Desejo Mortal. Amy Blankenship

Desejo Mortal - Amy Blankenship


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o informou levantando a sobrancelha.

      Ren passou a mão pela franja, exasperado, e contou até dez silenciosamente… não que isso fosse ajudar.

      Ignorando Ren, Lacey dirigiu o olhar para Gypsy. "Vou me livrar dessas roupas de menino e tomar um banho. Vovô guardou alguma das roupas que eu deixei aqui?"

      Gypsy concordou, decidindo que Lacey tinha mais bolas do que se lembrava, embora sua prima realmente nunca tivesse sido uma incentivadora. "Elas estão embaladas em um baú no armário”.

      Lacey sorriu agradecida: “Bem, vejo vocês em alguns minutos. E você”, continuou ela, lançando outro olhar para Ren e revidando-lhe pela maneira como ele a tratara há alguns minutos: “nem pense em espionar".

      "Como se", disse Ren ofensivamente e cruzou os braços sobre o peito, enquanto lhe dava o ultimato: “você fosse uma ratazana suja da rua".

      Lacey deixou transparecer um sorriso no rosto, resolvendo que, se não pudesse derrotá-lo no jogo de insultos, então, ela iria se divertir com ele: “Você sabe que quer fazer isso”.

      "Acho que você entendeu ao contrário", Ren lançou um olhar lancinante sobre ela. "Você tem fama de descobrir a trava e aparecer sorrateiramente onde não é convidado”.

      Desistindo, Lacey jogou para ele o cristal silenciador que ainda tinha na mão e partiu para o chuveiro, batendo a porta por trás dela.

      Ren sorriu enquanto pegava o cristal em pleno ar e habilmente embolsou o objeto… eles não iriam mais utilizar aquela pouquinho de magia.

      "Ela se esqueceu das roupas", observou Nick apontando para o armário que Gypsy tinha indicado.

      Em uma questão de segundos, a porta se abriu novamente e Lacey saiu resmungando baixinho sobre a necessidade de uma zona livre de testosterona. Ela foi direto para o armário e arrastou o baú para o campo de visão.

      Gypsy levantou uma sobrancelha e lutou contra o sorriso que tentava aparecer em seu rosto quando Lacey puxou o baú pesado até o banheiro e bateu a porta novamente, sem olhar nem uma vez sequer na direção deles.

      No momento em que todos eles ouviram o chuveiro ligar, Gypsy deixou que seu riso leve e estridente enchesse a sala. Ia ser tão divertido ter sua prima de volta. Se não houvesse mais nada… a garota era divertida e tinha sido sua melhor amiga desde sempre.

      "Não entendo por que você é tão divertida”, resmungou Ren e saiu do apartamento, batendo os pés ao longo de todo o percurso da escadaria. Ele não tinha ideia de como diabos ele poderia se sentir exacerbado e empolgado ao mesmo tempo.

      Nick irritou-se e olhou para Gypsy: “Eu realmente acredito que eles estavam apenas flertando um com o outro”.

      Gypsy assentiu, gostando da ideia. Talvez esta fosse outra razão para Lacey ficar. "Bem, se ela estiver em apuros… e eu suspeito que está, quem melhor para protegê-la do que Ren?" disse ela com um sorriso.

      Nick não sabia se tinha ciúmes porque ela considerava Ren um protetor melhor do que ele ou se ficava feliz porque parecia Gypsy parecia tranquila em relação à atração mútua entre Ren e Lacey. Ele pensou nisso por um segundo e, então, desistiu… admitindo silenciosamente que Ren era maior, mais forte e bem mais poderoso. Para piorar a derrota do grandalhão, havia o fato de que ele não tinha alguns neurônios.

      Ren tinha ouvido falar da ruptura de Nick, mas ignorava o que ele estava insinuando. Flertar… não havia chance alguma de que ele um dia pensasse em ser atraído para aquela pirralha. Ela era sarcástica, desonesta e uma ladra… todos os pontos negativos registrados por ele. Ele chegou até as escadas e começou a andar para trás e para frente na enorme área de armazenamento.

      "Ela realmente mandou que eu… EU não espionasse", reclamou ele em um sussurro áspero enquanto andava.

      Lacey suspirou quando a água quente respingou sobre seu corpo e adorou a sensação de finalmente estar completamente livre das ataduras que ela tinha enrolado em volta dos seios para ficar parecida como um adolescente. Ela teve uma boa noção para queimar as roupas roubadas que estivera usando.

      Ela tirou o esfoliante de onde estava pendurado na torneira da banheira e esquentou a água um pouco mais. Para ela, relaxar era uma regalia da qual não tinha sido capaz de usufruir desde quando fugiu de Vincent e da horda de demônios que estavam atrás dela.

      Vincent… até o nome evocava sentimentos de culpa e ela franziu a testa, com tristeza. Ela o havia conhecido alguns dias depois de haver recebido um layout do enorme museu enviado pelo avô. Simplesmente aconteceu que os dois tinham sido enviados por pessoas diferentes para roubar o mesmo artefato.

      Seus lábios se contraíram com a recordação engraçada… o olhar no rosto bonito de Vincent quando ele a pegou na mesma sala secreta que ele foi arrombar. Se eles tivessem tentado discutir sobre qual deles tinha chegado lá primeiro e que merecia o espólio, teriam alertado os guardas fortemente armados, que estavam logo no fim do corredor, e teriam sido dominados ou, pior… mortos a tiros.

      Olhando um para o outro, eles levaram cerca de trinta segundos para chegar à decisão comum de trabalharem juntos a fim de conseguirem a peça. Contudo, repensando sobre isso agora, ela percebeu que Vincent teria concordado de uma forma ou de outra… ele só havia aceitado a parceria porque também queria a peça.

      Uma vez que tinham conseguido sair do museu em segurança, de repente foram rodeados por cinco demônios da escuridão de olhos negros que haviam se incorporado em algumas autoridades locais, possuindo-as.

      Ali parada, diante das luzes intermitentes dos carros dos policiais, com as mãos levantadas e cinco conjuntos de armas apontadas diretamente para eles, ela pensara com certeza que eles não iam conseguir escapar dali com vida. Isso foi até Vincent entregar a um deles o artefato roubado e receber em troca uma enorme mala de dinheiro.

      Depois disso, Vincent tinha se oferecido para dividir o dinheiro com ela e pedido que ela entrasse no negócio com ele. Sem pensar nas consequências, ela concordara com a parceria, decidindo que poderia conseguir ainda mais coisas para seu avô através dos vínculos de Vincent com esses novos colecionadores agressivos.

      Ela ficara empolgada com o fato de finalmente ter um parceiro e tinha visto que ele poderia ser tão dissimulado quanto era. Também não era nada mau que ele fosse extremamente sexy e tivesse um sotaque britânico que dava a impressão de que ele estava flertando com cada frase.

      Lacey balançou a cabeça pelo pensamento ingênuo enquanto ensaboava o cabelo com shampoo. Ela aceitara o acordo por ganância e, como ele era sexy para caramba… suas duas únicas fraquezas.

      Depois de uma noite e a maior parte do dia seguinte de sexo animalesco e sem compromisso, Vincent lhe havia contado um pouco sobre o círculo secreto ao qual pertencia. Não tinha demorado muito para que ela percebesse que fazer uma parceria com ele significava que ela estava se aliando, também, com toda uma rede de poderosos demônios.

      Graças ao avô, ela não tinha ficado completamente desinformada sobre demônios, mas isso não significava que ela algum dia iria compactuar com um deles. Embora a consciência de saber aonde ela estava se metendo a tivesse deixado nervosa, ela havia ignorado o sexto sentido e ficara ansiosa pela emoção que Vincent estava lhe oferecendo.

      Naquela noite, ele tinha levado a moça para conhecer o demônio líder do círculo secreto… um velho que, em todos os aspectos, parecia ter uns cento e dez anos de idade e atendia pelo nome de Masters, que ela achara engraçado na época.


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