Seduzindo Uma Princesa Americana. Dawn Brower
preferia não estar aqui — William respondeu e olhou feio para ele, obstinado. — Mas alguém tinha que acompanhar minha mãe e minha irmã. Meu pai chegará em algumas semanas, e então eu voltarei para casa. Sempre há o que fazer em Lilimar. — Ele inclinou a cabeça para o lado. — O que o traz aqui? Enfadado com a Inglaterra?
De certa forma, sim, e isso dava a ele a perfeita desculpa para explorar o que a América tinha a oferecer.
— Estive em todos os lugares no meu Grand Tour. Meu pai pensou que seria bom para mim ver como eram as coisas na América. — Julian deu de ombros. — Duvido que eu vá fazer algo que adicione ao meu caráter. — O pai não estava ciente da tendência que ele tinha de trabalhar como espião, e Julian pretendia deixar as coisas como estavam. Agir meio que como um patife servia muito bem para a personalidade que ele queria mostrar para o mundo. — Você conhece algum bom clube de cavalheiros por aqui?
— O Player’s Club logo depois da esquina, no 16 da Gramercy South — William respondeu. — Só permitem a entrada de membros.
Julian estreitou os olhos e perguntou:
— Isso significa que a minha entrada não será admitida? — Parecia exatamente o tipo de lugar onde ele deveria entrar. A elite de Nova Iorque provavelmente estaria ali.
William sorriu.
— Não exatamente. — Ele apontou para o caminho que conduzia ao clube. — Acontece que eu sou membro. Venha comigo, avalizarei a sua admissão. Embora, devo adverti-lo, há uma taxa de adesão bem cara, mas valerá a pena caso você queira privacidade. Venho a Nova Iorque muito mais do que gostaria, e me juntar ao clube foi uma necessidade. — Ele suspirou. — Estava indo para lá quando o vi. Minha irmã testa a minha paciência. Preciso fugir um pouco dela.
Aquilo lhe pareceu uma abertura para discutir sobre as propensões de Brianne. Mas, em vez disso, ele decidiu por uma abordagem levemente diferente.
— Entendo. Minha irmã é difícil em um dia bom. — Ele enfiou as mãos nos bolsos enquanto caminhavam. — Tive um breve encontro com a sua na Penn Station. Ela não estava inclinada a aceitar a minha ajuda.
William revirou os olhos e disse em um tom desgostoso:
— Ela acredita que sabe o que é o melhor sobre tudo e não ouve a voz da razão. Se ela tirasse a cabeça das nuvens por tempo o suficiente para realmente ver o mundo à sua volta, ela talvez não tivesse se separado de nós depois que saímos do trem. Foi pura sorte a termos encontrado relativamente rápido.
Não rápido o bastante, já que ela teve tempo para um tête-à-tête com Alice Paul… Esperaria para abordar aquele assunto com William em outra dia. Por agora, ele garantiria sua entrada no clube e iria explorá-lo.
— Conte-me sobre o Player’s Club — Julian o encorajou.
— Foi fundado em 1888 por Edwin Booth — William começou. — Ele queria usar o clube como uma forma de apagar a mácula do sobrenome. O irmão mais novo dele era John Wilkes Booth.
— Ah — Julian respondeu. — O assassinato de um presidente faria o nome de qualquer um ser menos que desejável…
— Eu não queria ser ele. Se eu tivesse um irmão, e ele tivesse feito algo tão estúpido, e se ele não tivesse sido rastreado e alvejado pelos soldados da União, eu mesmo teria atirado nele.
— Que bom que você nunca terá que se pôr à prova. Não é possível que alguém tente replicar essa estupidez. — Julian riu baixinho. Ele nunca tentaria um assassinato daquela magnitude, mas entendia por que alguém aborrecido com quem estava no poder podia ser tolo o bastante para ao menos tentar. — Mas sua irmã pode se provar a desgraça da sua existência.
— Verdade — William concordou. — Eu a amo, mas ela é uma senhora megera.
Eles viraram a esquina e seguiram para o Player’s Club. William abriu a porta e fez sinal para ele entrar. O salão principal tinha uma imensa lareira de mármore com sofás borgonha como ponto focal bem na frente dela. Eles eram flanqueados por um par de cadeiras iguais. Uma escadaria ali perto tinha sido enfeitada com um tapete vermelho e felpudo. O que Julian presumiu ser o salão de jantar era à esquerda da parte de trás da escadaria. Uma longa mesa com ao menos vinte assentos a rodeava. Várias peças de arte estavam penduradas nas paredes.
— Este é um lugar bastante opulento… — ele apontou para uma pintura. — Isso não é um… — Ele apontou para a pintura de flores rosas e brancas dispostas em um vaso. Podia ser um Van Gogh ou um Monet, mas Julian não tinha certeza.
William deu de ombros.
— Não entendo muito de arte. Embora Mark Twain costumasse frequentar este lugar. Acho que um dos manuscritos originais dele está exposto. Não tive a oportunidade de olhar muitos dos itens que eles têm aqui.
Interessante…
— Este é um clube para artistas?
— Em grande parte — William confirmou. — Há outros que não são exatamente artistas, mas que inventam coisas.
Ele não tinha certeza do que aquilo significa.
— Explique, por favor.
— Nikola Tesla é um membro — William ofereceu.
Julian não estava familiarizado com o trabalho do físico, mas já tinha ouvido o nome antes. Um cientista não era um artista, mas eles realmente exploravam as possibilidades do mundo.
— Eu preciso ter algum tipo de dom para poder me tornar um associado?
— Eu não tenho — William disse. — Eles têm uma variedade de artistas, para falta de uma palavra melhor, e pessoas da classe alta. É o jeito do Player’s Club de manter os canais abertos para indivíduos em necessidade e manter a genialidade deles.
Este Player’s Club ia ser muito mais interessante do que pensara de início…
— Nesse caso… — Ele apontou para William. — Leve-me à pessoa com a qual preciso falar sobre minha filiação.
Não levou muito tempo para convencer os patronos a considerarem sua filiação. Eles não podiam admiti-lo na hora, teria que ir à votação, mas os associados mais importantes não achavam que seria um problema. Eles gostavam da inclusão do filho de um duque em seus registros. Julian gostava da piscina de informações na qual seria capaz de mergulhar. Era muito melhor do que o que podia esperar. Se o restante da visita a Nova Iorque fosse assim tão boa, ele poderia ser capaz de voltar para casa mais cedo que esperava, e talvez conseguir uma missão melhor no processo.
Essa missão não tinha sido o tipo que queria aceitar, mas sentia que precisava. Se queria fazer um nome para si mesmo, ele tinha que tomar os passos necessários para mostrar ao alto escalão que poderiam contar com ele, não importa o quanto a missão pudesse ser desagradável. Ele foi enviado a Nova Iorque porque queriam alguém lá para ficar de olho nos esforços das sufragistas.
A Inglaterra enfrentava os próprios problemas no que dizia respeito ao direito das mulheres, e era prudente que entendessem o que estava acontecendo em outros lugares. Alice Paul era uma americana que tinha se envolvido com as Pankhurst na Inglaterra, e foi isso que chamou a atenção do governo. Parte da sua missão era assegurar de que ela não voltasse. A última estadia dela na cadeia não tinha sido… agradável. É claro, aquilo era um eufemismo para o que ela tinha passado. Por causa da própria obstinação dela com a causa, ela poderia ter morrido de fome, e eles foram forçados a alimentá-la contra a própria vontade. Felizmente, ela tinha sobrevivido e voltado para casa. Desde que a mulher ficasse onde pertencia, ela não voltaria a ser um problema para a Inglaterra.
Mesmo Alice Paul sendo parte da sua missão, ela não era a totalidade. Ele não a seguiria por aí e a espionaria. Seria estranho se fizesse isso. Ele era da aristocracia, e seria fácil para ele se infiltrar na sociedade de Nova Iorque. Faria sua parte ao parecer um cavalheiro de posses, e em seu tempo livre, ele bisbilhotaria o movimento das sufragistas. Provavelmente também