Duelo De Corações. Barbara Cartland

Duelo De Corações - Barbara Cartland


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eu não posso jurar, sir— Caroline gritou, alarmada—, quero dizer... se for mesmo preciso o meu testemunho para livrá-lo... da forca... mas... mas... ninguém deve saber que estive aqui… a esta hora da noite.

      —Nesse caso, milady, devo sugerir que desapareça de aqui quanto antes, é melhor se não quer ser descoberta— opinou o cavalheiro, sorrindo—, e se não estou enganado, logo vai aparecer alguém nesta clareira, e estou certo de que encontrará o cadáver, e o assassino que, ele imaginará que seja eu. Portanto, corra o mais depressa que puder, milady, para não ser envolvida neste crime desagradável.

      —Não posso fazer isso… pois eu sei que o senhor é inocente e...

      —Não perca tempo, fuja, milady.

      —E o senhor?

      —Vou aguardar.

      —Por quê?— Caroline indagou, ficou mesmo pasmada com a indiferença do cavalheiro—, você quer ser acusado de um crime que não cometeu? Por que essa tolice? Se fugir, ninguém poderá provar que o senhor esteve aqui, muito menos que matou este homem.

      —Não tenho apego à vida— o cavalheiro deu de ombros—, vou morrer mesmo, em breve, de um modo ou de outro.

      —O senhor deve estar louco ou então bebeu demais— Caroline concluiu, zangada—, há muitos modos decentes de morrer, sir. Mas é covardia deixar que o Conde nem por um crime que não cometeu. Venha comigo, sir, enquanto é tempo.

      Caroline falou com veemência e o homem à ouviu com um sorriso nos lábios. Em seguida sacudiu mais uma vez os ombros largos.

      —Está bem. Conseguiu convencer-me, milady. Posso acompanhá-la até sair do bosque?

      Ele ia oferecer o braço a Caroline, mas ela ergueu a mão sussurrou:

      —Ouça!

      Ambos ficaram imóveis e atentos. Do bosque chegou até eles o som de vozes e de pessoas andando entre as árvores.

      —Depressa— Caroline disse em voz baixa—, eles devem estar procurando pelo senhor... ou por mim.

      O cavalheiro virou-se ligeiro.

      —Por aqui. Meu cavalo está logo adiante.

      Ele foi à frente e Caroline seguiu-o. Não havia caminho trilhado e os dois andaram pelo mato crescido, desviando-se como podiam dos ramos das árvores, dos espinhos e galhos secos. Depois do que pareceu a Caroline uma eternidade eles saíram do bosque.

      Ela sentia o rosto ardendo devido aos arranhões e tinha as roupas rasgadas.

      —Aqui estamos— disse o cavalheiro aproximando-se do seu cavalo, preso a uma árvore—, você não se importa de ir na garupa?

      —Para mim está bem— Caroline respondeu.

      Ele a colocou atrás da sela e montou em seguida. O som de vozes, embora distantes, chegou até eles.

      —Está ouvindo? Eles encontraram o cadáver— disse o cavalheiro, fustigando o cavalo.

      Agarrada à cintura dele Caroline não quis olhar para trás. Quanto mais depressa se afastassem dali, melhor.

      CAPÍTULO II

      O cavalheiro e Caroline galoparam durante alguns minutos.

      —Para onde estamos indo, sir?— Caroline perguntou, ofegante.

      Ele controlou as rédeas do cavalo, fazendo o animal ir a passo e respondeu:

      —Moro aqui perto, no Castelo de Brecon. A propósito, meu nome é Brecon.

      —Devo ter ouvido falar sobre seu Castelo— Caroline observou, pensativa.

      —Provavelmente. O lugar é lindo e famoso. Muitas pessoas vêm conhecer o Castelo devido às duas torres normandas.

      Caroline empertigou-se. Teve vontade de responder com altivez que não era dessas pessoas que passeavam pelas estradas a fim de admirar Castelos.

      Lembrando-se a tempo de que estava suja e com as roupas rasgadas, controlou-se. Como era possível o estranho saber que ela era filha de um aristocrata importante? Disse então com suavidade:

      —Nunca vi o Castelo de Brecon, milorde. Eu me lembraria disso se já o conhecesse. E o senhor é lorde Brecon, suponho.

      —Sou. Terei imenso prazer em mostrar-lhe meu Castelo, milady.

      —Não acha que será arriscado voltar para casa, milorde?

      —Por que diz isso?

      —Se alguém assassinou aquele homem para incriminá-lo, as pessoas que suspeitam do senhor por certo irão até seu Castelo à sua procura e farão perguntas para saber onde o senhor esteve esta noite, principalmente na hora do crime.

      —Por Júpiter! Você é astuta como uma advogada ou é uma ávida leitora de romances policiais de alguma biblioteca circulante— brincou lorde Brecon.

      Caroline riu. Era verdade que gostava muito de romances de mistério. Lorde Brecon acrescentou:

      —Reconheço que o seu raciocínio é correto. Nesse caso, o que devemos fazer?

      —O senhor tem amigos de inteira confiança? Lembro-me de um caso em que um fazendeiro de boa reputação foi acusado de envolvimento com uma quadrilha de contrabandistas. No tribunal três amigos juraram que o fazendeiro havia passado a noite com eles, jogando cartas…

      —Mas não acha que é arriscado pensar numa situação que me possa ilibar mas que não é verdadeira?- interrompleu lord Brecon.

      —Ouça o resto por favor… a respeito desse julgamento meu pai assim comentou: "É difícil reconhecer se um homem diz ou não a verdade. Mas no caso de quatro jurando a mesma coisa, ainda que falsa, convenceram o juiz e o júri".

      —Realmente seu pai estava certo— concordou lorde Brecon conduzindo o cavalo na direção oposta—, é melhor eu ser prudente, e arranjar dois ou três amigos leais que testemunhem a meu favor.

      Caroline não revelou que seu pai fora o juiz naquele julgamento. Dada a circunstância estranha em que lorde Brecon a encontrara, seria melhor não revelar sua identidade.

      —Tenho sim dois grandes amigos que testemunharão a meu favor. Você aguentará cavalgar ainda mais duas milhas, estando nessa posição desconfortável?

      —Estou bem, milorde— Caroline tranquilizou-o.

      —Perdoe-me por não lhe perguntar aonde queria ir, milady—lorde Brecon desculpou-se—, os acontecimentos destes últimos trinta minutos deixaram-me confuso.

      —Compreendo, milorde.

      —Este caminho que leva a Sevenoaks lhe convém?

      —Sim— Caroline respondeu brevemente, pensando em alugar em Sevenoaks uma carruagem que a levasse a Londres.

      —Já me apresentei, mas ainda não sei o seu nome— lorde Brecon observou de repente.

      —Caroline…— ela parou a tempo de não dizer o sobrenome verdadeiro. Mencionou o primeiro que lhe ocorreu—, Caroline Fry.

      —Seu criado, Srta. Fry. E agora talvez possa matar a minha curiosidade me dizendo, o que fazia no bosque quando Rosenberg foi golpeado por alguma mão traiçoeira.

      Caroline teve de pensar depressa. Havia estado ocupada com os problemas de lorde Brecon e não inventara uma história para justificar sua presença naquele lugar estranho em hora mais estranha ainda. Graças às suas leituras teve a ideia de recompor para si mesma a passagem que havia lido em um romance e que lhe pareceu plausível.

      —Eu trabalhava como acompanhante de uma senhora da alta nobreza— ela começou—, não tardei a perceber que minha patroa tinha o hábito de beber demais,


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