Quase Perdida. Блейк Пирс

Quase Perdida - Блейк Пирс


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havia algo a ser dito em favor de brigas barulhentas era que elas eventualmente terminavam, ainda que fosse com vidro quebrado ou uma ligação para a emergência. Porém, isto causava outros traumas e cicatrizes duradouras. Também trazia uma sensação de medo, porque gritos e violência física mostravam que uma pessoa era capaz de perder o controle de si mesma e, portanto, não era confiável.

      Em suma, este fora seu pai após a morte de sua mãe.

      Cassie olhou ao redor da cozinha alegre e arrumada, tentando imaginar o que poderia ter acontecido aqui entre Ryan e sua esposa. As piores brigas, em sua experiência, aconteciam na cozinha e no quarto.

      – Sinto muito por você ter tido que passar por isso – ela disse, suavemente.

      Ryan observava-lhe atentamente e ela devolveu o olhar, encarando os penetrantes e pálidos olhos azuis.

      – Cassie, você parece compreender – ele disse.

      Ela pensou que ele perguntaria algo mais, mas, naquele momento, a porta de entrada se abriu.

      – As crianças chegaram, bem na hora – ele soava aliviado.

      Cassie olhou pela janela. Gotas de chuva respingavam no vidro e, assim que a porta bateu, um aguaceiro frio de inverno começou a desabar.

      – Oi, pai!

      Passos bateram no assoalho de madeira e uma jovem garota magricela, vestindo bermudas de ciclismo e um agasalho verde, entrou correndo na cozinha. Ela parou ao ver Cassie, examinando-a de cima a baixo, depois caminhou até ela para apertar sua mão.

      – Olá. Você é a moça que vai cuidar de nós?

      – Meu nome é Cassie. Você é Madison? – Cassie perguntou.

      Madison assentiu e Ryan bagunçou os cabelos castanhos brilhantes de sua filha.

      – Cassie ainda está decidindo se quer trabalhar para nós. O que você acha? Promete se comportar da melhor forma possível?

      Madison deu de ombros.

      – Você sempre nos diz para não prometer o que não podemos cumprir. Mas vou tentar.

      Ryan riu e Cassie viu-se sorrindo com a honestidade atrevida da resposta de Madison.

      – Onde o Dylan está? – Ryan perguntou.

      – Está na garagem, colocando óleo na bicicleta. Estava rangendo na subida, depois a corrente caiu – Madison respirou fundo e andou até a porta da cozinha. – Dylan! – gritou. – Venha aqui!

      Cassie ouviu um distante “Estou indo!”.

      – Ele demora uma eternidade – Madison disse. – Quando começa a mexer nas bicicletas, ele não para.

      Notando o prato de lanches, ela traçou uma linha reta na direção dele, seus olhos se iluminando. Em seguida, olhando para o conteúdo, deu um suspiro exasperado.

      – Pai, você fez pão com ovo.

      – Tem algum problema? – Ryan perguntou, sobrancelhas levantadas.

      – Você sabe minha opinião sobre ovos. É tipo um sanduíche de vômito.

      Ela selecionou cuidadosamente um bolinho na parte oposta do prato.

      – Sanduíche de vômito? – a voz de Ryan combinava indignação e diversão. – Maddie, não deve dizer esse tipo de coisa na frente de uma visita.

      – Cuidado, Cassie, essa gosma de ovo gruda em tudo – Madison alertou, mostrando sua cara sem arrependimento ao pai.

      Repentinamente, Cassie sentiu um estranho senso de pertencimento. Esses gracejos eram exatamente o que ela havia esperado. Até agora, esta parecia ser uma família normal e feliz, provocando um ao outro, cuidando uns dos outros, ainda que ela tivesse certeza de que cada um deles tivesse as próprias manias e dificuldades. Ela se deu conta do quanto tinha estado tensa, antecipando que algo desse errado.

      Cassie ainda não tinha comido nada porque tinha estado constrangida em comer na frente de Ryan. Agora, percebendo como estava com fome, decidiu que era melhor comer algo antes que seu estômago a envergonhasse com um ronco audível.

      – Vou ser corajosa e experimentar um sanduíche – ela se voluntariou.

      – Obrigado. Sinto alívio por alguém apreciar meu talento culinário maravilhoso – Ryan disse.

      – Maravilh-ovo – Madison adicionou, fazendo Cassie rir. Virando-se para Cassie, ela disse – Papai prepara toda a comida. Ele só detesta limpar.

      – Detesto mesmo – Ryan disse.

      Madison respirou fundo outra vez e voltou-se para a porta da cozinha.

      – Dylan! – ela berrou. Em seguida, adicionou em sua voz normal. – Ah, aí está você.

      Um garoto alto e esguio entrou. Ele tinha os mesmos cabelos castanhos brilhantes da irmã e Cassie imaginou se ele teria acabado de ter um surto de crescimento, porque, olhando para ele, via só pernas, braços e tendões.

      – Oi, prazer em conhecê-la – ele disse a Cassie, um tanto quanto distraído.

      Em seu rosto de menino, ela podia ver alguma similaridade com Ryan. Eles partilhavam do mesmo maxilar forte e maçãs do rosto bem-definidas. No rosto oval e bonito de Madison, via menos de Ryan e imaginou qual seria a aparência da mãe das crianças. Haveria fotos de família em algum lugar da casa? Ou o divórcio teria sido tão amargo que elas teriam sido removidas?

      – Estenda a mão para Cassie – Ryan lembrou seu filho, mas Dylan mostrou as mãos e Cassie viu que suas palmas estavam pretas de óleo. – Oh-ou. Venha cá.

      Depressa, Ryan foi até a pia, abriu a torneira e despejou uma generosa quantidade de detergente nas mãos do filho.

      Enquanto Ryan estava distraído, Cassie pegou outro sanduíche.

      – O que a bicicleta tinha de errado? – Ryan perguntou.

      – A corrente estava pulando quando eu mudava de marcha – Dylan explicou.

      – Você consertou? –Ryan monitorava com atenção o progresso de Dylan ao lavar as mãos.

      – Sim – Dylan disse.

      Cassie esperava que ele elaborasse melhor, mas ele não o fez. Ryan entregou-lhe uma toalha e ele secou as mãos, apertando a mão de Cassie brevemente em um cumprimento formal, depois virando sua atenção para os lanches.

      Dylan não falou muito enquanto comia, mas Cassie ficou impressionada com a quantidade de comida que ele conseguiu engolir em poucos minutos. O prato estava quase vazio quando Ryan o devolveu à geladeira.

      – Você vai perder o apetite para o jantar se continuar comendo e estou prestes a fazer espaguete à bolonhesa – ele disse.

      – Vou comer todo o espaguete também – Dylan prometeu.

      Ryan fechou a geladeira.

      – Certo, crianças, precisam trocar de roupa agora, ou vão pegar um resfriado.

      Quando eles saíram, Ryan voltou-se para Cassie e ela notou que ele soava ansioso.

      – O que você acha? Eles são como você esperava? São ótimas crianças, apesar de terem seus momentos.

      Cassie tinha gostado das crianças imediatamente. Madison, em particular, parecia uma criança fácil e ela não podia imaginar que faltasse conversa ao redor da jovem falante. Dylan parecera mais complexo, uma pessoa mais quieta e introvertida. Mas também poderia ser o fato de ele ser mais velho, quase adolescente. Fazia sentido que ele não tivesse muito a dizer a uma au pair de 23 anos.

      Ryan estava certo, as crianças pareciam tranquilas e, o mais importante, ele dava a impressão de ser um pai solidário que ajudaria com quaisquer problemas, caso ocorressem.

      Decisão tomada, então. Ela aceitaria o emprego.

      – Eles parecem uns amores. Ficarei feliz em trabalhar para vocês nas próximas três semanas.

      O


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