Rastro de um Assassino . Блейк Пирс

Rastro de um Assassino  - Блейк Пирс


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sentiu inveja?"

      Ela observou Becky atentamente enquanto a mulher respondia. Ela tomou um gole de água, mas tossiu como se um pouco tivesse descido pelo tubo errado. Após alguns segundos, respondeu.

      "Eu tenho sim inveja algumas vezes. Admito isso. Mas não é culpa de Kendra as coisas não terem dado tão certo para mim. Na verdade, é difícil até se chatear com ela. É a pessoa mais amável que conheço. Eu tive alguns... problemas e ela sempre esteve ao meu lado quando as coisas ficaram difíceis".

      Keri suspeitou o que poderiam ser esses "problemas", mas não disse nada. Becky continuou.

      "Além disso, ela é muito generosa, sem querer mandar em mim. A linha que separa as duas coisas é muito delicada. Ela até comprou o vestido que vou usar para o jantar de gala desta noite, supondo que ainda vá acontecer. Você sabe se vai?"

      "Não sei", Keri respondeu, ríspida. "Fale-me sobre o relacionamento dela com Jeremy. Como era o casamento deles?"

      "Era bom. Eles eram ótimos parceiros, uma equipe realmente eficiente".

      "Isso não soa muito romântico. É um casamento ou uma empresa?"

      "Não acho que eles eram um casal super apaixonado. Jeremy é um cara muito centrado, prático. E Kendra passou pela fase de se sentir atraída por caras sexy e selvagens nos seus vinte anos. Acho que ela estava feliz em ter um cara estável, gentil, com o qual podia contar. Eu sei que ela o ama. Mas não são como Romeu e Julieta, se é isso que você quer dizer".

      "Certo, mas ela já ansiou por essa paixão? Ela poderia, talvez, ter ido atrás disso, digamos, num encontro com a turma da escola?" Keri perguntou.

      "Por que pergunta?"

      "Jeremy disse que ela parecia um pouco perturbada depois de voltar da reunião".

      "Ah, isso", Becky disse, fungando novamente antes de irromper num outro curto acesso de tosse.

      Enquanto ela tentava recuperar o controle, Keri notou uma barata rastejando pelo chão e tentou ignorar. Quando Becky se recuperou, continuou a falar.

      "Acredite, ela não estava aprontando nenhuma. Na verdade, foi o oposto. Um ex-namorado dela, um cara chamado Coy Brenner, ficou dando em cima dela o tempo todo. Kendra foi educada, mas ele foi bem insistente".

      "Insistente como?"

      "Ao ponto de ser desconfortável. Ele era um daqueles caras meio selvagens dos quais lhe falei. Enfim, simplesmente não aceitava um não como resposta. No final do encontro, ele disse algo sobre encontrar-se com ela na cidade. Acho que isso realmente a incomodou".

      "Ele mora aqui?"

      "Morou em Phoenix por muito tempo. O encontro foi lá. Todos crescemos lá. Mas ele mencionou algo sobre se mudar para San Pedro recentemente, disse que estava trabalhando no porto".

      "Quando foi esse encontro?"

      "Há duas semanas", Becky disse. "Você acha realmente que ele tem algo a ver com isso"

      "Eu não sei. Mas vamos averiguar. Onde posso encontrá-la, se precisar entrar em contato novamente?

      "Eu trabalho numa agência de casting na Robertson, do outro lado do restaurante The Ivy. Fica a uns dez minutos a pé daqui. Mas eu sempre estou com o celular. Por favor, não hesite em ligar. Qualquer coisa que eu puder fazer para ajudar, é só pedir. Ela é como uma irmã para mim".

      Keri encarou Becky Sampson, tentando decidir se mencionava o elefante branco na sala. O fungado e tosse constantes, a total falta de interesse de manter um lar habitável, o resíduo branco e a nota enrolada no chão, tudo sugeria que a mulher estava viciada em cocaína.

      "Obrigada pelo seu tempo", ela disse, por fim, decidindo não dizer nada no momento.

      A situação de Becky poderia se mostrar útil mais tarde. Mas não havia necessidade de usar isso ainda, quando não tinha nenhuma vantagem tática. Keri saiu do apartamento e desceu as escadas, apesar dos lances de dor em seu ombro e costelas.

      Ela se sentiu um pouco culpada por manter o vício de Becky como uma carta na manga, com o potencial de ser usada mais tarde. Mas a culpa esmaeceu rapidamente quando ela deixou o prédio e respirou o ar fresco. Ela era uma detetive, não uma assistente social que ajudava drogados. Qualquer coisa que pudesse ajudá-la a resolver o caso seguia as regras do jogo.

      Enquanto entrava no tráfego e se dirigia para a rodovia, ela ligou para a delegacia. Precisava saber tudo o que eles tinham sobre o ex-namorado agressivamente interessado de Kendra, Coy Brenner. Keri estava prestes a lhe fazer uma visita surpresa.

      CAPÍTULO SETE

      Keri tentou manter a calma enquanto sentia sua pressão sanguínea subir. A hora do rush no trânsito se aproximava enquanto ela seguia para o sul na 110 até o porto de Los Angeles, em San Pedro. Passava das quatro horas da tarde e, mesmo dirigindo na "faixa solidária" e com a sirene ligada, o progresso era lento.

      Ela saiu da rodovia e dirigiu lentamente pelas complicadas estradas das docas até o prédio administrativo, na Palos Verdes Street. Lá, Keri iria se encontrar com o representante da polícia portuária, que designaria dois policiais para lhe dar cobertura quando ela fosse interrogar Brenner. A participação da polícia portuária era necessária, já que ela estava na jurisdição deles.

      Normalmente, Keri se irritava com esse tipo de requisito burocrático, mas, pela primeira vez, não se importou em ter cobertura. Ela geralmente se sentia bem confiante em enfrentar qualquer suspeito possível, por ser treinada em Krav Maga e até ter tido algumas aulas de boxe com Ray. Mas com seu ombro comprometido e costelas quebradas, ela não estava tão confiante em si mesma, como geralmente acontecia. E Brenner não parecia ser fácil de lidar.

      De acordo com o detetive Manny Suarez, que puxou a ficha de antecedentes para Keri enquanto ela dirigia, Coy Brenner era uma figura. Havia sido preso pelo menos meia dúzia de vezes, duas vezes por dirigir alcoolizado, uma vez por roubo, duas por assalto, e, o mais impressionante: uma vez por fraude, o que havia resultado em seu período mais longo atrás da grades — seis meses. Isso foi há quatro anos e, como ele não tinha permissão de deixar o Estado por cinco anos, estava, tecnicamente, violando sua liberdade condicional.

      Agora, ele era um trabalhador das docas no píer 400. Ainda que tenha dado a entender a Becky e a Kendra que tinha acabado de se mudar para San Pedro há poucas semanas, os registros mostravam que Brenner vinha morando num apartamento de Long Beach há mais de três meses.

      O representante da polícia portuária, sargento Mike Covey, e seus dois oficiais, estavam esperando por ela. Covey era um homem alto, levemente calvo, no final dos 40 anos, com uma expressão séria. Keri havia falado com ele sobre o caso pelo telefone e ele, obviamente, havia repassado as informações para seus homens.

      "O turno de Brenner termina às 16h30", Covey disse a ela, depois de trocarem apresentações. "Já são 16h15, então, eu liguei para o gerente do píer e disse a ele para não liberar a equipe mais cedo. Ele é conhecido por fazer isso".

      "Agradeço. Acho que deveríamos ir para lá imediatamente. Quero dar uma olhada no cara antes de interrogá-lo".

      "Entendido. Se quiser, podemos ir na frente no seu carro, para levantar menos suspeitas. Os oficiais Kuntsler e Rodriguez podem seguir separadamente no carro de patrulha. Patrulhamos os píers constantemente, então, a presença deles na área não vai parecer estranha para seu suspeito. Mas se ele vir um rosto não familiar sair de um de nossos veículos, pode causar alguma surpresa".

      "Concordo", Keri falou, agradecida por não estar numa queda de braço; provavelmente porque, como ela sabia, a polícia portuária odiava publicidade negativa. Eles ficariam felizes em lidar com o caso discretamente, mesmo que isso significasse ceder autoridade a outro órgão.

      Keri seguiu as instruções do sargento Covey, passando pela ponte Vincent Thomas até o estacionamento para visitantes do píer 400. Levou mais tempo do que esperava, e eles chegaram às 16h28. Covey falou


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