Infinitamente Meu Marquês.. Dawn Brower
que ele era horrível nessa tarefa. Ele nunca tinha sido tão grato por ser terrível em alguma coisa.
Ryan praticamente tinha sido escravo de sua madrasta desde a morte de seu pai há alguns anos. Ele não podia esperar até alcançar a idade para receber a sua herança, que seria pequena, e fazer Lady Penelope deixar sua casa. Certamente, ela tinha parentes com quem pudesse viver. Ele nunca detestara alguém tanto quanto sua madrasta e suas duas irmãs.
– Imediatamente – respondeu Ryan.
Ele começou a trabalhar, atiçando o fogo na lareira. Logo as chamas lambiam a madeira e o calor se espalhava para fora. Ryan levantou-se e passou a mão sobre as calças, deixando um rastro de cinzas e fuligem.
– Vá e se lave. Você está vergonhoso.
Ryan apertou a mandíbula com força e acenou para a madrasta. Ele não confiava em si mesmo para falar. Um estrondo ecoou pelo corredor, seguido por um berro:
– Onde estão todos nessa maldita casa?
Lady Penelope saltou de pé para sair correndo da sala, mas não deu dois passos antes que o dono do berreiro entrasse. – Aí estão todos vocês. – Ele olhou para Ryan e franziu a testa. – O que você tem sobre você?
Era o próprio duque de Ashthrone. O avô de Ryan finalmente chegara para checá-lo. Ele não esteve na casa desde a morte de seu pai. Honestamente, não entendia por que o duque o deixara com sua madrasta. Na época, tinha sido grato por isso. Seu avô não era um homem gentil e acreditava na madrasta como a melhor das duas opções. Pensou que Ryan tinha que ficar aqui até a hora de ir para Eton, mas isso não aconteceu.
– Olá, avô – Ryan cumprimentou-o. – Eu estava acendendo a lareira para as mulheres. – Ele não disse que Lady Penelope o tinha obrigado a fazer isso, pois lhe renderia várias chicotadas com seu chicote favorito. Sua madrasta tinha um lado maligno que rivalizava com qualquer entidade malévola. Por toda a sua vida, Ryan não entendia o que seu pai vira na mulher. Suas duas filhas estavam rapidamente se tornando versões em miniatura da mãe.
– É para isso que os servos são, menino. – Ele olhou ao redor da sala. – Vá buscar um. Nós vamos precisar de ajuda para o que tenho em mente.
Ryan olhou para a madrasta em busca de direção. Ele não sabia quem deveria buscar, o cocheiro? Eles não tinham empregadas domésticas ou lacaios, tinham Ryan para fazer tudo isso. Ele não tinha certeza de como seu avô reagiria à notícia de que seu neto fazia todo o trabalho sujo da casa. O duque sempre desprezou os que se encontravam em situações inferiores. Mudaria como seu avô o via? Ele esperava que não. Isso poderia não ser um bom presságio para seu futuro, se acontecesse.
– É necessário? – perguntou Lady Penelope. – O fogo já está aceso. Ryan é um bom menino cuidando de nós, e pode ajudá-lo com o que você precisa.
Ele mal se absteve de revirar os olhos. Sua madrasta era boa… Soava tão doce e inocente. Ryan sabia melhor – nada puro ou honesto vivia dentro daquela mulher.
– Suponho que sim – concordou o duque. – Eu não vou ficar muito tempo. Eu vim buscar o menino.
– Oh? – Lady Penelope disse, inclinando a cabeça. – Eu pensei que você confiasse em mim para supervisionar os seus cuidados. – Era mais como se ela não quisesse perder seu servo…
O duque olhou para ela. Aquele olhar parecia dizer: Como se atreve a questionar minhas ações? Ryan queria aperfeiçoar um olhar assim. Ele havia fechado a boca de sua madrasta mais rápido do que qualquer coisa que já havia testemunhado.
– Meu neto precisa aprender seu lugar adequado no mundo. Isso não vai acontecer aqui. Parece que meu outro filho, o marquês de Cinderbury, só tem uma filha. Sua esposa é incapaz de carregar mais filhos, o que torna esse menino o meu herdeiro. Ele vai ser um duque, um dia, e tem que entender a responsabilidade.
– Eu entendo – disse Lady Penelope. – Você precisa ir hoje?
– Sim – disse o duque, com determinação. Ele se virou para Ryan. – Você tem dez minutos para se arrumar.
Ryan não precisou ser informado duas vezes. Praticamente correu para fora do quarto e subiu para o sótão. Não havia muito que quisesse levar com ele, tinha um pequeno baú em seu quarto que continha todos os seus pertences. Sua madrasta não achava que ele merecesse um armário de verdade. Então tudo o que ele fez foi pegar o baú e arrastá-lo escada abaixo. Ele nem parou para se certificar de que estava tudo lá. Não importava se deixasse alguma coisa para trás.
Seu avô esperava por ele no foyer. De certa forma, o duque havia se transformado em um velho fada padrinho rabugento. Estranhamente, essa descrição encaixa muito bem. Embora ele não fosse tão velho quanto Ryan acreditava ‒ ele tinha doze anos ‒ e todos os mais velhos pareciam anciões.
– Isso foi muito mais rápido do que eu esperava – afirmou o avô. – Talvez você não seja uma causa perdida afinal de contas. Você era uma criança chorona na última vez que te vi.
Se o duque tivesse se dado ao trabalho de checá-lo, teria percebido que Ryan precisou crescer muito mais rápido do que qualquer garoto deveria. Primeiro, ele perdeu a mãe antes de perceber o que isso significava, e depois o pai, vários anos depois. Seu coração tinha endurecido, e duvidava que algum dia sentiria algo. As emoções levavam à mágoa, e ele não tinha utilidade para elas. Seu avô poderia ser seu benfeitor agora, mas estava longe de ser benevolente.
– Eu não preciso de muita coisa, – disse ele ao avô. – Estou pronto assim que você estiver.
Ele acenou para Ryan e eles saíram para a carruagem. Nenhum deles parou para se despedir de lady Penelope ou de suas filhas. Ryan, porque odiava todas, e o duque provavelmente nem pensou nisso. De certa forma, ele era semelhante a elas. Tinha expectativas e se asseguraria de que Ryan as alcançasse, mas pelo menos seu avô iria prepará-lo para o seu futuro. Sua madrasta queria usá-lo como escravo. Era um compromisso que ele aceitaria mais do que de bom grado, algumas coisas valiam a pena arriscar. Não que seu avô desse a ele muita escolha. Ele teria que voltar para sua propriedade e aprender tudo sobre ser um duque e esperava que não se transformasse em um velho irritadiço como ele.
A carruagem sacudiu na entrada. A minúscula casa, que uma vez significou algo para ele, ficou menor e menor à medida que a carruagem descia a estrada. Ao mesmo tempo, acreditara que poderia ter sido uma verdadeira casa para ele, com uma família que o amava. Mas, algumas coisas não eram para ser, e ele nunca teria uma mãe amorosa em sua vida. Pelo menos Penelope não teria mais controle sobre ele. Era seu passado, e ele nunca iria querer vê-la ou suas irmãs, nunca mais.
Sua madrasta poderia ficar com a sua casa de infância. Ele preferia manter distância entre eles e esquecer que existiam. Seu avô iria moldá-lo em um homem capaz de ter controle total sobre sua vida. Ryan tentou encontrar alguma parte de sua alma que permanecesse feliz e pura, mas Penelope a apagou depois que seu pai morreu. Agora, tudo o que ele podia fazer era seguir em frente e tentar ser uma pessoa melhor do que aqueles ao seu redor. Jurou que nenhuma mulher jamais teria poder sobre ele novamente…
CAPÍTULO UM
Kent 1816
A carruagem sacudiu enquanto viajava pela estrada. Sol entrava pelas janelas, destacando os assentos de veludo. Lady Annalise Palmer olhou pela janela para as várias árvores enquanto viajavam. Não que o cenário fosse particularmente de tirar o fôlego, apesar de ter algum apelo, mas porque ela não tinha certeza da recepção quando chegassem ao seu destino. Ela escrevera para sua meia-irmã, Estella ‒ a nova viscondessa de Warwick ‒ e explicou por que ela agira daquela maneira. No entanto, isso não significava que ela a perdoaria. Recebeu uma carta de Estella, convidando-a a visitar o Castelo de Manchester, mas não pôde deixar de se perguntar por que estavam em Kent, e não na propriedade de Warwick.
– Você realmente