A Deusa Do Oriente. Barbara Cartland

A Deusa Do Oriente - Barbara Cartland


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aos Lanceiros de Bengala. No momento, porém, exerço tarefas especiais nesta região.

      O Major Huntley acabou de falar e esperou por uma resposta.

      Enquanto se exprimia, pensava que aquela garota era por demais bela e jovem para viajar sozinha em qualquer parte que fosse da Índia e sobretudo naquela região específica e naquele preciso momento.

      Fez-se uma pausa estudada, como se ela se ressentisse com o fato de ter de lhe dar informações. Então, como se tivesse chegado à conclusão que não fazia o menor sentido mostrar-se difícil, declarou, com óbvia relutância:

      –Meu nome é Brucena Nairn.

      –E está viajando para Sagar ?

      –Sim.

      –Posso saber por quê?

      –Vou ficar lá com meus amigos.

      –Perdoe a minha curiosidade, pois há uma explicação para ela, mas gostaria de saber seus nomes.

      Teve novamente a sensação de que ela gostaria de desafiá-lo e dizer-lhe que não se metesse onde não era chamado.

      Ainda estava zangada. Podia notar este fato em seus olhos, que agora reconhecia como expressivos e pareciam, apesar de escuros, estar irradiando aquele sol que dentro de algumas horas transformaria as planícies atravessadas pelo trem em um inferno de calor.

      –Vou ficar com o Capitão e a Sra. Sleeman.

      O Major Huntley olhou-a sem acreditar no que acabava de ouvir.

      –Com os Sleeman? Mas como é possível?

      –Por quê? Parece-lhe tão pouco provável?

      –Mal posso crer que William Sleeman esperaria uma hóspede como a, senhorita sem participar-me sua chegada e sem tomar as devidas providências para recebê-la.

      Brucena Nairn deu de ombros.

      –Se é este o seu modo de pensar, não há razão para que eu lhe diga mais nada.

      Levantou o queixo, com ar de desafio, e olhou ostensivamente pela janela, como se a conversa tivesse chegado ao fim.

      Quase a despeito de si mesmo, Iain Huntley pôs-se a sorrir.

      Havia qualquer coisa de divertido no antagonismo daquela criaturinha que não tinha o menor direito de estar naquele trem e muito menos discutindo com ele.

      Achou que seria uma boa medida mostrar-se conciliatória.

      –Devo pedir-lhe desculpas, Srta. Nairn, mas, francamente, tomou-me de surpresa. Desde a semana passada que Sagar está proibida para todos os europeus. Como acaba de ver na estação, tem havido alguma perturbação da ordem e se tivesse ficado por lá poderia encontrar-se em uma situação muito desagradável.

      –Mas qual foi a razão de toda aquela confusão?

      –Estas coisas costumam acontecer nesta época do ano– respondeu o Major, um tanto evasivo–, mas ainda não consigo compreender porque o Capitão Sleeman, não me contou que estava à sua espera.

      Enquanto falava notou, muito surpreendido, que um ligeiro rubor apoderava-se do rosto da garota e durante alguns segundos ela mostrou-se ligeiramente perturbada.

      –Ele e a Sra. Sleeman estão de fato à sua espera?– Indagou, exprimindo-se em um tom diferente.

      Fez-se uma ligeira pausa antes que Brucena Nairn dissesse em voz baixa:

      –Eu… espero que sim.

      –Espera que sim! Pois ficaria muito grato se me contasse exatamente o que aconteceu e por que está aqui.

      –Não há a menor razão…– começou a dizer.

      Neste preciso momento seu olhar cruzou com o do Major Huntlev e quase contra sua vontade ela capitulou.

      –Bem… acontece que… acontece que o Capitão Sleeman é meu primo.

      –Então ele sugeriu que a senhorita deveria vir ficar com ele aqui na Índia?– indagou o Major Huntlev, como se estivesse começando a compreender o que havia acontecido

      –Não… exatamente.

      Ela se exprimia com hesitação e ele olhou para Brucena Nairn fixamente, antes de prosseguir

      –O que quer dizer com isto?

      –Sua mulher, a Sra. Sleeman, escreveu-me pedindo que encontrasse uma babá para sua criança. Está esperando… um nenê para o ano que vem.

      Brucena ficou levemente ruborizada, como se sentisse constrangimento em abordar assunto tão íntimo e o Major Huntley apressou-se em dizer:

      –Sim, tenho conhecimento deste fato.

      –Tentei de todos os modos, encontrar uma pessoa confiável que quisesse vir para a India, mas todas se recusaram

      Enquanto falavam, Brucena pensava que fora uma tarefa impossível convencer as moças escocesas de Invernesshire de que a India era um lugar interessante para se trabalhar.

      A relutância não partia somente delas, mas também de suas mães.

      –Não vou permitir que minha filha se case com algum pagão– diziam repetidas vezes.– Vão ficar por aqui mesmo, onde eu possa ficar de olho nelas.

      –Mas a senhora precisa levar em conta que seria uma aventura e tanto, além de representar uma oportunidade de se educar– dissera Brucena, batalhando por sua causa, tendo recebido de uma das mães, aliás urna senhora muito abespinhada, a seguinte resposta:

      –Minha filha não vai viver esse tipo de aventura na idade em que se encontra. Se a coisa lhe parece tão atraente, Srta. Brucena, por que então não vai?

      Foi a partir desta sugestão que Brucena começou a acalentar a ideia.

      No momento apenas rira, porém mais tarde, quando sua missão de encontrar uma babá para a prima Amelie, revelara-se cada vez mais impossível, começou a sentir que a Índia lhe acenava e que seria tolice recusar o convite.

      Não se sentia feliz em casa a partir do momento em que tivera idade suficiente para compreender que fora um grande e irremediável desapontamento para seu pai, pois ele queria um filho.

      O General Nairn tinha apenas dois interesses na vida, o seu regimento e a perpetuação de seu nome.

      Sua maior alegria consistia em abrir os livros nos quais podia seguir a história dos Nairn desde as épocas mais remotas e provar que todos eles tinham sido audazes guerreiros.

      Brucena costumava pensar que ele havia sonhado desde criança com o dia em que teria um ou mais filhos a seu lado, combatendo junto a ele, acrescentando troféus das guerras em que tomariam parte àqueles que já pendiam das paredes do Castelo de Nairn.

      –Sou um desapontamento para papai– dizia para si mesma, antes mesmo de completar nove anos.

      Nos anos que se seguiram, ela começou a se dar conta da extensão de seu ressentimento em relação a ela, pois havia fraudado a maior de suas ambições.

      Se não houvesse outras maneiras de relembrar o fato, ela o evocaria toda vez que ouvia seu nome ser pronunciado,

      Bruce era um nome de família entre os Nairn e seu pai a batizara quase como se estivesse desafiando os deuses que lhe tinham aplicado um golpe baixo, não lhe dando o filho que ele desejara tão ardentemente.

      Há dois anos, logo após a morte de sua mãe, seu pai, com pressa quase indecente, aproveitara a primeira oportunidade para voltar a se casar.

      Escolhera uma jovem apenas três anos mais velha do que sua filha, mas que era muito diferente na aparência e que poderia ser considerada como uma “boa criadeira.”

      Desajeitada, pesadona, sem a menor pretensão a uma bela aparência, Jean sentira-se orgulhosa e excitada por casar com o senhor do Castelo de Nairn, porém ficou perturbada com a aparência


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