Conquista Da Meia-Noite. Arial Burnz

Conquista Da Meia-Noite - Arial Burnz


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entretanto, ressuscitou tais fantasias, e ela se agarrava como se pudessem salvar sua vida.

      Gatinhos miaram em algum lugar nos estábulos, gritinhos indefesos chamando a atenção dela e fazendo curvar os lábios em simpatia. Ela suspirou. Pelo menos seu coração parou de retumbar acelerado, e as mãos estavam firmes mais uma vez.

      Apoiando a cabeça contra a estrutura de madeira dos estábulos, ela olhou para as pedras da parede do perímetro do outro lado… pedras que seu pai colocara com suas próprias mãos. Ela sorriu ao se lembrar da tentativa dele de projetar a abertura secreta localizada no lado norte da parede do perímetro, na parte de trás do terreno, à sua esquerda. Ele reclamou como os mecanismos eram imperfeitos. Kehr e Davina adoravam usar a passagem secreta para se divertir ao longo dos anos, embora com a severa advertência do pai para não revelar o local exato. Mesmo que a casa não tenha sido projetada para ser uma fortaleza formidável contra um exército, os muros os mantinham seguros por levar todo o tráfego para os portões da frente. Parlan sempre se preocupou com a família, como um pai responsável deve fazer.

      Ela se assustou com um barulho do outro lado da parede que se encostava e levou a mão ao peito, forçando a respiração a desacelerar. Sem mover um músculo ou ousar respirar, ela esperou por qualquer outro som para revelar o que aconteceu. O sangue sumiu de seu rosto quando os resmungos de Ian chegaram aos ouvidos dela. Protestos profundos e nervosos ecoaram dos cavalos nos estábulos enquanto Ian chutava o que parecia ser baldes ou bancos.

      — Megera! É tudo culpa dela! — o tilintar de fivelas e arreios soou em meio à comoção. — Fique quieto, seu animal estúpido!

      Davina se agachou ainda mais no chão e espiou pelas fendas nas venezianas da abertura acima dela. Ian se atrapalhava para selar seu cavalo. Ela estremeceu a cada puxão e empurrão que o cavalo suportava do mestre, até que o cavalariço Fife pigarreou ao se aproximar da baia.

      — Posso ajudar, Mestre Ian?

      Ian recuou ao ouvir a voz de Fife e respirou fundo para se acalmar, afastando-se do cavalo.

      — Sim, Fife, eu agradeceria.

      O coração de Davina se contraiu ao ver o belo sorriso de Ian e o ar encantador. Ele agira assim com ela, durante o namoro, mas agora mostrava esse lado de sua personalidade a todos, menos a ela. As pessoas não suspeitavam do homem cruel por trás de um exterior atraente.

      — Algo o incomoda, Mestre Ian? — Fife esfregou o nariz grande e redondo, semicerrando os olhos marcados pela idade enquanto dava tapinhas no pescoço do cavalo e contornava o outro lado para prender as tiras de couro.

      — Oras, só um pequeno desentendimento com meu pai. Nada grave. — Ian sorriu e balançou a cabeça. — Será que em algum momento deixamos de ter desentendimentos com os nossos pais, eu me pergunto?

      Fife riu e balançou a cabeça, baixando a guarda.

      — É uma batalha sem fim que devemos suportar a vida toda, rapaz. Uma vida inteira. — ambos compartilharam uma risada ante tal sabedoria. Fife passou as rédeas para Ian. — Pegue leve com ela, Mestre Ian. Corra um pouco para aliviar a tensão dela, e volte na hora do jantar.

      Ian balançou a cabeça com bom humor e subiu na sela de maneira elegante.

      — Sinto que tenho mais de um pai por aqui com a maneira como você e Parlan me amam.

      — Só estou cuidando de você, Mestre Ian. — Fife acenou enquanto observava Ian virar o cavalo e se dirigir ao portão da frente. — Bom rapaz. — ele sussurrou enquanto arrumava os estábulos.

      Davina mordeu o lábio inferior em frustração. Ela era a única que via a crueldade de Ian? Cerrando os punhos, ela saiu de trás dos estábulos e voltou para o castelo, Fife lançou um olhar perplexo quando ela fechou a porta. Não, ela não era a única. O pai dela tinha olhos atentos, e ela estava certa de que ele conhecia a extensão da brutalidade de Ian.

      Ela voltou direto para a sala de estar, mas a encontrou vazia, o fogo ainda queimando na lareira. Girando nos calcanhares, ela quase trombou com a mãe.

      — Ora! Davina, você me deu um susto! — Lilias levou a mão ao peito e prendeu a respiração. — Seu pai me mandou buscar você.

      — Estava procurando por ele agora mesmo.

      Pegando a filha pela mão, Lilias conduziu Davina pelo andar térreo da casa até o primeiro andar, que comportava os cômodos privados. A cada pedra que passavam no caminho para o quarto dos pais lembrava Davina do orgulho que sentia pelos esforços do pai e da confiança em sua sabedoria para ouvir seus apelos.

      Quando a mãe abriu a porta do quarto deles, Lilias conduziu Davina, fechou a pesada porta atrás delas e sentou-se no sofá perto da lareira, assumindo um lugar tranquilo, mas de apoio ao lado do marido. Parlan estava de pé junto à lareira, de costas para a porta, da mesma forma que na sala de estar.

      — Não tenho certeza do quanto você ouviu fora da sala, Davina, mas lamento que a conversa tenha lhe causado tanto sofrimento. — ele se virou para encará-la, as sobrancelhas franzidas de tristeza. — Não tenha medo, fui o único que testemunhou sua retirada chorosa. As últimas palavras foram um sussurro reconfortante.

      Davina puxou o lábio trêmulo entre os dentes para controlá-lo e manter-se firme diante do pai.

      — O senhor não me causou nada, pai. Sinto-me grata por saber que está ciente da minha situação. — a voz dela tremeu, mas ela limpou a garganta e manteve as lágrimas sob controle. — Eu estava a caminho da sala de estar, para buscar meu bordado quando meu sogro implorava perdão a você por meu marido.

      As sobrancelhas de Parlan se ergueram, parecia surpreso por ela ter ouvido tanto. Ele assentiu.

      — Então você sabe da punição de Ian por sua incapacidade de gerenciar suas responsabilidades.

      Ela assentiu.

      Depois de uma longa pausa, ele disse:

      — Sei que dada a condição desse arranjo parece que estou mandando você de volta para a cova dos leões. — Parlan estudou o couro marrom macio de suas botas antes de voltar seu olhar para ela. — Ian não está nada feliz com o esvaziamento de seus bolsos, algo em que eu confio que Munro irá cumprir. É por isso que insisto que fiquem aqui sob meu teto, para que eu possa lhe dar uma parcela de segurança e garantia de que você estará protegida.

      Davina soltou a torrente de tristeza.

      — Pai, por favor, não me deixe suportar mais um momento desta união! Não podemos fazer como disse e dissolver este casamento?

      Parlan apertou a mandíbula e voltou os olhos tristes para a esposa. Lilias agarrou a mão dele, parecendo dar-lhe apoio.

      — Davina, os Russell oferecem imensas oportunidades de negócios, tanto para mim quanto para seu irmão, e não posso contar com meu primo Rei para sempre. Devemos fazer esforços para aumentar nosso patrimônio por conta própria. — concentrando-se mais uma vez em Davina, ele deu um passo na direção dela e envolveu as mãos dela com as dele. — Lamento que tenha sofrido mais do que qualquer mulher com a mão pesada de seu marido. Agora que não posso mais negar o tratamento que ele dispensou a você, espero que me perdoe por não a ter defendido antes. Vou tomar medidas para garantir que esteja protegida e, com sua ajuda, creio podermos fazer isso funcionar.

      Davina fez um grande esforço para falar, apesar do nó que se formava na garganta.

      — Ser a mão gentil que domará a besta. — ela sussurrou, repetindo as palavras do sogro.

      Parlan assentiu.

      — Está óbvio que Munro fez um péssimo trabalho em ensinar a Ian como ser um homem. A sua estada, e a deles, aqui será indefinida. Ian e Munro ficarão nos quartos de hóspedes acima, e você terá, mais uma vez, seu quarto só para você neste andar. Fiz pressão em Munro quanto a isso, e nós dois estaremos atentos ao comportamento de Ian nas próximas longas semanas. Munro aceitou, com humildade, minha orientação como pai e de Lilias como mãe, para colocar Ian


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