudo quanto já fizemos antes.

      –Um modo diferente?– perguntou seu pai intrigado.

      –No passado, trouxe-lhe manuscritos que descobri no Tibete e no Himalaia, e o senhor os traduziu com uma tal perícia, permita-me dizer-lhe, que não pode competir com nenhuma outra no mundo ocidental.

      –É muita bondade sua– Chandra ouviu seu pai responder, sabendo o quanto esse elogio lhe agradara.

      –Mas, como esse manuscrito é tão precioso e tão diferente de tudo que descobri anteriormente– continuou Lord Frome–, não só quero que o traduza para mim, mas que me ajude a achá-lo.

      –Achá-lo?– repetiu o professor, muito surpreso.

      –Isso mesmo. Para ser franco– observou Lord Frome–, não estou certo de que eu o reconheceria se o visse.

      Houve um silêncio e Chandra tinha certeza da expressão perplexa de seu pai ao olhar para Lord Frome.

      –O que estou querendo dizer, professor– disse o Lord, como se respondendo a uma pergunta muda–, é que o senhor tem de ir comigo para o Nepal.

      –Nepal? Por quê? Julga ser lá que o manuscrito está escondido?

      –Meu informante contou-me que existe uma lamaseria nas montanhas do outro lado de Katmandu. Tem quase certeza de que, nesse Mosteiro, o abade e os monges não fazem ideia do que possuem, de fato, ele julga que esses religiosos não são homens de grande cultura, mas sim donos de uma profunda piedade.

      –É evidente que isso tornaria mais fácil a aquisição– observou o professor, de um modo prático.

      –Foi o que pensei– concordou Lord Frome–, ao mesmo tempo, e segundo fui informado, naquele Mosteiro existem centenas, senão milhares de manuscritos! A não ser que eu, pretenda passar lá muitos anos para pesquisá-los, precisarei de seu auxílio para encontrar exatamente o que eu quero.

      –Está realmente pedindo para eu o acompanhar ao Nepal? Ouvi dizer que é muito difícil entrar no país.

      –Sim, é. De fato, a poucos europeus foi permitida a entrada, com exceção do residente britânico.

      –O residente sir Brian Hodgson foi oficial da colônia britânica até 1842, se não me engano.

      –Correto!– exclamou Lord Frome–, mas depois, lamentavelmente, devido à inabilidade de Lord Ellenborough, ele se demitiu. Tornou-se então uma espécie de ermitão em Darjeeling, onde realizou o mais espantoso trabalho nos manuscritos em sânscrito.

      –Claro! Isso mesmo! Examinei a maioria dos que ele apresentou à Sociedade Real Asiática e ao Departamento da Biblioteca da Índia.

      –E eu também– retrucou Lord Frome–, são coleções extraordinárias, e as gerações futuras deveriam sentir-se imensamente gratas pelas pessoas que neles trabalharam.

      –Duvido!...– murmurou o professor, mas o outro continuou:

      –Atualmente, existe um oficial da colônia britânica como residente britânico no Nepal. Foi uma sorte, ele ter convencido o Primeiro-Ministro, de que devia autorizar-me a entrar no país juntamente com um auxiliar. Admitindo que não pretendemos nos demorar muito, uma vez lá, creio que será possível alongar nosso limite de tempo.

      –Está tornando tudo mais fácil do que eu esperava– observou o professor.

      –Nada é fácil quando se está lidando com o Oriente. Teremos apenas que fazer as coisas gradualmente. O primeiro passo já foi dado, com a permissão de visitar o Nepal durante um tempo limitado.

      –Os nepaleses não criarão dificuldades com a remoção de seus tesouros?– perguntou o professor.

      –Duvido que saibam o valor deles, não em termos de dinheiro, naturalmente, mas a sua importância intelectual. Não preciso dizer-lhe, professor, que se encontrarmos o “Manuscrito Lótus”, conforme


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