Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore

Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore


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ambas a exigirem-lhe a atenção à mesa do jantar, ou se ele gostara do vestido novo, que custara uma fortuna, quando ele já tinha mais do que gostaria com o que se preocupar e ocupar. Quanto aos supostos prazeres do leito nupcial, ele preferiria passar dez horas em cima de uma sela do que fazer amor com uma mulher criada apenas para ser a esposa de um nobre, e a quem tinham ensinado que o que acontecia na cama de um casal era simplesmente um dever desagradável a ser cumprido.

      – O meirinho parece preocupar-se com ela – observou Josephine, interrompendo os pensamentos de Etienne.

      – Por que é que pensas assim? Ele nada fez para a defender, lá em baixo.

      – Eu vi a expressão dele quando tu ordenaste a Gabriella que subisse até ao teu quarto. Ele ficou transtornado, e saiu praticamente a correr, do salão.

      – Se ele a quer, pode tê-la – Etienne encolheu os ombros. – Por enquanto, para que ela se consciencialize da sua posição aqui no castelo, mandei-a lavar a minha túnica.

      – Ela não tem culpa se o pai foi um irresponsável.

      – Eu sei, e por isso ofereci-lhe dinheiro para partir. Mas ela não quis aceitar.

      – Mas mandá-la lavar a tua roupa! – Josephine olhou para Etienne, com um ar de censura.

      Ele aproximou-se e segurou-lhe os ombros delicados, olhando para ela através do espelho.

      – Não pretendo mantê-la como lavadeira. Tu precisas de uma aia, e pensei que talvez ela te pudesse servir.

      – Sim, preciso de uma aia – concordou Josephine, desviando o olhar.

      Etienne beijou-lhe as pontas dos dedos.

      – Não há motivo para sentires ciúmes – garantiu, curvando-se para beijá-la nos lábios.

      – Ela é uma jovem bonita.

      – Não reparei – mentiu Etienne. – Gabriella Frechette não significa nada para mim.

      Josephine desmanchou-se num largo sorriso que não disfarçava o alívio que sentia.

      – Já que ainda não tenho uma aia, Etienne... – murmurou, com um olhar maroto. – Podes ajudar-me a tirar o vestido?

      Etienne desamarrou o longo laço abaixo da nuca de Josephine, com uma ruga na testa e a expressão pensativa. Devia sentir-se feliz; era rico, poderoso e respeitado, e conseguira tudo sozinho, sem a ajuda da família ou de amigos influentes. Alcançara cada uma das suas ambições: riqueza, fama e poder; alcançara o destino que a mãe sempre sonhara para ele, o destino que a morte prematura do pai parecera, de certa forma, embargar. Ele era muito feliz.

      – Obrigada, Etienne – sussurrou Josephine. – Posso fazer o resto sozinha.

      Etienne foi sentar-se na cama e começou a descalçar as botas, lembrando-se por um instante da expressão atónita de Gabriella quando ele lhe pedira ajuda. Era evidente que ela imaginara que ele a arrastaria para a cama e a subjugaria, e Etienne admirava a atitude de orgulho e desafio que ela mantivera, perante tal convicção.

      Gabriella era diferente de todas as mulheres que ele conhecera. Era uma pena que as circunstâncias das suas vidas fossem como fossem.

      Ao olhar para Josephine, que penteava os cabelos envolta num robe de veludo, uma avassaladora sensação de solidão invadiu Etienne. O relacionamento deles era pouco mais que um acordo comercial; ele não amava Josephine, e tinha quase a certeza de que ela também não o amava.

      Etienne reflectiu que não tinha do que se queixar. Entendia-se bem com Josephine, e ambos tinham consciência dos limites daquele relacionamento. Se faltava alguma coisa na sua vida, era um filho e herdeiro, e isso não era importante. Ele trabalhara e batalhara, não para adquirir bens que fossem herdados por um esbanjador, mas para si próprio.

      Determinado a afastar o pensamento da filha do falecido conde, Etienne levantou-se e aproximou-se de Josephine; tirou-lhe a escova da mão e colocou-a sobre a penteadeira, passando depois os dedos pelos sedosos cabelos dourados. Com um pequeno suspiro, ela recostou-se contra ele.

      O simples contacto excitou Etienne. As suas mãos deslizaram do pescoço para os ombros de Josephine e para dentro do robe. Gentilmente, ele acariciou-lhe os seios, até que ela deixou escapar um gemido de prazer. Etienne retirou as mãos e Josephine levantou-se e virou-se, em silêncio, com um inconfundível brilho de desejo nos olhos cor de esmeralda, conforme o tocava intimamente, sobre o robe.

      Etienne fechou os olhos, determinado a entregar-se totalmente aos deleites do talento de Josephine, a usufruir daquele corpo espectacular e a extasiar-se com as práticas que ela nunca lhe negava.

      Gabriella, de certeza, que era virgem.

      Impaciente, Etienne puxou Josephine para os seus braços e entreabriu-lhe os lábios com a língua, segurando-lhe firmemente os quadris e pressionando-os contra si. Aquela era a mulher que compartilhava o seu corpo e a sua cama. Ele não pensaria em nenhuma outra.

      Josephine respondeu com um gemido, movendo sedutoramente os quadris e acariciando, com dedos hábeis, os músculos das costas de Etienne.

      – Eu fui mesmo tola ao sentir ciúmes – murmurou, arqueando o corpo contra o dele.

      – Foste – retorquiu Etienne, beijando-a calorosamente. Não tinha vontade nenhuma de analisar as próprias emoções, e conhecia um método bastante eficaz para acalmar os seus pensamentos tumultuados.

      Apoiada precariamente sobre os calcanhares, na margem do rio onde os habitantes do condado lavavam as suas roupas, Gabriella ergueu a túnica molhada e pesada e começou a torcê-la. Era um processo árduo, dificultado pelo tamanho e peso da vestimenta, bem como pelo facto das suas mãos congeladas lhe doerem devido ao esforço. A água fria escorria-lhe pelos braços, humedecendo-lhe o corpete do vestido e encharcando-lhe a saia, fazendo com que a sua roupa se colasse desconfortavelmente ao corpo.

      Um grupo de mulheres do condado lavava roupa a uma curta distância, lançando olhares disfarçados para Gabriella, com tanta compaixão que ela tinha vontade de gritar que não fizera nada de mal, que o barão não a atacara, que ela não precisava nem queria a piedade delas, apenas a amizade, ou alguma indicação de que não errara ao fazer o que fora necessário para permanecer no castelo.

      Gabriella olhou mais adiante, ao longo do rio, na direcção do moinho. Um grupo de operários trabalhava ali, a substituir o rebolo, segundo lhe explicara Guido. O cozinheiro estava eufórico, pois queixara-se durante semanas ao pai de Gabriella, sobre a qualidade da farinha, responsabilizando o rebolo, velho e gasto. Aparentemente, o barão, no seu primeiro dia como senhor do castelo, tomara conhecimento do problema, entre outros, e dera ordem para substituírem imediatamente a pedra. Várias dependências do castelo também seriam reformadas; já fora comprado mais feno para os cavalos, e a despensa do castelo seria reabastecida, embora não com as extravagâncias do conde, e sim com mantimentos mais comuns, como ervilhas e lentilhas.

      Também corriam rumores no castelo de que o barão queria saber detalhes sobre as invasões de propriedade. O barão possuía o direito de punir os invasores apanhados dentro dos limites da propriedade, e que os céus tivessem misericórdia do homem que fosse submetido ao seu julgamento!

      Embora o mesmo direito tivesse sido concedido ao pai de Gabriella, ele fechara os olhos às invasões, alegando que os camponeses trabalhavam mais satisfeitos e rendiam mais quando bem alimentados. Gabriella concordava, mas no caso de um homem como Osric, que fora levado três vezes à presença do conde para ser julgado pela infracção, e que continuava a ser o cavaleiro do castelo, ela perguntava-se se o pai não fora condescendente demais.

      O conde também fora negligente quando se tratara de cobrar a taxa inicial que um homem devia pagar para tomar posse de um feudo, e o pagamento ao senhor feudal pela melhor cabeça de gado de um arrendatário, por ocasião da morte do último.

      O barão, de certeza que exigiria tudo a que tinha direito. Ele visitara pessoalmente as dependências


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