A Posse De Um Guardião. Amy Blankenship

A Posse De Um Guardião - Amy Blankenship


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mesmo ver este lugar, Kyou disse. – Kyoko assistiu Hiroki lutar para molhar o cabelo de Hiraru e ensaboá-lo.

      – Então... Kyou os salvou e agora ele os vigiava como um pai faria? – As sobrancelhas de Kyoko se ergueram em confusão. Aquilo não parecia do Kyou que ela começou a temer. O seu olhar se suavizou por um segundo se perguntando se ela realmente o conhecia. – Um príncipe do gelo com coração? – Ela riu da sua própria piada.

      Percebendo o fluxo de sabão fazendo o seu caminho em direção aos olhos de Hiraru, Kyoko decidiu oferecer a sua ajuda. – Você gostaria que eu o ajudasse a lavar o seu cabelo?

      Quando as crianças assentiram e riram, Kyoko criou coragem e tirou as roupas, em seguida, deslizou para a água para ajudá-los, ignorando completamente o fato de que no momento ela deveria estar tentando encontrar um caminho de volta para os outros guardiões e longe, longe do guardião que se tornou o seu carcereiro.

      *****

      – Como eu deveria saber que Kyoko estava voltando através do portal do tempo no meio da noite? – Toya gritou para o céu como se Kyou ainda pudesse ouvi-lo. Demorou um pouco para que Shinbe o acalmasse.

      Todos eles entraram em pânico no início, quando traços leves de vermelho começaram a se infiltrar nas íris de Toya. Quando Toya começou a destruir árvores selecionadas ao seu redor, eles decidiram recuar um momento e deixá-lo trabalhar um pouco a sua raiva em vez de deixá-la crescer a um nível tão perigoso.

      – E Hyakuhei aparecendo assim... ela poderia ter sido raptada! – Toya continuou a se enfurecer em confusão enquanto os seus olhos se transformavam em prata de raiva e então refletiam de volta em ouro enquanto a preocupação reentrava na sua mente. Ele olhou para trás, para o local onde Kyou a tinha segurado contra a sua vontade.

      – O que estou dizendo? Ela FOI raptada. Caramba! – ele rosnou taciturnamente.

      Shinbe era o oposto de Toya... ele permaneceu calmo diante da sua sacerdotisa desaparecida. – Raptada ou salva? – Ele questionou quando a sua mão apertou o seu cajado na incerteza. O que Kyou estava pensando? Ele tinha a certeza de que havia mais nessa história do que Toya estava contando a eles.

      O seu olhar ametista observava cada movimento de Toya na esperança de que o seu maldito lado demoníaco ficasse adormecido. A última coisa que eles precisavam era do sangue de demónio de Toya assumir o controle e tornar a situação pior. – Kyou nunca foi conhecido por ser bom... mesmo quando ele estava realmente a ajudar. Talvez ele a tenha levado apenas para mantê-la segura até que Hyakuhei fosse embora.

      Toya cerrou o punho sabendo que os outros não tinham visto o que ele tinha visto. Ele não queria contar a eles. De alguma forma... dizer em voz alta tornava tudo muito mais verdadeiro, mas eles tinham o direito de saber o que o seu irmão mais velho estava a fazer. – Kyou não a trará de volta.

      – Por que não? – Kamui falou pela primeira vez desde que Hyakuhei tinha desaparecido. – Ele é um guardião... um de nós. Por que ele não a trouxe de volta para nós?

      Suki ouviu em silêncio enquanto os irmãos tentavam resolver tudo. Ela ainda estava em choque com o fato de Kyou ter aparecido. Até agora, ele tinha praticamente ficado fora da guerra como se não fosse problema dele. As suas esperanças aumentaram com o pensamento de que talvez agora ele tivesse decidido ajudar, mas as palavras seguintes de Toya a fizeram estremecer de pavor.

      – Porque ele a quer só para ele... o bastardo egoísta a quer para si. Ele nunca tocou outra mulher que eu já visse assim... o que significa que ele provavelmente a escolheu para sua companheira. – Toya parou de andar percebendo o que ele acabara de dizer.

      Os seus olhos mudaram de volta para ouro puro quando ele os ergueu para olhar para os outros. O queixo de Shinbe caiu e os olhos de Suki eram do tamanho de pratos, mas era com Kamui que ele estava mais preocupado. Os olhos de Kamui estavam escondidos atrás do cabelo roxo indomado enquanto o rapaz olhava para o chão, mas Toya podia ver os seus dedos cerrados em punhos.

      Toya começou a dar um passo à frente, mas parou quando Kamui deu um passo para trás. – Não me apanhas não. A voz de Kamui mudou e o som deu a todos uma sensação muito desconfortável.

      – Kamui? – Toya cerrou os dentes, esperando que Kamui fosse capaz de se conter por enquanto. O menino era o mais inocente de todos, mas apenas porque tinha escolhido esquecer a verdade sobre o seu próprio passado.

      – Não adormeça Kyoko. – Kamui sussurrou em advertência sabendo do perigo que ela corria se Hyakuhei e o demónio do sonho pudessem chegar tão longe.

      As poças deixadas para trás pela chuva pareciam brilhar com matizes de líquido manchado ao redor de Kamui. – Hyakuhei a quer... Kyou a quer... o que os torna melhores do que todos os demónios que a querem? – A voz de Kamui tremeu enquanto o seu cabelo indomável balançava com o vento que parecia estar soprando apenas ao redor dele.

      De repente, a sombra atrás de Kamui assumiu uma forma diferente, fazendo com que os outros dessem um passo para trás.

      Com uma explosão de energia que ondulou o ar e a água ao seu redor, Kamui gritou: – Eles não podem simplesmente tirá-la de mim! – Uma chuva de purpurina caiu das asas translúcidas que apareceram rebeldes nas suas costas.

      Finalmente erguendo os seus olhos cheios de lágrimas, Kamui olhou para os outros enquanto as pontas das suas asas assumiam um tom escuro e sinistro. Ele balançou a cabeça enquanto a sua voz se tornava perigosamente suave. – Pais... irmãos... não importa. Eles não podem tê-la.

      Os guardiões protegeram os seus olhos do flash de luz que saiu de onde Kamui estava. Quando eles baixaram os braços... Kamui não estava à vista.

      – Por que tenho a sensação de que ele não foi atrás de Kyoko? – Shinbe afirmou ainda se perguntando sobre a estranha escuridão que apareceu nas pontas das asas de Kamui. Isso não era um bom sinal.

      As palavras que Kamui tinha falado, – pais e irmãos – gelaram a alma de Toya e confirmaram o seu destino. – Porque ele foi atrás de Hyakuhei!

      Os ombros de Shinbe caíram em derrota. – Eu irei atrás de Kamui, você vai encontrar Kyoko. Agora, Kamui precisa da voz da razão e eu sou o melhor para o trabalho no momento.

      Suki observou enquanto os dois partiram em direções diferentes, como se esquecendo tudo sobre ela. Então notou Kaen ainda ao lado dela. – Acho que devemos voltar para a cabana e esperar que eles voltem. – Ela encolheu os ombros, sabendo que só iria atrasar Shinbe se tentasse segui-lo.

      Ela se virou para ir embora, mas percebeu que Kaen não tinha se movido. Dando um passo para trás na frente dele, os seus lábios se separaram de admiração.

      Kaen tinha lágrimas nos olhos enquanto olhava na direção que Kamui e Shinbe tinham ido.

      *****

      Hyakuhei entrou nas câmaras da caverna onde estava hospedado. Este era o esconderijo perfeito... bem no fundo do solo enquanto eles procuravam por ele acima. As suas asas negras translúcidas sacudiram a tensão do voo e recuaram como se nunca tivessem estado lá.

      Ele olhou à volta para a beleza majestosa da caverna... era para lá que ele a levaria. Estava bem debaixo dos seus narizes e eles nem sabiam disso. Hyakuhei sentou-se no manto de pele preta que havia espalhado perto do fogo baixo para repensar a sua estratégia.

      Kyou tinha arruinado os seus planos de capturar a sacerdotisa enquanto ela estava sozinha nos jardins do Coração do Tempo... mas os planos mudaram. Agora que ela estava apenas com um dos guardiões ao invés de todos eles, não seria tão difícil mandá-la embora. Os seus olhos escureceram com intenção quando ele alcançou exatamente a coisa que o fez saber que ela estava sozinha perto do santuário da donzela.

      Assim como no sonho... o plano poderia ter sido o mesmo. Ele podia sentir o demónio dos sonhos dentro dele mesmo quando os outros demónios estavam em silêncio. Estava à espera que ele adormecesse. Hyakuhei fechou os olhos lembrando-se dos demónios de pesadelo que ele tinha vencido no passado.


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