Conquista Da Meia-Noite. Arial Burnz

Conquista Da Meia-Noite - Arial Burnz


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aliviada com o fim das surras e dos compromissos sexuais cruéis, o mundo de Davina ainda desmoronava acima dela.

      — Pai, você não conhece o verdadeiro Ian. Ele é um mestre em vestir uma máscara de charme para esconder o monstro que é. Ele…

      — Davina, de jeito nenhum vou deixar que ele a machuque. Concordo que ele leva as responsabilidades longe demais ao exercer seu domínio como marido, mas ele não é um perigo para sua vida. Caso eu considerasse que sim, acabaria com este casamento agora. Nós iremos protegê-la. — Davina odiou perceber que a família acreditava que ela era dramática. Ele a beijou na testa e puxou-a para um abraço apertado. — Não vou deixar que ele a machuque. Deve fazer isso por sua família. Um dia, quando Ian aprender bem o papel e deveres de um marido, você aprenderá a perdoá-lo e amá-lo. Se não, ao menos terá consolo nos filhos que terão um dia.

      Ela deixou suas lágrimas rolarem, molhando a túnica do pai e segurando-o com força enquanto se submetia às ordens dele. Ela seria o cordeiro sacrificial para a estabilidade do futuro de sua família.

      * * * * *

      O aço colidindo com o aço ecoou no ar, ricocheteando nas paredes e no teto alto do Salão Principal, que se misturava aos grunhidos, ofegos e gemidos de Kehr e Ian enquanto duelavam. Kehr defendeu o impulso de Ian, se virou e golpeou o lado aberto de Ian, provocando um grunhido dele. Com um sorriso no rosto, Ian empurrou Kehr para frente, e Kehr retribuiu o sorriso com seu próprio impulso. No entanto, Ian obteve um bloqueio efetivo ao usar o escudo.

      — Bom! — Kehr encorajou.

      — Obrigado! — Ian disse com outro golpe da espada, que Kehr se esquivou.

      Davina sorriu para o irmão, animada com a presença dele. Por fim ele voltava para casa depois de uma longa estada em Edimburgo visitando a corte. Havia chegado tarde na noite anterior, e embora ela antecipasse a chegada dele e a oportunidade de passar um tempo juntos, a notícia da aparição do rei James a fez desanimar.

      Toda a Escócia estava alvoroçada com a experiência do rei, e Kehr contara a história com uma grande encenação na sala. Com o fogo alto na lareira que lançava sombras sinistras pelo cômodo, a família se sentou em um círculo, concentrada na encenação dramática de Kehr.

      — Curve-se perante o Rei da Escócia!, o conselheiro do rei berrou enquanto perseguia o homem que invadiu as câmaras de oração privadas do rei. — Kehr imitou o marechal, John Inglis, correndo atrás do intruso. — Entretanto, o rei levantou a mão e interrompeu seus conselheiros porque o homem parou antes de alcançar Sua Majestade.

      Ondas de riso circularam pelo cômodo, e Davina colocou a mão na boca para abafar as próprias risadas.

      — E vocês dizem que sou eu que tenho uma queda por drama! — ela provocou.

      Kehr riu da interrupção, mas continuou.

      — Basta, disse o rei, deixe-o falar, e depois que eles se encararam por um longo período de silêncio, o homem avançou… — Kehr imitou as ações do intruso, inclinando-se com o punho diante dele. — … e puxou Sua Majestade pela túnica, dizendo: Senhor Rei, minha mãe me enviou a você, desejando que não vá aonde se propõe. — a testa de Kehr se franziu com a grave mensagem que o homem entregou ao rei. — Caso faça isso, não se sairá bem em sua jornada, nem ninguém que esteja com você.

      Kehr caminhou em frente das pessoas sentadas ao redor da sala, olhando cada uma delas nos olhos. Davina balançou a cabeça ante a pausa que ele usou para causar efeito. Kehr centrou-se diante da audiência.

      — E assim, do nada… — Kehr estalou os dedos. — O homem desapareceu como em um piscar de olhos! — a família arfou e murmurou entre si. Kehr encolheu os ombros. — E então o rei decidiu não declarar guerra à Inglaterra.

      Davina se acalmou enquanto a respiração deixava o peito de uma só vez… enquanto todos os outros aplaudiam, torciam e celebravam a grande ocasião. Agarrando seu hidromel, Kehr acenou com a cabeça para Davina e ergueu a caneca. Ela retribuiu o aceno com um sorriso forçado. O irmão dela sentou-se em meio aos aplausos, e a família o parabenizou pelo desempenho e pela notícia maravilhosa.

      Davina havia feito de tudo para parecer feliz, assim como agora, lutou para manter o sorriso como uma máscara, agarrada ao conhecimento de que, afinal, Kehr e seu pai não iriam para a guerra. Felizmente, falar de guerra sempre a mantinha longe da corte, lugar em que ela detestava estar. Além disso, ela queria Ian no campo de batalha… não seu irmão e pai.

      — Aguente firme, Ian. — Kehr avisou e desencadeou um ataque de balanços, confrontos e avanços que fizeram Ian recuar por toda a extensão do cômodo. Sem prestar atenção aos próprios passos, Ian tropeçou e caiu para trás, mas logo recuperou o equilíbrio e se virou para evitar o ataque de Kehr.

      — Fascinada pela empolgação, minha sobrinha?

      O irmão de sua mãe, Tammus, parou ao lado de Davina.

      Davina percebeu estar agarrada ao encosto de uma cadeira enquanto observava o irmão e o marido se engajando na batalha simulada, parte do treinamento de Ian. Ela só percebeu a dor em seus dedos ao soltar a madeira dura. Olhou para o tio, cujo rosto brilhava com um tom quente e laranja à luz das tochas colocadas no corredor.

      — Sim, tio. Eu me preocupo com os dois. — ela mentiu.

      Tammus colocou um braço quente sobre os ombros dela e a abraçou de lado.

      — Ora, não se preocupe, moça. Uma simulação de batalha com certeza difere do combate real, que no final, felizmente, não precisamos vivenciar.

      — Sim, tio. — ela sorriu e voltou a prestar atenção ao par que duelava.

      Quando Kehr piscou para ela, de costas para Ian, o marido deu um tapa no traseiro de Kehr com a parte plana de sua espada, fazendo seu irmão gritar. Ian ergueu as sobrancelhas fingindo surpresa, e Kehr começou a perseguir Ian, que fugiu gritando como uma garotinha, circundando a vasta extensão do cômodo. Todos explodiram em gargalhadas com a cena cômica, exceto Davina.

      A exibição de Ian a deixava nauseada. Ao longo das últimas seis semanas, desde a punição recebida que lhe custou o dinheiro que recebia, Ian demonstrava um desempenho estelar em conquistar a família dela em todas as oportunidades. Embora não permitissem que os dois ficassem sozinhos, para grande alívio dela, nos raros momentos em que ele podia lançar um olhar para ela, ou encurralá-la no castelo, ele a deixou ciente de que, em particular, tudo o que ele estava passando voltaria para assombrá-la assim que ele alcançasse o objetivo de retomar o controle e o dinheiro.

      — É um jogo delicioso de gato e rato, não é? — ele perguntou uma vez em uma dessas emboscadas.

      — Não será capaz de enganar minha família. — disse Davina, segura de si.

      Ele se aproximou dela, fazendo-a encostar-se no canto da escada e apoiando os braços nas paredes.

      — Eles pensam que me controlam… — ele sibilou. — que sou uma marionete presa aos dedos deles, distribuindo porções escassas de moedas? Vejamos se gostarão de ser controlados. Há demasiada confiança neles, assim como em você.

      Ele a amaldiçoou com um sorriso maligno e se afastou. Ela começou a carregar uma adaga na bota depois daquele encontro. Observando a família agora, comendo nas mãos de Ian, a declaração dele parecia bastante verdadeira. Ian gostava dessa mascarada, gostava de manipular as pessoas para que pensassem e agissem da maneira que ele queria, um jogo que ele adorava aperfeiçoar. Até onde ele iria?

      Kehr conseguiu fazer Ian tropeçar, e ele se esparramou no chão de pedra. Todos correram em seu socorro, Kehr à frente da multidão, se desculpando. Ian ficou atordoado por um momento, e Davina se permitiu um sorriso secreto. Recuperando a compostura, Ian limpou o sangue do lábio inferior e olhou para ela. Erguendo uma sobrancelha, ele deu um breve sorriso, apenas o tempo suficiente para que ela percebesse, antes de seu rosto ficar sombrio. Ian


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