Desejo Mortal. Amy Blankenship

Desejo Mortal - Amy Blankenship


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tranquila, pois decidiu deixar sua prima entrar nas atividades extracurriculares da família.

      "Vovô sempre mandava você para leilões e locais seguros para conseguir os artefatos que ele queria para sua coleção ou precisava para satisfazer sua clientela. Esse era o seu trabalho e você era muito boa nisso”. Ela sorriu carinhosamente para a prima antes de acrescentar: "Mas eu… eu era boa em algo completamente diferente”.

      "Aonde você quer chegar?" perguntou Gypsy franzindo a testa. Ela suspeitava que não ia gostar de nada do que Lacey estava prestes a dizer-lhe.

      Lacey deu de ombros como se não fosse nada demais: "Vovô mandou você ir atrás das coisas que estavam disponíveis e fáceis de obter… basta fazer alguns negócios em segredo, com a ajuda de uma transação bastante procurada no mercado ou de um enorme maço de dinheiro. Ele me mandou atrás de coisas que não eram tão... fáceis de obter".

      "Por exemplo?", perguntou Gypsy.

      "Coisas das quais as pessoas não queriam se desfazer", complementou Lacey e viu quando sua prima ficou de queixo caído.

      "Ele mandou você roubar alguma coisa?" O tom de voz de Gypsy subiu com sua perplexidade. "Não posso acreditar que vovô a incentivaria a fazer algo tão perigoso”.

      "Como você acha que ele entrou neste negócio inicialmente?", perguntou Lacey com um leve sorriso.

      "Eu só ouvi boatos”, sussurrou Gypsy mais que um pouco surpresa com a confissão. Algumas pessoas das classes mais altas nos leilões alternativos vinham usando as dicas dela nos últimos dois anos. Ela apenas acenou gentilmente para eles com a cabeça e sorriu, depois, apagou da mente os rumores, não querendo pensar muito neles.

      Ela suspirou, enquanto admitia: "Eu apenas ignorei tudo, pensando que eles estavam pegando no meu pé, pois, muitas vezes, conseguimos coisas que os outros queriam muito conseguir”.

      "Eles tinham todo o direito de ter ciúmes. Vovô era um famoso ladrão em seus primórdios e foi capaz de colocar as mãos em muitos itens valiosos durante aqueles anos", confirmou Lacey com um tom de orgulho na voz.

      â€œSua especialidade eram objetos sobrenaturais… antigos livros de magia, revistas, pinturas e vários itens mágicos. Rumores clandestinos garantem que ele realmente encontrou o Santo Graal e o escondeu do homem que ele havia contratado para localizá-lo. Duvido muito que ele tenha conseguido, mas esse é apenas mais um mito atribuído a Vovô".

      Gypsy franziu a testa: "Como é que ele ficou vivo todos esses anos saindo em busca desses artigos perigosos?"

      Lacey deu de ombros: "Quem sabe? Vovô fez muitos inimigos antes de se aposentar de seu passatempo predileto. Ninguém conseguia provar que era ele, pois havia dominado a arte do roubo. Uma das primeiras coisas que ele roubara foi um dispositivo de disfarce que o tornava completamente indetectável. Sua proteção contra a maioria dos inimigos que suspeitavam dele era o fato de que muitas das coisas que eles achavam que ele poderia ter roubado eram poderosas o suficiente para serem usadas contra eles, se houvesse retaliação".

      â€œUm dispositivo de disfarce”, repetiu Gypsy com os olhos arregalados. “Como a capa de invisibilidade de Harry Potter?"

      â€œNão sei… eu nunca cheguei a vê-lo, já que desapareceu antes que qualquer uma de nós tivesse nascido", respondeu Lacey. “Acho que outro cara foi um ladrão ainda melhor do que Vovô".

      â€œNão é de admirar que o restante da nossa família fosse morar em outra cidade e nos alertasse sobre a convivência com Vovô. Eu achava que era apenas porque eles presumiam que ele era louco por acreditar em fenômenos sobrenaturais e por ter uma loja como esta”. Gypsy balançou a cabeça, lembrando-se de todas as vezes que ela o defendera. Ela ainda não havia se arrependido, mesmo assim. Ela o amava e isso era tudo que importava para ela.

      "Ah, não", Lacey a contradisse. "A família não faz ideia. Ele queria assim. Ele sempre se comportava de forma estranha perto deles de propósito… para que eles o rotulassem como um marginal esquisito e se afastassem. caso alguém fosse atrás dele”.

      Os lábios de Lacey indicavam uma cara de preocupação, quando ela voltou a pensar na época em que ela se mudou com o avô pela primeira vez… exatamente para esta loja. Quando ela tinha nove anos de idade, seus pais tinham sido mortos em um estranho acidente e seu avô tinha havia aparecido para pedir sua guarda em questão de horas. Ele não tinha nenhuma maneira de saber se a ocorrência realmente foi um acidente ou não e havia confessado à neta essa preocupação secreta depois que ela ficou sabendo a verdade sobre ele.

      Havia indícios de que seus pais poderiam ter sido assassinados por algum acessório paranormal que finalmente tinha impulsionado Lacey a querer buscar vingança contra alguém que colecionava artigos sobrenaturais, na esperança de que ela se deparasse com a pessoa que o matara. Nada havia surgido, no entanto, e ela rapidamente tornou-se viciada pela emoção do trabalho. Além do que… esse dinheiro não era nada mau.

      â€œFoi minha a ideia de seguir seus passos e ele foi contra desde o início”, ela se recordou. “Mas, depois de um tempo, eu o acalmei, saindo para roubar por conta própria. Eu fiz com que ele me pegasse em flagrante de modo que não tivesse outra escolha, além de me ensinar como entrar e sair sem ser detectada. Não foi dele a ideia, mas eu não lhe deixei outra opção. Ou ele me deixava fazer isso sozinha e morrer assassinada ou me ensinava todos os seus truques e esperava pelo melhor”.

      â€œEntendo", Gypsy balançou a cabeça para a prima desonesta e quase sentiu pena do avô dela. “O coitado do Vovô nem teve a chance”.

      â€œCom certeza… eu quase perco a cabeça com este último trabalho", confessou Lacey. “Foi culpa minha e Vovô não deveria ter assumido. Ele sabia que eu era teimosa e fez o melhor que pôde”.

      â€œAh, não”, sussurrou Gypsy fazendo cara feia. "Você estava desaparecida há mais de um ano. O que exatamente aconteceu com você?" Ela estendeu a mão para tocar na bochecha de Lacey com o dorso do polegar, limpando uma mancha da sujeira que havia ali. “É por isso que você está vestida como um menino sujo e se esgueirando pelos cantos? Está fugindo de alguma coisa... ou de alguém?"

      â€œAcho que um pouco das duas coisas. Eu nem deveria estar aqui neste exato momento e, quanto menos você souber sobre o que está acontecendo, melhor”. Ela olhou para a porta, sabendo que deveria seguir o exemplo do avô e proteger a família, mantendo distância deles. "Eu deveria ter entrado e saído daqui, sem que ninguém percebesse, mas seu cão de guarda tinha que aparecer e estragar tudo”.

      Gypsy observou que Lacey começou a inquietar-se e a forma como ela estava olhando agora ansiosamente em direção à porta, como se quisesse sair. Não querendo que ela saísse, Gypsy deixou escapar rapidamente: "Há uma cláusula no testamento do Vovô em relação a você… ele nunca desistiu de fazê-la voltar para casa”.

      Lacey sorriu carinhosamente: “Ele sempre cuidou muito bem de nós”.

      Gypsy concordou sinceramente: "Isso mesmo; e foi por isso que ele deixou metade da loja para você em seu testamento. A Witch's Brew é metade sua e metade minha. Embora você não estivesse por perto, eu ainda mandei corrigir a escritura exatamente como Vovô queria. Somos parceiras de negócios agora e poderemos administrar este estabelecimento juntas, se você resolver ficar”.

      "Eu não sei”, sussurrou Lacey. Seus dias estavam contados. Mesmo que ela tivesse


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