A Posse De Um Guardião. Amy Blankenship
pertencia?
Ele rosnou baixinho, ficando irritado com os seus próprios pensamentos confusos. Como ele poderia fazê-la concordar em ficar aqui, com ele, sem ter que lutar com ela a cada passo do caminho? Este era um novo obstáculo para o senhor do reino dos demónios.
Se tivesse sido outra pessoa a causar esses pensamentos para assombrá-lo, ele simplesmente os destruiria e seguiria com a sua existência. Mas... ela era a sua sacerdotisa... ele era o seu guardião. Ele não queria matá-la. Ele não queria magoa-la de jeito nenhum. Ele queria apenas mantê-la. Essa noção o surpreendeu.
Ele faria um acordo com ela. Sim, ela iria mostrar-lhe o que ele queria saber. Só então a deixaria ir... Se ela ainda quisesse ir e ele se certificaria de que não o fizesse. O fato de Hyakuhei ter entrado nos seus sonhos apenas alguns momentos atrás aumentou a sua necessidade de mantê-la por perto.
A sua única preocupação neste momento era o poder do mestre dos sonhos... era forte o suficiente para quebrar a barreira que cercava a sua casa? A magia antiga seria suficiente para protegê-la? Ela não fazia ideia de quanto perigo realmente corria. Os olhos dourados de Kyou se voltaram para o rosto dela quando ele sentiu o seu pulso acelerar. Ela estava a acordar.
Ele se sentou no travesseiro ao lado dela e esperou. Primeiro, tentaria acalmar os seus medos. Então, e só então, seria capaz de passar para a próxima etapa... mantê-la ao lado dele independentemente do custo.
Kyoko se sentia como se estivesse numa nuvem e isso a confundiu. A sua mão se moveu em algo muito macio e ela se perguntou se estava a sonhar outra vez... Hyakuhei a beijou tão suavemente. Por que ele a beijou? Os seus olhos se abriram apenas para se arregalarem quando a primeira coisa que viu foi Kyou sentado ao lado dela, parecendo um anjo congelado que tinha perdido as asas.
Olhos dourados sem emoção a estavam a fixar no local onde ela estava deitada. As semelhanças entre o seu sonho e a sua realidade eram desanimadoras para dizer o mínimo.
Ela rapidamente olhou ao redor reparando no piso de mármore preto e as paredes de pedra. O seu primeiro pensamento foi que aquilo era exatamente como a caverna, só que melhor. Parecia o que ela sempre imaginou que seria o interior de um castelo. Grandes tapeçarias cobriam partes das paredes dando um toque mais quente junto com o travesseiro dourado e preto onde estava deitada.
A sua atenção voltou a Kyou, percebendo que ele não tinha movido um músculo. Mais uma vez, a lembrança do seu pensamento anterior voltou para assombrá-la... Ele é tão perigoso quanto Hyakuhei. Como alguém tão bonito pode ser tão mau? A escuridão da sala fazia a sua aura parecer perturbadoramente mais brilhante, como se gozasse dos seus pensamentos.
Mais uma vez, a mesma sensação de nó no estômago voltou, como no sonho. Fechando os olhos com força, ela cerrou os punhos no travesseiro e rezou para que isso fosse apenas mais um sonho... que acordasse de volta com a estátua da donzela e Toya estivesse de pé sobre ela gritando sobre a sua estupidez por ter voltado no meio da noite. Quando os seus olhos se abriram, engoliu em seco com medo, compreendendo que isso era muito real.
Quando ele realmente falou, ela se assustou tanto que estremeceu com a voz melancólica. Os seus olhos esmeralda se arregalaram com a reação sabendo que tinha acabado de estragar novamente, mostrando-lhe medo... isso não era bom.
– Eu não vou te magoar... se tu te comportares. – Kyou olhou fixamente nos olhos dela, esperando a sua reação às palavras dele. Ele então sorriu interiormente quando ela olhou para ele. Ótimo. ele pensou. Ela não ia gritar de medo dele... não pelo menos enquanto ela ainda estava com tanta raiva.
Kyoko olhou fixamente para ele enquanto se lembrava do que ele tinha feito... e bem ali na frente de Toya, de todas as pessoas. Como ele pôde ter feito tal coisa? Levantando o queixo Kyoko assobiou: – E o que faz tu pensares que eu algum dia me comportaria?
Kyou quase se perdeu quando a demanda voou dos seus lábios rosados. Pelos deuses, ela estava determinada a desafiá-lo até ao fim. Apesar da sua antipatia inicial por ela, tinha que saber que não era o seu desejo acabar com a sua existência. Se fosse esse o caso, ela teria morrido nas mãos dele no primeiro encontro. O seu desafio estava a aquecer o seu sangue novamente... forçando-o a fazer um esforço físico para se concentrar na tarefa em mãos.
Os olhos de Kyoko de repente caíram dos dele. Ela não podia competir com a intensidade do seu olhar. Não naquele momento. Não com o coração a bater tão forte. O olhar estranho das suas orbes douradas a assustou mais do que lutar contra o próprio Hyakuhei.
– Tu vais te comportar se quiseres voltar para Toya e os outros guardiões. – Ele disse confiante como se estivesse a declarar um fato. Estreitou o olhar quando os olhos dela voltaram para os dele. Então... ela pensou que iria discutir, não é? Ele certamente esperava que sim. Se ele tivesse alguma coisa a ver com isso... ela nunca colocaria os olhos em Toya novamente.
– Quem tu pensas que és? – ela exigiu, ficando de joelhos na frente dele. – Tu colocaste as tuas mãos em mim... me tocaste de uma maneira que eu não queria. Eu não me importo com o que tu queres ou tens a dizer, leva-me de volta para Toya, seu... seu pervertido!
Kyou de repente se inclinou para a frente fazendo Kyoko cair de volta na sua posição original e ele saboreou o cheiro misto do seu medo e emoção.
– Tu vais ficar aqui comigo até que eu considere o contrário. Se os teus chamados Guardiões não podem estar presentes para proteger-te, então eles não merecem a responsabilidade. – O temperamento de Kyou explodiu quando se lembrou do quão perto ela esteve da morte pelos demónios que ele destruiu antes de tomá-la. Isso foi para o bem dela. Se ele não a tivesse encontrado a tempo, ela estaria com Hyakuhei agora, em vez da sua proteção.
Os lábios de Kyoko se separaram em confusão – Por que tu queres que eu fique aqui contigo? – Foi então que ela percebeu o quão perto ele estava enquanto se inclinava sobre ela. Ela observou a maneira como ele respirava e piscou... por um momento, parecia que a camisa dele ficou quase transparente na luz. Balançando a cabeça mentalmente, ela encontrou o seu olhar esperando por uma resposta à sua pergunta.
Antes que Kyou pudesse responder, a porta da sala se abriu e duas crianças pequenas entraram a correr, sorriam e riam. Eles pareciam ter cerca de seis anos. Os meninos tinham cabelos loiros indomáveis que paravam logo abaixo dos ombros. Eram gémeos idênticos.
Kyou sentou-se abruptamente ereto, momentaneamente, com uma expressão de alguém com a mão presa no pote de biscoitos. Kyoko nem sabia que esse olhar estava no seu repertório. Ela sabia que nunca iria esquecer... onde estava uma cámera quando tu realmente queres?
Ela inclinou a cabeça para o lado sabendo que eram crianças humanas e gémeas. Por que elas estavam aqui... com ele?
– Kyou, tu estás de volta. – Eles gritaram o seu nome enquanto corriam para mais perto. Percebendo Kyoko eles pararam, os seus olhos se arregalando com uma curiosidade tímida.
– Kyou, ela vai ficar? – eles ergueram os seus olhos azuis claros para encarar Kyou.
Kyoko assistiu Kyou. Ele nem mesmo olhou para os pequenos gémeos enquanto respondia.
– Hiroki, Hiraru. – Ele disse numa voz inexpressiva.
– Sim? – Vieram as respostas doces.
– Ela vai ficar. Agora deixem-nos por enquanto. – A voz fria e calma de Kyou não perturbou os gémeos enquanto sorriam para Kyoko, então de repente correu para a frente, fechando a distância entre eles.
Kyoko esperava ser atacada. Os seus olhos se arregalaram de surpresa quando pararam antes de alcançá-la e subiram para o colo de Kyou, abraçando-o com tudo o que valiam. Mais uma vez, a expressão no rosto de Kyou não teve preço, fazendo-a se perguntar o quanto ela realmente sabia sobre ele. Os gémeos saltaram para trás a rir quando Kyou rosnou abruptamente no fundo do seu peito antes de se virar e saltar para fora da sala.
Kyoko olhou de volta para Kyou. – Por que eles estão contigo? – Ele simplesmente ficou diante dela, elegante e irritantemente lindo. Ela percebeu