A Baía Kismet. Dawn Brower

A Baía Kismet - Dawn Brower


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corpo e ele relanceou os olhos dela. Sua cor era do oceano ao meio dia. Seu cabelo não era um marrom comum. Luzes vermelhas percorriam as mechas cor de chocolate e quase cintilavam na luz do sol. Ela era deslumbrante…

      “Não foi nada.” Ele retirou a mão dela de seu peito. O toque dela causou algo nele, que ele não sabia se gostava ou não. “Vou ficar bem.”

      “Holly?” Gabriel ficou ao lado dele. “O que está acontecendo?”

      Ela olhou para Gabriel. Seus lábios assumiram uma curva ascendente criando o sorriso mais estonteante que Nicholas jamais viu. Era como levar um soco no meio do peito, do nada. Na parte que já ardia da queimadura feita pelo café dela. O que ela tinha que o fazia sentir coisas que ele nunca sentiu na vida? Ele não queria que essas emoções o perpassassem e ele queria colocar uma distância entre os dois.

      Ela passou por Nicholas e abraçou Gabriel. Holly deu um passo para trás e quase esbarrou em Nicholas novamente. Ele estendeu os braços e a estabilizou antes que ela perdesse o equilíbrio. Ela olhou para ele e disse, “Me desculpe. Juro que normalmente não sou tão desajeitada.”

      “Tudo bem”, ele respondeu de forma áspera.

      Holly voltou sua atenção para Gabriel. “Eu ouvi falar de sua lesão”. Ela balançou as mãos de forma agitada. “Bom, nós assistimos acontecer. O pessoal de esportes só falava sobre isso. Não perdemos nenhum jogo dos Runaways.” Ela desviou o olhar de Gabriel e encarou a manga de seu casaco, então começou a mexer em fiapos imaginários ou talvez um fio solto. Nicholas não pareceu entender o que ela estava tentando fazer. “Quero dizer, a família toda...” Holly falou isso como se sua última frase esclarecesse tudo. Claramente não esclareceu nada para Nicholas.

      Mas não pareceu perturbar Gabriel. Ele assentiu com a cabeça e deixou que ela agisse de maneira atordoada. “Como está Ivy?” ele perguntou. Isso aguçou a curiosidade de Nicholas. Quem diabos era Ivy?

      “Hm...” Holly olhava para tudo exceto para Gabriel. “Ela está bem.” Bem bem. Você não precisa se preocupar com ela.” Ela colocou as mãos no bolso e retirou seu telefone. “Preciso ir, se me der licença. Já que você está na cidade, deveria participar do Tour do chocolate quente. Será divertido.” Com essas palavras, ela escapou deles e entrou no que parecia ser uma loja de flores. Que tinha um nome igualmente peculiar — Flores do Destino. Qual era a desses estabelecimentos nessa cidadezinha provinciana?

      “Tour do chocolate quente?” Nicholas levantou uma sobrancelha.

      “Não precisamos participar se você não quiser. Nós compramos uma caneca do Papai Noel em uma das lojas e então podemos provar todos os diferentes tipos de chocolate quente oferecidos nas lojas.” Gabriel deu de ombros, indiferente. “Os lucros são direcionados à organização local de caridade que auxilia as famílias necessitadas da comunidade. A família Strange administra a caridade quase desde a fundação da cidade. É uma tradição.”

      “Família Strange?” Se ele continuasse levantando a sobrancelha logo ela sairia voando de sua testa para sempre. “Isso é um eufemismo ou é o nome verdadeiro deles?”

      “Eu nunca inventaria algo assim.” Gabriel deu um tapinha no ombro dele. “Os Stranges são praticamente donos da cidade. O prefeito…” Ele lançou o olhar para a loja de flores para onde Holly tinha desaparecido. “Holly é uma deles.”

      “E essa Ivy misteriosa também?” Nicholas não conseguia segurar sua curiosidade. Seu amigo não demonstrava interesse em mulheres perto dele a não ser por sexo casual ocasional, e isso acontecia raramente.

      Gabriel suspirou. “Sim, e percebo que você tem perguntas. Você está interessado na Holly. Se quiser aprender sobre os Stranges então teremos que participar do Tour. Confie em mim. Todos eles participarão de alguma forma. Ele gesticulou em direção ao amigo. “Vamos lá, vamos entrar em uma loja e comprar nossa caneca de Papai Noel. Todas elas terão canecas.”

      Nicholas se entregou e fez o que Gabriel estava sugerindo. O que mais ele teria pra fazer nessa cidadezinha mesmo?

      CAPÍTULO TRÊS

      Holly levou as flores-de-natal para a Travessa do Feliz Acaso e as colocou no balcão. Ivy deveria estar na sala dos fundos pois não estava no balcão da frente. Não havia clientes e o sino a teria alertado sobre a entrada de Holly. Ela deveria aparecer a qualquer momento para ver se alguém precisava de sua ajuda. Holly encarou a porta e deu uma mordidinha no seu lábio inferior. Sua irmã não ficaria feliz com o fato de seu ex-namorado ter voltado para a Baía Kismet.

      Gabriel foi o amor da vida dela mas ele a abandonou pela promessa de fama e fortuna. Agora ele estava lesionado e talvez nunca voltasse a jogar futebol americano profissionalmente. Ela não queria mencionar isso a Gabriel. Deveria ser um ponto nevrálgico para ele. Ela deveria ter questionado o motivo de seu retorno e por quanto tempo planejava ficar. Se o amigo dele não tivesse mexido com algo dentro dela, ela teria perguntado. Ela nem tinha se preocupado em descobrir seu nome. Para ver como ele mexeu com sua cabeça. Holly ainda não acreditava que ela derramou café nele. O que aquele cara pensava sobre ela?

      “Ah”, Ivy disse quando veio ao balcão. “É só você. O tour já começou?”

      “Sim”, ela respondeu. “Essas são as canecas do Papai Noel?” Cada loja possuía um estoque limitado para vender para os participantes. As canecas permitiam o acesso ao chocolate quente oferecido em cada loja. Todos podiam beber tanto chocolate quente quanto aguentassem. “Por que você já não as arrumou? Eu achei que você faria isso enquanto eu estava fora.” Ela deveria ter ficado e desistido do café. “Deixa eu ajudar você.”

      “O que está acontecendo com você?” Ivy franziu o cenho. “Você está agindo estranho.”

      “Eu estou bem.” Ela começou a trabalhar silenciosamente e colocou as canecas em filas arrumadas na prateleira atrás do balcão. A maior parte de seu chocolate quente estava em uma grande panela na sala de trás, mas elas colocaram um pouco em um pote em um balcão próximo. Clientes que já tinham suas canecas podiam entrar e se servir. Os que precisavam da caneca do Papai Noel podiam vir ao caixa e comprá-la.

      “Você esteve fora por bastante tempo. Por que demorou tanto?” Ivy pegou as flores-de-natal e as levou para a vitrine. Ela as arrumou em cada lado de uma pintura comissionada por um artista local. Frequentemente exibiam obras de artistas locais e os ajudavam a vendê-las. A Travessa do Feliz Acaso ficava com uma pequena porcentagem da venda.

      “Eu tive um pequeno contratempo na frente da Poção da Bruxa.” Holly não olhou Ivy nos olhos. Ela ainda estava envergonhada de ter derramado café no homem bonitão em quem esbarrou. Ela nunca havia visto um homem mais atraente. Seu cabelo era escuro como o céu noturno e seus olhos azuis também eram tão escuros que quase pareciam pretos. A careta que ele fez os escureceu mais ainda. Ele não era jogador dos Runaways. Ela ficou se perguntando como Gabriel o havia conhecido.

      “Ah é? É só isso que você vai falar?”

      Holly foi salva pelo gongo ou, nesse caso, pela abertura da porta da loja, enquanto participantes do tour entravam. Todos já tinham suas canecas, então ela os direcionou para a versão da Travessa do chocolate quente. Ela torceu para que eles gostassem…

      “O que você está olhando?”, um homem a questionou. Ela quase morreu de susto. Como diabos eles tinham conseguido surpreendê-la? Com tanta gente entrando e saindo da loja era fácil o bastante fazer isso. Especialmente porque ela estava perdida em seus pensamentos.

      Holly se virou para encontrar seu olhar. “Olá, novamente.” Onde estava Gabriel? Ele não deveria estar fazendo o tour com seu amigo? Ela examinou a loja procurando por Ivy, mas não a encontrou. Onde ela tinha se metido? Se ela soubesse que Gabriel estava na cidade, daria um piti. Ela ainda o amava. Holly não acreditava que ela não o amasse, mas existe uma linha tênue entre amor e ódio. Gabriel a havia ferido profundamente e Ivy carregava as cicatrizes abertas.

      “Acho


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