Trabalho e prazer. Sandra Marton

Trabalho e prazer - Sandra Marton


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Em Espada, onde conheci a sua esposa e os seus filhos, e claro que conheço Amanda e a tua bela Carin.

      – Nesse caso, a única pessoa que te falta conhecer é Sam.

      – Sam? – Demetrios franziu o sobrolho. – Não me lembro de que Jonas tivesse um filho chamado Sam.

      – Não, Sam é a abreviatura de Samantha.

      – Ah, sabia que Jonas tinha filhas, mas…

      – Sam não é filha de Jonas – Rafe voltou a aclarar a garganta. – Samantha não é uma Baron, mas uma Brewster. É a irmã mais nova da minha esposa.

      – Ah! – Demetrios olhou na direcção do terraço mais uma vez. – Bom, Rafe, velho amigo…

      – Sam está por aqui. Porque é que não vens comigo para que vos apresente?

      Nem pensar! Agora já sabia o que o seu amigo queria. Era patético o que acontecia a um homem quando uma mulher lhe punha o anel no dedo. Logo Rafael Alvares, que criava cavalos e que geria um império financeiro no Brasil, e agora também fazia de casamenteiro.

      – Agradeço-te, mas deixa para mais tarde – pediu Demetrios, apalpando o bolso do casaco. – Tenho que fazer um telefonema para Nova Iorque e aqui na sala faz muito barulho…

      – Vais gostar dela. Sei disso.

      – Sim, não duvido, mas…

      – É do teu género.

      – Não me digas – Demetrios arqueou as sobrancelhas.

      – A sério, Sam é um desafio!

      O que deveria querer dizer que tinha mau génio.

      – Tem muito carácter.

      O que queria dizer que nenhum homem a conseguiria aguentar. Demetrios percebia muito bem a linguagem daqueles que queriam ver o fim do seu feliz estado de solteiro.

      – Deve ser… fascinante – replicou Demetrios, educadamente. – E não duvido que deve ser tão bonita como a tua esposa.

      Rafe ficou pensativo uns momentos.

      – Não, tenho que admitir que Sam não é nada parecida com Carin, nem com Amanda.

      A situação piorava a olhos vistos. Pelos vistos, o seu amigo queria carregá-lo com uma mulher insuportável que tinha nome de homem e que nem sequer era bonita como as suas irmãs.

      – Bom, não duvido que deve ser encantadora, mas agora tenho que fazer um telefonema. Depois apresentas-me à tua cunhada.

      Rafe suspirou.

      – Não, compreendo que não a queiras conhecer e estás a desculpar-te. Não estás disposto a perder a tua liberdade – o suspiro de Rafe tornou-se num sorriso. – Não te preocupes, Demetrios. Já o disse a Carin, mas ela insiste em que tu e Sam são feitos um para o outro. O que é que queres que te diga? Já sabes como é a minha mulher…

      – Sim, eu sei – replicou Demetrios, com um suspiro de alívio. – Por isso é que fico muito contente em permanecer solteiro.

      Rafe afastou-se dele. Demetrios dirigiu-se para o terraço, mas voltaram a interceptar os seus passos. Desta vez foi uma loira com a qual tivera uma aventura passageira.

      – Querido – cumprimentou ela, e beijou-o no rosto.

      – Desculpa, mas tenho que…

      Naquele momento, uma fragrância inundou os seus sentidos. Jasmim? Lilás?

      – Olá.

      A voz era suave e rouca. Só uma mulher naquela festa tinha o poder de o fazer virar-se com uma palavra. Sabia que era ela. Devagar, virou-se, enquanto se perguntava se aquela mulher na realidade poderia comparar-se às suas fantasias.

      Sim, era mais bonita do que pensara. Era magnífica, com olhos onde um homem poderia perder-se. Boca feita para beijar, cabelos da cor do fogo.

      – És muito bonita – elogiou Demetrios, suavemente.

      Ela riu.

      – E tu és muito directo.

      – Tenho estado a observar-te e tu tens estado a olhar para mim. De que é que vale fingir? – Demetrios aproximou-se dela. – Desde que estou aqui, que tenho estado a tentar chegar ao pé de ti.

      Ela sorriu e ofereceu-lhe um copo. Até àquele momento, Demetrios não tinha reparado que trazia um copo em cada mão, os dois cheios de gelo e com um líquido pálido.

      – Para o caso de teres sede.

      Demetrios sorriu.

      – Caipirinha?

      Os dedos dele tocaram nos dela quando agarrou no copo que lhe oferecera e, imediatamente, sentiu uma corrente eléctrica a percorrer-lhe o corpo. A ela aconteceu-lhe o mesmo e viu-o nos seus olhos e na maneira como escureceram.

      – Não gosta do que lhe ofereci, senhor Karas?

      – Gosto – replicou ele, em voz baixa, com os olhos cravados nos dela e consciente de que ela não se referia à caipirinha. – Muito.

      – Muito bem – ela sorriu, levou o copo aos lábios e bebeu um gole.

      Era uma namoradeira, mas sabia o que queria e não dissimulava. Demetrios desejou abraçá-la e levá-la para a cama…

      – Demetrios – disse uma voz, atrás dele.

      – Um momento – desculpou-se Demetrios, enquanto se virava para a loira. – Desculpa, mas estou ocupado.

      Tinha sido mal-educado e sabia-o, mas não se importou. A única coisa que lhe importava era estar com aquela mulher…

      Tinha desaparecido. Onde é que estava? No terraço. Viu um movimento de seda verde na escuridão.

      Demetrios pousou o copo numa mesa e dirigiu-se para o terraço.

      Ali estava, sob as escadas que davam para a relva do jardim.

      – Espera!

      Ela acelerou o passo até que quase correu. Demetrios, praguejou e seguiu-a, alcançando-a num miradouro. Agarrou-a pelos ombros e fê-la virar-se. O luar iluminou o rosto da mulher.

      – Porque é que fugiste? Tens medo de mim? – com ternura, agarrou no rosto da mulher entre as suas mãos e com os dedos acariciou as suas faces. – Não precisas ter medo, não te vou magoar.

      Sam ficou a olhar para ele. Não lhe podia explicar. O que é que ia dizer? Que tinha começado como uma brincadeira, mas que agora queria ir para a cama com ele? Nem sequer ela ia para cama com um homem com tanta rapidez.

      Sam humedeceu os lábios.

      – Desculpa se te dei uma impressão errada a meu respeito. A verdade é que estou muito cansada e…

      – E não me conheces. É esse o problema, não é? – ele fitou-a nos lábios. – Poderias conhecer-me. Um beijo, é só isso que é preciso para saber tudo o que é preciso saber.

      – Penso que não…

      – Não penses… pelo menos esta noite.

      Devagar, ele baixou a cabeça. Apesar das suas últimas palavras, Sam sabia que lhe daria tempo antes que fosse demasiado tarde.

      Os olhos dele eram dois poços azuis, meio ocultos sob pestanas negras e espessas.

      «Poderia afogar-me nos seus olhos», pensou Sam. Então, a boca dele acariciou a sua, como um murmúrio à luz da lua até que, com um suspiro, Sam deixou de pensar, fechou os olhos e abriu os lábios.

      Ele sabia a vinho e a luar. A milhares de sonhos esquecidos e a uma procura que ainda não acabara. Enquanto a beijava, Sam percebeu que queria mais.

      – Mais… – murmurou Sam.

      Demetrios gemeu. Sim, dar-lhe-ia mais. Dar-lhe-ia


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