Trabalho e prazer. Sandra Marton

Trabalho e prazer - Sandra Marton


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Samantha!

      Rafe chamara-a com aquela pronúncia brasileira adorável. Sam respirou fundo e virou-se para ele.

      – Rafe, a festa está muito boa – Sam sorriu, colocou-se nas pontas dos pés e beijou o seu cunhado no rosto.

      – Foi Carin quem preparou tudo – replicou ele, orgulhoso.

      – Fez um bom trabalho.

      Rafe concordou. Depois, pôs as mãos nos bolsos das calças e aclarou a garganta.

      – Bom, conheceste alguém interessante?

      «Voltámos ao mesmo», pensou Sam.

      – Não pode ser. Tens milhares de convidados e é impossível conhecer alguém aqui.

      – Não, claro que não. No entanto, se quiseres posso apresentar-te algumas pessoas.

      Sam ficou a olhar para o seu cunhado e, de repente, viu que se ruborizava.

      – Rafe, não quero conhecer Demetrios Karas.

      – Carin acha que…

      – Carin não tem que achar nada – Sam sorriu. – Gosto da vida que levo, estou a falar a sério.

      O seu cunhado pareceu aliviado.

      – Eu sei, tentei explicar-lhe isso, mas…

      – Não lhe disseste nada, pois não? Refiro-me a Karas.

      – Não, claro que não – replicou Rafe.

      – Está bem – Sam pestanejou. – Porque não gostaria nada de me sentir como um artigo de mercadoria… se de repente tiver vontade de o cumprimentar.

      – Mas não acabaste de dizer que… ?

      – Disse que não o quero conhecer, mas referia a conhecê-lo como a um futuro candidato ao casamento – Sam baixou a voz. – A verdade é que seria um bom marido.

      – Demetrios concordaria contigo nisso – replicou Rafe, com um sorriso.

      – Mas não me importava de me divertir um pouco…

      – Samantha!

      Sam riu.

      – Estava a brincar.

      Claro que era a brincar.

      – Se não te importas, vou ver onde está a minha mulher – declarou Rafe.

      Samantha sorriu.

      – Claro que não me importo. Se vires Carin, poderias dar-lhe um recado da minha parte? Dizer-lhe que apesar da festa estar muito boa, estou muito cansada e vou para a cama?

      – Não te preocupes que eu digo-lhe – Rafe deu-lhe um beijo na testa. – Boa noite, Sam – disse em brasileiro.

      – Boa noite, Rafe.

      Ia fazer mesmo isso. Ia entrar em casa e subir para o seu quarto. Até àquela altura comportara-se como uma adolescente tentando evitar Demetrios Karas. Já tinha o suficiente. Precisava de dormir e era isso que ia fazer.

      Sam alisou o cabelo, levantou o queixo e, adoptando um sorriso educado, entrou na sala…

      E foi ao encontro de Demetrios Karas.

      Capítulo 2

      Era uma bela mulher, com o cabelo da cor do Outono e com uns profundos olhos verdes, da cor do mar. Demetrios reparara nela ao entrar.

      Era a imagem da feminilidade envolta em seda verde, num tom mais claro do que o dos seus olhos. Vestia uma blusa curta e justa nos seios e umas calças largas. Normalmente, não gostava de mulheres que usavam calças, mas naquele caso…

      Preguiçosamente, fitou-a de cima abaixo.

      Aquelas calças eram diferentes, chegavam-lhe por debaixo do umbigo. As sandálias, que também eram verdes, eram feitas de tiras finas e tinham saltos de agulha.

      Só um santo é que não a teria imaginado vestida só com as sandálias e talvez com um pouco de renda. E claro que ninguém o consideraria para a canonização.

      Não se surpreendera ao imaginá-la daquela maneira, o que o surpreendera, no entanto, fora a rápida reacção do seu corpo.

      Porque é que estava tão afastada de todos? A música tocava e as pessoas conversavam e riam. A festa de Rafe era um sucesso e, no entanto, ela mantinha-se à margem. Estava no terraço, perto da porta, como se não soubesse se queria ficar ou ir-se embora, com um copo na mão e uma expressão indecifrável. Estaria aborrecida? Indiferente ao que acontecia à sua volta? Fosse o que fosse, todos os homens teriam olhado para ela se não fosse a sua postura.

      «Não te aproximes», parecia querer dizer. «Não estou interessada».

      No entanto, Demetrios não acreditava que tivesse ido sozinha à festa. Não teria acompanhante? Cada vez que olhava na direcção do terraço, via-a sozinha.

      A única maneira de obter resposta àquela pergunta seria perguntar-lhe directamente.

      Demetrios desculpou-se com quem estava a falar e começou a dirigir-se para ela, mas não conseguiu ir muito longe, conhecia muitos dos convidados…

      A ruiva do terraço não parecia o género de mulher que permanecesse com um homem quando a paixão já tivesse acabado… mas talvez isso fosse uma ilusão. A experiência ensinara-o que as mulheres eram incapazes de desfrutar o momento sem tentar transformá-lo em algo duradouro.

      No entanto, agradava-lhe imaginar aquela possibilidade. A mulher perfeita, tão bela e especial como uma orquídea e tão auto-suficiente como um cacto.

      Infelizmente, aquele género de mulher não existia. As mulheres ou eram belas ou eram fortes. Não parecia haver maneira de combinar aquelas duas qualidades e, dado que ele era um homem que preferia a beleza à durabilidade, as suas relações acabavam sempre mal.

      Embora fosse só por uma vez, Demetrios pensou que gostaria de conhecer uma mulher independente, uma mulher que admitisse os seus desejos com honestidade e sem manipulações.

      De repente, sentiu um formigueiro no estômago. Ao levantar o olhar, viu que ela o fitava com uma intensidade que o fez desejar empurrar a mulher que falava com ele naquele momento para se aproximar da ruiva, tomá-la ao colo e levá-la dali para fora.

      Claro que não fez nada disso. Os homens civilizados não faziam aquelas coisas.

      Portanto, esperou para poder pôr fim à conversa e começou a dirigir-se para ela novamente. Quando Rafe o chamou, não pôde deixar de o cumprimentar. Há anos que eram amigos. No entanto, assim que acabaram de se cumprimentar, ele decidiu ser directo. Poderia sê-lo com ele.

      – Rafe, porque é que não falamos depois? Talvez amanhã, o que é que achas?

      Rafe sorriu com ironia e deu-lhe uma palmada no ombro.

      – Parece que fisgaste uma mulher. Quem é?

      Demetrios também sorriu.

      – Ainda não sei como se chama, só a vi.

      – Mostra-me. Que género de amigo seria se não te ajudasse?

      – Está ali… – mas ela já não estava ali. A mulher misteriosa penetrara nas sombras do terraço. – Não te preocupes que um homem tem que saber desenvencilhar-se sozinho.

      – Não duvido que o vais conseguir – declarou Rafe, a sorrir. – Nick diz que costumavas deixá-lo envergonhado.

      – Fico contente por ele o admitir. Enfim, agora é casado.

      – Muito bem casado – Rafe aclarou a garganta. – Tal como eu. Tenho a certeza de que a ti também te acontecerá o mesmo quando conheceres a mulher dos teus sonhos.

      Demetrios assustou-se. A expressão do seu amigo tornara-se séria. Não,


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