A Cidade Sinistra. Scott Kaelen
Recuando, ele fez uma careta para a parede de teias de aranha, os crescimentos fúngicos, os escombros espalhados e a poeira agitada.
Isso não é maneira de passar a vida depois da morte, ele pensou, nauseado com a perspectiva de ser deixado em um buraco para apodrecer em vez de ser queimado até os ossos. Eles eram selvagens durante os Dias dos Reis, eles realmente eram. Corpos deveriam ser queimados, tinham de ser queimados para libertar os espíritos para sua jornada para Kambesh.
Espíritos …
Um odor leve e de movo flutuou da cavidade cheia de teias de aranha. Ele estremeceu e reuniu-se com seus companheiros.
“Algo interessante?” Oriken perguntou.
Dagra lançou um olhar significativo para ele. “Nada sobre o que você queira saber.”
“Aranhas.” Oriken fez uma careta. “Se for aranhas, apenas diga aranhas. Prefiro saber do que não.”
“Não vi nenhuma aranha.”
Oriken parecia reservado. “Muito justo.”
“Mas…”
“Mas o quê?”
“Você sabe por que não há nenhuma teia de aranha aqui?”
Oriken semicerrou os olhos em antecipação as próximas palavras de Dagra.
“Creio que eu as encontrei.” Dagra empurrou um polegar por cima do ombro. “Elas estão todas reunidas naquele buraco. Assim parece, de qualquer maneira.” Oriken gemeu e Dagra deu de ombros inocentemente. “Ei, você perguntou.”
“Sim, mas há informação e há informação demais. Você não conseguiu resistir a acrescentar o mas, não é?” Oriken empurrou um dedo para ele. “Minha vez na próxima vez.”
Dagra forçou um sorriso tenso. O gracejo ajudou um pouco a combater seu atual estado de espírito.
Um pedregulho de pedra de sangue chamou sua atenção nos escombros espalhados. Ele se inclinou, pegou-o e esfregou-o na calça. Um ovalado verde escuro suave, coberto de manchas escarlates brilhantes.
Sem valor, mas uma peça bonita. Não é mais parte de um túmulo, Dagra argumentou, justificando a moralidade de pegá-lo. Talvez eu pudesse conseguir com que o ferreiro o colocasse no cabo do velho gládio. Algo para lembrar a viagem, ele pensou amargamente, enfiando a pedra de sangue no bolso da calça.
“Estas bugigangas são quase inúteis,” ele disse baixinho, “mas que tipo de ladrões comuns deixariam tantas para trás? Algum de vocês viu sinais de manipulação além desta placa?”
Oriken franziu o cenho. “Agora que você mencionou isso, não. Mas se alguém esteve aqui embaixo, eles poderiam estar atrás da mesma coisa que nós. Poderiam até ter sido freeblades. Nunca se sabe.”
Jalis balançou a cabeça. “Só que ninguém atravessou as Terras Mortas em séculos.”
“Supostamente,” Dagra disse.
Oriken deu de ombros. “Talvez nossa cliente contratou mais alguém antes de nós e este túmulo é onde eles encontraram a joia.”
Jalis chutou um pedaço de entulho. “A placa abrigava uma pedra preciosa do mesmo tamanho que as outras por aqui.” Ela lançou um olhar rápido e astuto para Dagra. “Nenhuma que vimos até agora é grande o suficiente para ser a joia que estamos procurando.”
Oriken assentiu de soslaio para a alcova. “Talvez estivesse enterrada com o corpo em vez de estar fixada ao granito.”
Jalis parecia em dúvida. “Estas pessoas se empenharam para cobrir este lugar com pedras preciosas. Qual seria o objetivo de selar a joia onde ninguém pode vê-la?”
Dagra balançou a cabeça e disse a Oriken. “Mesmo se a joia estivesse ali, você não deu uma olhada naquela teia de aranha. Está intacta. E grossa. Seja quem for que removeu a placa não se deu ao trabalho de ir mais longe. Ou, se fizeram isso, tudo aconteceu há muito tempo, como Jalis disse.”
Os olhos de Oriken eram profundezas de sombra sob a aba do seu chapéu enquanto ele arriscava um olhar para o recesso. “Dificilmente posso culpá-los por não entrar ali. Aquela teia de aranha seria algo que colocaria tudo a perder para mim também. Apenas tente me fazer arrastar para um buraco cheio de teias de aranha. Não vai acontecer. Nem mesmo por um saco cheio de dari de ouro.” Ele enfiou um polegar atrás do cinturão da espada. “Nem por todo dari em Himaera. Sem chance.”
“Deuses!” Dagra empalideceu. “Espero que a joia não esteja guardada na parte de trás de um destes buracos, com algum pobre imbecil cujo cadáver foi deixado para apodrecer e cuja alma está presa no limbo e nós temos de entrar e vasculhar…”
Jalis estalou os dedos no rosto de Dagra. “Cai na real. Continue com esta bobagem e irei ajudá-lo a agilizar uma cura para sua fobia.”
“Huh?” Dagra franziu o cenho em confusão, em seguida acompanhou o olhar dela para o buraco cheio de teias de aranhas. Ele olhou de soslaio para ela e ela assentiu enquanto ele se afastava mais do recesso. “Você não faria isso.”
Ela segurou um dedo nos lábios. “Então cale-se, Dag. Vocês dois.” Olhando de Dagra para Oriken, ela baixou o olhar para as marcas de arrastar na poeira. “Odeio mencionar, mas estou percebendo mais alguma coisa sobre estas pegadas.”
Dagra suspirou, “Há uma chance de que isso possa ser uma boa notícia para variar?”
Jalis lançou o esperado olhar sarcástico para ele.
“Vá em frente então, desembucha.”
“Você estava em alguma coisa quando disse que não vimos sinais de pilhagem. Isso me fez pensar. Se alguém esteve aqui, deveria haver pelo menos dois conjuntos de pegadas. Um conduzindo para dentro, um saindo de volta. Mas além das nossas, eu só vi um conjunto de pegadas.”
Oriken parecia cético. “Você acredita que seja quem for que esteve aqui embaixo não saiu? Que eles… o que, morreram aqui? Oh! Você quer dizer que deve haver outra saída!”
“Este foi o meu primeiro palpite. Mas se houvesse outra entrada para este lugar, não está indicado no mapa. Mas isso está além do ponto. Veja.” Ela apontou ao longo do lado mais distante dos escombros e Dagra balançou a lamparina para iluminar a área. “As trilhas param aqui,” Jalis disse sombriamente.
Era verdade, Dagra viu. A poeira além permanecia intacta. Ele esfregou um polegar na barba enquanto uma sugestão sombria começava a se instalar em sua mente. Ele olhou para Jalis com um olhar cauteloso e um aceno de cabeça. “Não diga isso.”
“Isso não era alguém descendo até aqui,” ela disse. “Foi alguém indo embora.”
“Você tinha de dizer isso, não é?”
Oriken cruzou os braços. “Isso apenas fica cada vez melhor.”
Jalis apenas deu de ombros desconsolada.
“Pelo amor dos deuses,” Dagra rosnou. “Nós estaremos nos assustando tolamente antes de sequer encontrarmos a maldita joia. Vamos apenas continuar procurando.” Ele pressionou os lábios juntos e olhou para seus companheiros enquanto sacava o gládio da sua bainha.
Oriken inclinou a cabeça e desembainhou seu sabre.
Jalis verificou as adagas em sua coxa e quadril, mas ela as deixou em suas bainhas. “Concordo,” ela disse. “Mas saber o que podemos estar enfrentando somente pode nos dar uma vantagem.”
Dagra grunhiu. “Você não vai dizer isso quando a vantagem for eu cagando na minha calça.”
Eles continuaram mais fundo na câmera funerária, fazendo uma verificação superficial em cada alcova que passavam até que eles finalmente chegaram ao final da cripta. Diante deles, um retângulo alto de granito foi colocado no centro da parede, estendendo-se do chão até mais alto do que a copa do chapéu de Oriken.