A Cidade Sinistra. Scott Kaelen
a entrada hoje; este trabalho recaiu sobre Linisa, que estaria levando um caçador-em-treinamento para olhar através das barras de ferro da entrada do Lugar Proibido pela primeira vez, exatamente como um dos Guardiões anteriores tinha feito com Eriqwyn quando ela era uma menina e exatamente como Wayland em breve estaria fazendo com Demelza.
Satisfeita que a costa estava limpa, ela virou para o terceiro e último trecho do seu circuito, seguindo a trilha que levava de volta à aldeia. Após alguns minutos, ela viu uma figura solitária à frente.
Demelza, ela pensou. Sozinha novamente. Para dar uma espiada através das barras, não é?
Assim que avistou a garota, Demelza saiu correndo da trilha e desapareceu na linha das árvores. Franzindo o cenho, os instintos de caçadora de Eriqwyn entraram em ação e ela entrou no bosque, pisando de leve na vegetação rasteira entre as árvores. Pegando um vislumbre de movimento quando Demelza moveu-se rapidamente pela base da Escarpa do Dragão Sonhador, Eriqwyn abaixou-se para uma posição semi-agachada e começou a perseguição. Na crista plana da colina havia a clareira natural do Olho de Dragão. Eriqwyn se escondeu entre as árvores e arbustos e observou a garota entrar na clareira. Demelza atravessou para um bloco de pedra coberto de hera no centro da clareira – a pedra de oferenda que deu nome à clareira, sua única serva a hera já que ninguém tinha venerado os deuses primitivos desde muito antes de Valsana mudar o mundo.
Eriqwyn esperou enquanto um minuto se estendia no seguinte e Demelza permanecia escondida atrás do altar. No outro lado da clareira, a vegetação rasteira farfalhou. Os sentidos de Eriqwyn aguçaram. Seus olhos encontraram rapidamente a área de alvoroço. Entre os arbustos, um par de grandes olhos amarelos brilhava à luz do sol perto do chão. A criatura enfiou a cabeça na lareira e Eriqwyn imediatamente pegou uma flecha. Sarbek, ela pensou, encaixando a haste da flecha enquanto a criatura parecida com um lobo rastejava da vegetação rasteira, a crista de ossos semelhante a uma espada arqueando sobre suas costas, pálida contra o pelo escuro.
Lobos eram incomuns tão perto de Minnow’s Beck, mas Sarbeks eram muito mais raros. Tais criaturas tendiam a permanecer no bosque montanhoso ao nordeste, mas caso um se deparasse com um humano sozinho e desarmado…
A atenção do sarbek estava no altar de pedra, atrás do qual Demelza ainda estava se escondendo. A criatura deu vários passos tímidos para frente, em seguida se agachou, pronta para saltar.
Eriqwyn puxou e soltou a flecha e perfurou o flanco do sarbek. Com um gemido estridente, a criatura caiu e Demelza saiu do seu esconderijo em um instante e correu para o seu lado. Agachando-se, ela colocou uma mão em seu flanco e com a outra acariciou gentilmente a cabeça do sarbek. Eriqwyn saiu das árvores e a menina olhou para ela, seus olhos brilhando com umidade.
Por que em nome de Valsana ela está chorando?
“Por que você tinha de fazer isso?” Demelza soluçou.
Eriqwyn foi pega de surpresa. Esta não era a reação que ela esperava da menina. “Você não deveria estar aqui sozinha.”
Demelza piscou e as lágrimas escorreram pelo seu rosto. Ela voltou sua atenção para o sarbek e após um instante, a criatura piscou e fechou os olhos, deu um último suspiro, em seguida morreu. Ainda ajoelhada, ela virou-se para Eriqwyn. “O que ela fez para você?” ela gritou.
“Eu…” Eriqwyn hesitou, em seguida se conteve. “Você estava em perigo, menina! Nitidamente você não pode se defender. Você deveria estar me agradecendo, sua criança ingrata! Se eu não estivesse aqui, no momento você estaria sendo destroçada até a morte nas mandíbulas daquela criatura.”
Demelza abaixou a cabeça, as lágrimas derramando no pelo do sarbek morto. “Eu não estava em perigo. Ela era minha amiga. Você não consegue ver isso?” Ela se levantou e se aproximou de Eriqwyn. “Não tenho amigos na aldeia, não é?” ela disse acusadoramente. “Não há ninguém lá que gosta de mim.”
Eriqwyn respirou fundo. “Isso não é verdade, Demelza.”
“Sim, é verdade. E você sabe disso, porque você é uma daqueles que não gosta de mim. Eu vejo isso, sabe? Não sou burra.”
Não havia mais nada para Eriqwyn dizer. Era verdade, ela realmente não gostava da menina, não que ela pudesse dizer exatamente o porquê. E isso era a verdade para muitos dos aldeões. Mas este era um lado diferente de Demelza que ela não tinha testemunhado antes. A morte da sarbek animou a menina mais do que Eriqwyn já tinha visto.
“Você não pode fazer amizade com os predadores da natureza,” ela disse. Mas, de alguma maneira, apesar dos seus anos de treinamento, a declaração pareceu fraca. A sarbek estava realmente prestes a atacar? Eriqwyn já não tinha mais tanta certeza.
“Talvez você não possa,” Demelza soluçou. “Só mato para comer, não porque eu acredito que tudo quer me matar ou porque eu goste disso.”
Eriqwyn reprimiu um suspiro. “Eu não gosto...”
Demelza lançou um olhar venenoso para ela, em seguida saiu correndo para o bosque.
Apoiando seu arco no altar de pedra, Eriqwyn soltou um longo suspiro. Ela virou-se para a sarbek, agarrou a flecha que se projetava do seu flanco e a soltou. Pegando um trapo de uma algibeira em sua cintura, ela limpou a ponta da flecha e a recolocou na aljava, em seguida parou para olhar para a criatura morta. Não importa o motivo, a sarbek estava morta e, nos bosques da Colina Scapa, nada de útil deveria ser desperdiçado. Com um encolher de ombros, ela desembainhou o punhal de caça, ajoelhou-se e começou a trabalhar.
Capítulo Cinco
Complicações contratuais
Maros fez uma careta de dor enquanto se inclinava sobre o barril de hidromel Saltcoast Tan, transferindo seu peso para a perna boa enquanto dava um descanso para a arruinada. Ele agarrou a beirada de ferro do barril de cerveja, tensionou seus músculos e levantou. Com uma pegada tão forte quanto o metal nas suas mãos, ele trouxe o barril até seu peito e travou os cotovelos, segurando-o firme. Transferindo um pouco do peso para sua perna ruim, ele deu um passo para frente. Agonia disparou pela lateral da perna e ele proferiu uma maldição enquanto uma brisa soprava através do quintal da taverna, esfriando o brilho de suor na sua testa.
“Maldita perna,” ele resmungou. Houve uma época, eu poderia ter carregado este barril pelo caminho sem esforço. Agora estou me esforçando e suando como um porco fodido, sem mencionar ter de usar esta maldita carroça.
Ele sentiu um desejo repentino de chutar a roda da carroça de barris, mas se conteve; seria tolice perder a paciência enquanto levantava vinte galões da sua cerveja mais popular. Outro passo precário para frente o levou até a traseira da carroça. Ele abaixou seu fardo nas tábuas ao lado de um barril menor de Carradosi Pale e um tonel ainda menor de Redanchor Vorinsiano.
Esfregando a barriga arredondada, ele suspirou e balançou a cabeça. “É Maros, a Montanha mais do que nunca nos dias de hoje,” ele murmurou. “Amaldiçoe aquela criatura idiota conseguindo seus malditos dentes pontiagudos no meu joelho.” Ele mancou até a frente da carroça e parou para massagear o lado da perna latejando.
Se eu pudesse matar aquele lyakyn novamente, eu faria isso aqui e agora; esmagaria seus dentes e arrancaria suas mandíbulas da cara. E seria tão gratificante quanto a primeira vez. Ele suspirou e balançou a cabeça. Sim, mas nenhuma quantidade de devaneios me fará caminhar da maneira certa novamente.
Suspendendo o cabeçalho comprido da carroça, ele mancou e resmungou pelo pátio escuro até a porta dos fundos da taverna. Uma vez lá, ele começou a tarefa de arrastar os barris da carroça para o Mascate Solitário.
A taverna estava quieta. Além de um punhado de freeblades em uma das suas mesas regulares no canto da frente, apenas alguns moradores da cidade estavam espalhados por toda a sala comunal. Maros tinha permitido que o jovem garçom, Jecaiah, saísse cedo e fosse para casa, para sua esposa e ele também tinha mandado para casa algumas das atendentes. Com os barris fechados protegidos debaixo do bar ao lado daqueles atualmente em uso, Maros colocou o tonel de Redanchor