Quase Perdida. Блейк Пирс

Quase Perdida - Блейк Пирс


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você aceitar. Algo na sua energia me intriga. Adoraria saber das coisas pelas quais você passou, o que te moldou, porque você parece… Não sei como descrever. Sábia. Madura. De qualquer forma, sinto que meus filhos estarão em excelentes mãos.

      Não soube o que dizer. Os elogios de Ryan estavam deixando Cassie constrangida.

      Ryan acrescentou. – As crianças ficarão empolgadas. Já posso ver que eles gostam de você. Vamos ajeitar suas coisas e eu farei um tour rápido com você pela casa. Trouxe malas com você?

      – Sim, trouxe.

      Aproveitando a pausa na chuva, Ryan foi com ela até o carro e pegou as malas pesadas com facilidade, carregando-as até o corredor.

      – Temos só uma garagem, que é o domínio da Land Rover, mas estacionar na rua é totalmente seguro. A casa é simples. Temos uma sala de estar à direita, a cozinha adiante e, à esquerda, fica a sala de jantar, que raramente usamos, então foi transformada em uma sala de quebra-cabeças, leitura e jogos, como você pode ver.

      Espiando o cômodo, ele suspirou.

      – Quem é o entusiasta de quebra-cabeças?

      – Madison. Ela adora trabalhos manuais, artesanato, qualquer coisa com o que possa se ocupar.

      – E ela gosta de esportes? – Cassie perguntou. – Ela tem múltiplos talentos.

      – Receio que, para Maddie, o trabalho escolar seja o ponto fraco. Ela precisa de ajuda, academicamente; com matemática, em especial. Então, qualquer assistência que você possa oferecer, ou mesmo somente apoio moral, será ótimo.

      – E quanto ao Dylan?

      – Ele é apaixonado por ciclismo, mas não liga para nenhum outro esporte. Ele tem a mente muito mecânica e só tira nota 10. Não é sociável, no entanto, e é uma linha tênue com ele, porque ele pode ser um garoto temperamental, caso se sinta pressionado.

      Cassie assentiu, grata pela informação sobre as crianças sob seus cuidados.

      – Aqui está o seu quarto. Vamos deixar as malas.

      O pequeno quarto tinha uma linda vista do mar. Decorado em branco e turquesa, parecia limpo e acolhedor. Ryan depositou a mala grande ao pé da cama, colocando a menor na poltrona listrada.

      – O banheiro de hóspedes fica no final do corredor. Temos o quarto de Madison à direita, o quarto de Dylan à esquerda e, finalmente, o meu. Depois, há outro lugar que devo te mostrar.

      Ele acompanhou Cassie de volta pelo corredor, entrando na sala de estar. Adiante, atravessando as portas de vidro, Cassie viu uma varanda coberta, com mobílias de ferro forjado.

      – Uau – ela respirou. A vista do oceano deste ponto era extraordinária. Havia uma queda dramática até o oceano abaixo e ela conseguia ouvir as ondas batendo contra o rochedo.

      – Aqui é o meu lugar de paz. Sento aqui todas as noites após o jantar para relaxar, geralmente com uma taça de vinho. Você está convidada para se juntar a mim a hora que quiser – o vinho é opcional, mas vestuário quente e impermeável é compulsório. A varanda tem um teto sólido, mas não tem janelas. Considerei fazer isso, mas descobri que não era capaz. Lá fora, com o som do mar e a ocasional rajada de água em noites de tempestade, você se sente tão conectado com o oceano. Dê uma olhada.

      Ele abriu a porta de correr.

      Cassie deu um passo para fora, em direção à beira, agarrando o corrimão de aço.

      Ao fazê-lo, a tontura a inundou e, subitamente, ela não estava mais olhando para uma praia em Devon.

      Estava debruçada sobre um parapeito de pedras, horrorizada, encarando o corpo amassado lá embaixo, alagada de pânico e confusão.

      Podia sentir a pedra, fria contra os seus dedos.

      Lembrava-se do toque de perfume que ainda protelava no quarto opulento e a forma como a náusea havia fervilhado dentro dela, suas pernas ficando tão fracas que ela pensou que iria desabar. O modo como havia sido incapaz de se lembrar do desenrolar dos eventos da noite anterior. Seus pesadelos, sempre ruins, tinham se tornado ainda piores, mais vívidos, depois da visão chocante, de modo que ela não conseguisse distinguir onde os sonhos terminavam e as memórias começavam.

      Cassie pensou ter deixado aquela pessoa assustadora para trás, mas, agora, com a escuridão engolindo-a depressa, entendia que as memórias e o medo se tornaram parte dela.

      – Não! – Ela tentou gritar, mas sua própria voz parecia vir de um lugar distante, longínquo, e tudo o que emitiu foi um sussurro áspero e inaudível.

      CAPÍTULO QUATRO

      – Pronto, fique calma. Só respire. Para dentro, para fora, para dentro, para fora.

      Ao abrir os olhos, Cassie encontrou-se olhando para as tábuas de madeira maciça do deck.

      Ela estava sentada na almofada macia de uma das cadeiras de ferro forjado, com a cabeça entre os joelhos. Mãos firmes seguravam seus ombros, apoiando-a.

      Era Ryan, seu novo patrão. As mãos dele, a voz dele.

      O que ela tinha feito? Havia entrado em pânico e feito papel de boba. Apressadamente, ela lutou para ficar ereta.

      – Calma, vá devagar.

      Cassie arfou. Sua cabeça girava e ela sentiu como se estivesse tendo uma experiência fora do corpo.

      – Você sofreu um sério ataque de vertigem. Por um minuto, pensei que você fosse cair por cima da grade – Ryan disse. – Consegui te segurar antes de você apagar. Como está se sentindo?

      Como ela estava se sentindo?

      Gélida, tonta e mortificada pelo que havia acontecido. Ela estivera desesperada para causar uma boa impressão e corresponder aos elogios de Ryan. Em vez disso, tinha estragado tudo e deveria se explicar.

      Como poderia, no entanto? Se ele soubesse dos horrores pelos quais ela passara e que seu antigo patrão estava sendo julgado por assassinato neste exato momento, Ryan poderia mudar de ideia sobre ela, julgá-la instável demais para cuidar dos filhos dele neste período em que estabilidade era o que ele precisava. Até mesmo um ataque de pânico poderia ser motivo de preocupação.

      Seria melhor prosseguir com o que ele tinha presumido – que ela havia sofrido de vertigem.

      – Estou me sentindo muito melhor – ela respondeu. – Sinto muito. Eu deveria ter lembrado que sofro de vertigem se fico muito tempo sem estar em um lugar alto. Mas vai melhorar. Em um dia ou dois, ficarei bem aqui fora.

      – Bom saber, mas, enquanto isso, você deve tomar cuidado. Está bem para se levantar agora? Continue segurando meu braço.

      Cassie levantou-se, escorando-se em Ryan até ter certeza de que suas pernas a sustentariam, depois, lentamente, caminhou de volta com ele até a sala de estar.

      – Estou bem agora.

      – Tem certeza? – ele segurou o braço dela por mais um momento antes de soltar. – Tire um tempo para desfazer as malas, descansar e ajeitar suas coisas agora. Estarei com o jantar pronto às seis e meia.

*

      Cassie desfez suas malas com calma, garantindo que seus pertences estivessem cuidadosamente arrumados dentro do excêntrico guarda-roupa branco e que seus medicamentos estivessem guardados no fundo da gaveta da escrivaninha. Ela não achava que esta família vasculharia seus pertences quando ela não estivesse presente, mas não queria dar espaço para nenhuma pergunta constrangedora sobre os remédios para ansiedade que tomava, especialmente após o ataque de pânico que sofrera mais cedo.

      Ao menos havia se recuperado do episódio rapidamente, o que devia ser um sinal de que sua ansiedade estava sob controle. Fez uma nota mental para tomar seus comprimidos noturnos antes de reunir-se à família para o jantar, só por precaução.

      O aroma delicioso de alho fritando e carne dourando flutuou pela casa muito antes das seis e meia. Cassie esperou até seis e quinze, depois vestiu uma de suas blusas mais bonitas, com miçangas


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