Casamento por conveniência. Emma Darcy

Casamento por conveniência - Emma Darcy


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se aproximava do grupo levando o filho pela mão, ela experimentava intensos arrepios e temia que todos pudessem ouvir as batidas do seu coração. Nunca vira homem mais belo! Grande e forte, ele possuía um ar de autoridade insuperável, como se fosse capaz de lidar com tudo o que surgisse no seu caminho. Definitivamente um rei, comparado a outros da sua espécie.

      Ele sorriu para Marco, e o sorriso transformou os ângulos duros do seu rosto. Os olhos brilhavam para o seu filho, olhos surpreendentemente azuis, em contraste com a pele morena e os cabelos negros típicos da sua origem italiana. Os olhos claros deviam ter sido herdados do pai. De qualquer maneira, eles acrescentavam um carisma ainda maior à presença imponente de Alex.

      Gina devia ter-se dirigido à ponta da mesa ocupada por Isabella, mas, sem pensar, atraída de forma magnética pela beleza perfeita de Alex King, caminhou na direcção oposta. Ele levantou-se para cumprimentá-la, e nesse momento Gina teve consciência do quanto era alto e forte. A sua cabeça mal conseguia alcançar a altura dos ombros largos.

      – O meu neto, Alessandro – apresentou-o Isabella de onde estava. O sorriso benevolente aliviou a tensão e o temor de Gina. Pelo menos não fora rotulada de mal-educada ou grosseira. – E a noiva dele, Michelle Banks.

      Gina assentiu e sorriu. A resposta foi um sorriso gelado formado por lábios carnudos e pintados de vermelho brilhante. A beleza da mulher era quase desmoralizante! Loura, usava os cabelos presos num carrapito clássico, realçando assim o rosto harmonioso e os olhos verdes e amendoados. O pescoço gracioso separava a cabeça de um corpo esbelto como o de uma modelo.

      Ela usava uma camisola de tecido elástico e gola alta, e as cores vibrantes da estampa contrastavam com as calças pretas de cintura baixa. Um traje perfeito para mulheres de seios pequenos, ancas estreitas e curvas modestas.

      Gina sentiu-se gorda. O que era uma estupidez, porque nunca fora sequer roliça. Tinha proporções diferentes das de Michelle Banks, certamente, mas era só isso. Então, por que o argumento não amenizava o peso que se instalara no seu coração? Aquele era o tipo de mulher com quem Alex King pensaria em casar. Com quem se casaria.

      – Gina Terlizzi e o seu filho, Marco – Isabella concluiu as apresentações.

      – É um prazer conhecê-los. – O tom profundo e sonoro provocou um arrepio nas costas de Gina. – Os Terlizzi sempre foram uma família de muito respeito. Continuam no ramo dos barcos pesqueiros?

      – Quase todos os homens da família, pelo menos – respondeu ela, surpreendida por descobrir que Alex os conhecia.

      Há muitos anos, o pai dele, Robert King, tinha financiado o início do empreendimento dos Terlizzi. O seu bisavô, Frederico Stefano Valeri, iniciara a tradição de oferecer financiamentos a imigrantes italianos interessados em estabelecer os seus negócios naquela região, onde os bancos se negavam a ajudá-los. Todos sabiam que os King estavam sempre dispostos a ouvir e discutir uma boa proposta, mesmo quando todas as instituições financeiras se negavam a considerá-la. A decisão final era tomada a partir da capacidade de sucesso do empreendedor, não nas garantias que ele podia oferecer, e ninguém jamais deixara de saldar as suas dívidas com os King.

      – Tu és a viúva de Angelo, não? – indagou Alex em tom simpático.

      Ela assentiu, atónita por ele conhecer também o nome do seu marido.

      – Lembro-me de ter lido alguma coisa sobre ele ter ido buscar um navegante solitário cuja embarcação encalhou nos recifes.

      – Uma tempestade surpreendeu-o no caminho. Os dois pereceram – contou Gina com a voz embargada pela emoção.

      – Um homem corajoso. E uma perda dolorosa para ti e para o teu filho. Espero que a tua família esteja a cuidar bem de vocês.

      – Oh, sim, muito bem.

      – Que bom. A minha avó contou-me que vieste para cantar. Não queres uma bebida antes do teste? Por favor… – Apontou para as cadeiras vazias do outro lado da mesa, diante da sua noiva. – O que preferes? Vinho, sumo de fruta, água…?

      – Água, obrigada.

      – E tu, Marco?

      – Sumo, por favor.

      – Apenas meio copo, por favor – pediu Gina ao sentar-se. – Ele acaba sempre por entornar o líquido de um copo cheio.

      – Entendo.

      – É cantora profissional? – perguntou Michelle Banks.

      – Canto em alguns eventos, coisas como casamentos, baptizados e outras festas, mas não posso dizer que vivo da minha música.

      – Presumo que se tenha preparado de alguma forma – a mulher insistiu.

      – Sim, fiz aulas de canto e participei de alguns concursos ao longo dos anos. Sempre consegui colocar-me entre os três primeiros qualificados.

      – Então, por que não tenta a carreira artística?

      – Nem todas as mulheres põem a carreira em primeiro plano – interferiu Isabella com tom seco.

      Michelle encolheu os ombros.

      – Se a sua voz é realmente boa, considero um desperdício não tirar proveito dela.

      Porque é que a noiva de Alex sentia necessidade de colocá-la em evidência com as suas perguntas persistentes? Michelle tinha tudo o que outras mulheres podiam invejar, inclusive o homem que colocara um anel de noivado no seu dedo.

      – Não era o tipo de vida que eu queria – respondeu Gina com sinceridade. – Quanto a ter uma boa voz – olhou para Isabella, – estou aqui para que a senhora King possa julgar se correspondo aos seus requisitos.

      – E eu estou ansiosa para ouvi-la – afirmou a mulher com um sorriso animador. – Se canta mesmo como ouvi na cassete… – Isabella olhou para o neto. – Talvez queiras contratá-la para cantar no teu casamento, Alessandro.

      Silêncio. Desconforto. Gina percebeu que a tensão que pairava sobre a mesa era anterior à sua presença. Quieta, sorveu alguns goles do copo de água e esperou pelo desfecho da situação.

      Michelle Banks olhou para o noivo como se exigisse o seu apoio. Ele moveu-se na cadeira com evidente desconforto, mas havia paciência nos seus olhos.

      – Nonna, já discutimos esse assunto. Michelle quer um harpista, não uma cantora.

      – Já sei o que ela quer. E tu? Não tens vontade própria?

      – O dia é da noiva.

      – É essa a tua opinião, Michelle? Também achas que a cerimónia de casamento pertence apenas à noiva e que o noivo deve concordar com todos os seus desejos?

      Michelle sorriu com frieza.

      – Alex também gostou da ideia do harpista.

      – Não acredito que uma harpa ou qualquer outro instrumento musical possa gerar o calor e a emoção proporcionados por uma voz humana.

      – É uma questão de gosto. A harpa é muito elegante.

      – Realmente. No entanto, creio que mesmo numa ocasião elegante e requintada deve haver espaço para demonstrações de afecto. Especialmente se a ocasião for um casamento. Afinal, trata-se de uma celebração de amor, não? – Virou-se para Gina sem esperar pela resposta. – Pronta para cantar?

      – Quando quiser, senhora King. – Pegou na mala. – Trouxe uma fita com o acompanhamento necessário. Existe algum equipamento no salão de baile, ou…?

      – Oh, sim, temos todo o equipamento necessário. Alessandro ligará o sistema de som e providenciará o controlo remoto para que possa parar a cassete entre uma canção e outra.

      Gina sentiu o coração oprimido. Ele também estaria presente? Notou uma linha de aborrecimento na testa de Michelle, mas limitou-se a agradecer.

      – Será um prazer –


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