Rastro de um Assassino . Блейк Пирс
desabafo brincalhão havia deixado Keri à vontade demais e ela percebeu, muito tarde, que o último comentário dela havia enviando os dois diretamente de volta para aquela sensação desconfortável. Ray ficou em silêncio por um momento, então, abriu a boca para falar, mas Keri se adiantou.
"De toda forma, tenho que ir. Deveria estar me encontrando com a amiga de Kendra neste momento. Volto para cá mais tarde. Pegue leve, entendeu?"
Ela saiu sem esperar por uma resposta. Enquanto caminhava apressada pelo corredor para pegar o elevador, ela continuou repetindo a mesma palavra várias vezes.
Idiota. Idiota. Idiota.
CAPÍTULO SEIS
Ainda sentindo o rosto arder levemente de vergonha, Keri dirigiu a curta distância até a casa de Becky Sampson. Ela viu o rubor do seu rosto no retrovisor e desviou o olhar rapidamente, tentando pensar em qualquer outra coisa a não ser sobre como tinha encerrado a conversa com Ray. Ocorreu-lhe que ela havia saído tão rápido que esqueceu de contar a ele sobre a ligação anônima em relação a Evie e sua ida ao armazém abandonado.
Este caso, Keri. Mantenha a concentração neste caso.
Pensou em ligar para o detetive Kevin Edgerton, o especialista em tecnologia que estava rastreando a localização mais recente do GPS de Kendra, para ver se tinha tido alguma sorte.
Parte dela achava irritante o fato de Edgerton estar trabalhando nisso ao invés de tentando descobrir o código para revelar os dados no laptop de Pachanga. Novamente, a frustração tomou conta dela enquanto lembrava como eles pensaram, no início, que haviam acessado uma rede inteira de raptores, apenas para esbarrar em novos obstáculos no caminho.
Keri tinha certeza de que o criptograma de que precisava estava em algum lugar nos arquivos do advogado de Pachanga, Jackson Cave. Ela decidiu que faria uma visita a Cave hoje, com ou sem caso.
Enquanto fazia essa promessa, ela estacionava o carro em frente à casa de Becky Sampson.
Hora de colocar Cave de lado por ora. Kendra Burlingame precisa de minha ajuda. Mantenha o foco.
Ela saiu do carro e avaliou a vizinhança por um momento enquanto subia até a porta principal do condomínio. Becky Sampson morava num prédio de três andares no estilo Tudor. A rua inteira, North Stanley Drive, estava repleta de construções ornamentadas de maneira igualmente afetada.
Essa parte de Beverly Hills, logo ao sul do Cedars-Sinai e da Burton Way e a oeste da Robertson Boulevard, ficava, tecnicamente, dentro dos limites da cidade. Mas como era cercada pelos distritos comerciais e ao lado da cidade de Los Angeles, o aluguel era bem mais barato. Ainda assim, o endereço continha o nome Beverly Hills, e isso tinha suas vantagens.
Keri interfonou para o apartamento de Becky e sua passagem foi imediatamente permitida. Depois de entrar, tornou-se aparente que o CEP era o maior diferencial do lugar. Certamente, não era o prédio em si. Enquanto caminhava até o elevador, Keri observou a pintura rosa claro descascando nas paredes e o carpete grosso, manchado. Tudo cheirava a mofo.
O elevador fedia ainda mais, como se tivesse passado por vários incidentes com vômito ao longo dos anos e não pudesse mais esconder o mau cheiro. Ele subiu aos solavancos até chegar ao terceiro andar e as portas se abriram com ruído. Keri saiu do elevador decidida a descer pelas escadas, mesmo que suas costelas e ombro não fossem gostar nada disso.
Ela bateu na porta do apartamento 323, destravou sua arma, descansou a mão sobre ela discretamente e esperou. O som de pratos sendo jogados sem cerimônia numa pia foi fácil de identificar, assim como o baque surdo de seja lá o que fosse que estivesse espalhado pelo chão sendo jogado num armário.
Agora, ela está conferindo sua aparência num espelho perto da porta. Aí está a sombra através do olho-mágico enquanto ela me avalia, e a porta deve se abrir em três, dois...
Keri ouviu uma fechadura girar e a porta se abriu para revelar uma mulher magra, meio acabada. Ela deveria ter aproximadamente a mesma idade de Kendra, se elas foram para uma reunião juntas, mas parecia muito mais velha, mais perto dos cinquenta do que dos quarenta anos. Seu cabelo tingido era de um castanho pardacento e seus olhos castanhos eram tão injetados quanto os de Keri, normalmente. A palavra que imediatamente veio à mente para descrevê-la era nervosa.
"Becky Sampson?" Keri perguntou, mais pelo protocolo, apesar da foto da carteira de habilitação que lhe enviaram no caminho claramente batesse. Sua mão direita continuou a descansar no cabo da arma.
"Sim. Detetive Locke? Entre".
Keri entrou, mantendo certa distância entre ela e Becky. Mesmo magricelas de Beverly Hills que querem ser o que não são podiam causar estragos se você baixar a guarda. Ela tentou não franzir o nariz com o cheiro de mofo que dominava o lugar.
"Posso lhe oferecer alguma coisa?" Becky perguntou.
"Um copo de água", Keri respondeu, menos por sede do que para ter a chance de avaliar mais demoradamente o apartamento, enquanto sua anfitriã estivesse na cozinha.
Com as janelas fechadas e as persianas repuxadas, o apartamento era sufocante. Tudo parecia ter uma camada de poeira por cima, das mesas laterais até as estantes, e também o sofá. Keri entrou na sala de estar e notou que estava enganada.
Uma parte da mesa de centro estava brilhando, como se fosse usada constantemente. No chão na frente desse ponto, Keri notou várias partículas do que parecia um pó branco. Ela se ajoelhou, ignorando a intensa dor em suas costelas, e olhou sob a mesa. Viu uma nota de um dólar parcialmente enrolada, coberta com um resíduo esbranquiçado. Ela ouviu a torneira da pia ser fechada e ficou de pé antes de Becky entrar novamente na sala, com dois copos de água.
Claramente surpresa ao ver Keri tão distante da porta da frente, Becky lhe deu um olhar suspeito antes de, involuntariamente, olhar para o ponto limpo sobre a mesa.
"Posso me sentar?" Keri perguntou, casualmente. "Uma de minhas costelas está quebrada e doi ficar de pé por muito tempo".
"Claro", Becky disse, aparentemente aplacada. "Como aconteceu?"
"Numa briga com um sequestrador de menores".
Os olhos de Becky se arregalaram, em choque.
"Ah, mas não se preocupe", Keri a tranquilizou. "Eu o matei depois disso".
Com confiança suficiente por ter baixado a guarda de Becky, ela pisou fundo.
"Eu lhe falei ao telefone que precisava conversar sobre Kendra Burlingame. Ela está desaparecida. Tem alguma ideia de seu paradeiro?
Apesar de parecer improvável, os olhos de Becky se abriram ainda mais do que antes.
"O quê?"
"Ela não dá notícias desde a manhã de ontem. Quando foi a última vez que falou com ela?"
Becky tentou responder, mas, subitamente, começou a tossir e a arquejar. Após alguns instantes, ela se recuperou o suficiente para falar alguma coisa.
"Fomos fazer compras na tarde de sábado. Ela estava procurando um vestido novo para o jantar de gala beneficente de hoje à noite. Tem certeza de que ela está desaparecida?"
"Temos certeza. Notou algo no comportamento dela no sábado? Parecia ansiosa sobre algo?"
"Na verdade, não", Becky respondeu, enquanto fungava e buscava um lenço. "Quero dizer, houve alguns contratempos com o responsável pela arrecadação de fundos com o qual ela estava tratando, ligações para o bufê e coisas assim. Mas nada que ela não tenha lidado um milhão de vezes antes. Ela não parecia estar tão incomodada".
"Como foi para você, Becky, ouvi-la fazer aquelas ligações sobre um elegante jantar de gala enquanto ela comprava um vestido caro?"
"O que quer dizer?"
"Quero dizer, você é a melhor amiga dela, certo?"
Becky assentiu. "Por quase vinte e cinco