Seduzindo Uma Princesa Americana. Dawn Brower

Seduzindo Uma Princesa Americana - Dawn Brower


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Pouca coisa — respondeu William. — Nós agradecemos por todas as bênçãos que recebemos no último ano e então fazemos um banquete.

      — É claro — disse Julian com reserva. Ele deveria estar grato por alguma coisa, mas por tudo o que é mais sagrado, naquele momento, ele não podia pensar em nada em particular.

      — Vamos nos juntar à família. Levará mais alguns minutos até o banquete de Ação de Graças ficar pronto. Uma criada virá avisar quando for servido.

      Eles foram até onde os pais e a irmã de William estavam. Randall Collins tinha se sentado ao lado da esposa. Aquilo deixava disponível a outra cadeira e o lugar ao lado de Brianne. William se sentou na cadeira antes de Julian, e ele o amaldiçoou em pensamento. Não queria se sentar ao lado de Brianne. Ele gostava das conversas que tinham, mas também não queria encorajá-la. William tinha mencionado que ela estava procurando marido e Julian não queria cair naquela armadilha em particular. Tinha planos para a vida, e eles não incluíam uma esposa. Era o irmão que esperavam que casasse, já que ele herdaria o título. Julian tinha mais opções, e ele pretendia explorar todas elas.

      Ergueu o copo de brandy e deu um bom gole. Machucou como se ele estivesse engolindo uma pedra, arranhando a garganta sensível. A queimação veio logo em seguida, aguilhoando as feridas abertas. Uma nova litania de imprecações invadiu a sua mente, e ele mal conseguiu contê-las. Lágrimas ameaçavam escorrer do canto de seus olhos, mas, por algum milagre, ele conseguiu segurá-las. Colocou a copo sobre a mesinha, farto daquele líquido demoníaco.

      Julian olhou para o assento vazio, debatendo se seria falta de educação ficar de pé. Ele olhou por tanto tempo que poderia muito bem ter ficado de pé.

      — O senhor acha o fato de se sentar ao meu lado desagradável ou se objeta aos sofás por princípio? — É claro que seria Brianne a notar sua posição vertical e a fazer um comentário.

      — Nenhum dos dois — negou. — Não quero me sentar no momento. — Uma péssima desculpa, mas não tinha pensado em mais nada.

      — Uhummm — ela murmurou.

      Ele abriu a boca para responder, mas Julian foi poupado de ser ainda mais grosseiro quando a criada entrou. Uma mulher pequeninha com o cabelo louro quase branco e queixo pontudo chegou ao cômodo. Ela tinha um sino de prata na mão. Ela o tocou e anunciou:

      — O jantar está servido.

      — Essa é a nossa deixa — William disse.

      Como se Julian precisasse daquela explicação… ele segurou o impulso de revirar os olhos. Por pouco. Em vez de fazer um comentário sarcástico, ele saiu do cômodo logo atrás da família. Os lugares tinham sido dispostos à mesa. Havia seis acentos com plaquinhas em cada um deles. Na cabeceira estava o nome de Randall Collins. À direita dele, o da esposa, Lilliana e à esquerda, o de Brianne. William tinha sido colocado ao lado da mãe, o que deixava Julian ao lado de Brianne. Ele quis gemer. Não, ele queria dar meia-volta e ir embora. Que tolo tinha sido ao aceitar aquele convite. Agora ele não tinha outra escolha a não ser ter alguma conversa com Brianne.

      Com muita relutância, ele puxou a cadeira e se sentou. Os criados os serviram com peru recheado, cebolas cozidas, ostras no xerez, arando em conserva e batatas doces. Julian comeu, mas não prestou atenção em nada do que colocou na boca. Não saboreou nenhum dos pratos, então o que consumia não fazia nenhuma diferença.

      — O senhor deve gostar bastante de cebola — disse Brianne com a voz divertida.

      Julian olhou para o prato. As cebolas dela não tinham sido tocadas, mas ele tinha conseguido comer cada uma das dele.

      — Estão deliciosas. — O que mais poderia dizer? — A senhorita não gosta delas?

      Ela enrugou o nariz em desgosto.

      — Eu as odeio. Se não fosse falta de educação, eu colocaria as minhas no seu prato, feliz, e deixaria que as comesse por mim.

      — Eu ainda posso — respondeu ele. Ele ergueu o garfo para ela. — Seria bastante fácil tirar o conteúdo do seu prato.

      Os lábios de Brianne se inclinaram em um sorriso travesso.

      — Eu o desafio. — A diversão praticamente dançava nos olhos dela. Ele nunca a tinha visto feliz desse jeito, e a visão dela era de tirar o fôlego. Isso lhe deu vontade de fazer exatamente o que sugerira. Se isso trouxesse aquele lado dela à tona…

      — Eu não deveria… — Ele olhou em volta da mesa. William estava em uma profunda discussão sobre equipamentos agrários com o pai. A Sra. Collins estava falando com uma das criadas. Julian não podia ouvir o que ela estava dizendo e não se importava muito. Nenhum deles parecia estar prestando atenção em Julian e Brianne. Não tinha certeza do que achava daquilo.

      Ela suspirou.

      — Eu deveria saber que o senhor não teria coragem de afrontar o decoro. O senhor, lorde Julian, é empertigado por demais.

      Sem pensar, ele ergueu a mão, pegou uma pilha de cebolas do prato dela e as enfiou na boca. Mastigou-as e então as engoliu antes de ela ter a oportunidade de falar. Só que ela não fez isso… Brianne caiu em um gargalhada que parecia ecoar por toda a sala.

      Ele fez uma reverência com a mão na frente de si.

      — Ao seu serviço, milady — disse Julian em tom de gracejo.

      Brianne secou uma lágrima do canto do olho com o guardanapo.

      — Retiro tudo o que já disse sobre o senhor. O senhor não é tão ruim quanto eu pensava. — Ela colocou o guardanapo sobre a mesa. — Eu talvez até mesmo sinta a sua falta enquanto estivermos na Inglaterra.

      Ele franziu as sobrancelhas.

      — Perdoe-me… a senhorita disse Inglaterra? Vocês estão deixando Nova Iorque? — O coração foi quase parar no estômago, e ele não entendeu por que aquelas notícias o deixaram tão alarmado.

      — Sim — respondeu ela. — Partiremos amanhã em um dos navios a vapor da RandCo. O Natal é uma ocasião importante na nossa família. É tradição nos reunirmos por toda a temporada. Vamos para lá todos os anos após a Ação de Graças e ficamos uns dois meses. — Ela inclinou a cabeça para o lado. — O senhor não sabia? Pensei que William tivesse dito.

      Agora que tinha tempo para pensar naquilo, a maior parte das vezes que se encontrou com William tinha sido durante os meses de dezembro e janeiro. Ele nunca tinha feito a conexão antes. Aquilo não fazia dele um bom espião, mas, em sua defesa, William nunca tinha sido seu objeto de avaliação antes. Mas todos aqueles detalhes o fizeram avançar e prestar atenção. O que mais estava perdendo, e o que teria que fazer para melhorar sua capacidade de observação?

      — Seu irmão e eu temos coisas muito mais interessantes a discutir que os seus planos de viagem. — Ele pegou o próprio guardanapo e deu batidinhas nos cantos da boca. Mais para ter algo a fazer do que qualquer outra coisa. — Espero que façam boa viagem. — Parte dele estava com inveja. Ele tinha gostado da ideia dessa missão e de viajar para lugares em que nunca tinha estado, mas também queria voltar para casa.

      — Já que não estaremos aqui — Brianne começou. — Tenha um ótimo Natal. — Ela colocou a mão na dele. — Espero que o senhor não fique sozinho.

      — Ficarei bem — ele a tranquilizou. Por que ela estava tão preocupada por ele ficar sozinho no feriado? Seu coração saltou no peito por um breve momento. Ela se importava com ele? Por que aquilo importava? Julian não queria avaliar o que sentia por ela. Temia que talvez não fosse gostar do que descobrisse. — Não será a primeira vez que me encontro em tal situação.

      — Ainda assim…

      — Não se preocupe comigo, princesa. Eu posso cuidar de mim. Aproveite a estadia na Inglaterra. — Naquele momento, ele quis escapar mais que nunca. Odiava aquele olhar de pena nos olhos dela.

      — Isso pode ser verdade


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