A Cidade Sinistra. Scott Kaelen
cidade em cidade coletando impostos. Além disso, embora a vida selvagem seja muito mais variada em Arkh, também são os monstros. E então há o... Ei!” Ela tropeçou em Dagra quando ele parou de repente. “Dag, cuidado! Não me diga que você já precisa de outra pausa?”
Dagra tocou seu ombro e apontou para frente. Com uma voz sombria, ele disse, “Creio que alcançamos nosso destino.”
Eles haviam superado uma pequena elevação na terra e diante deles um vale raso se abria a vista em todas as direções, sua borda subindo à distância. À direita, a quietude quase indiscernível do oceano flutuava na brisa quente do leste e à frente deles…
Oriken assobiou. “Agora aquilo é uma muralha.”
Uma linha escura dividia a charneca acima do vale, estendendo-se quase da costa ocidental para desaparecer atrás das colinas ondulantes no extremo leste. Os topos esbranquiçados pelo sol nas ameias, como dentes tortos projetando-se da mandíbula de um gigante impossível, lembravam Jalis de Cherak, o antigo deus de pedra. “Ok,” ela disse, a voz baixa em espanto, “Eu admito; aquela muralha é mais longa e mais feia do que qualquer uma na minha terra natal. Vocês, rapazes, me venceram neste quesito.”
Dagra apertou o pingente. “Esqueça a muralha,” ele disse com a voz rouca. “Olhe mais para trás. É a cidade.” Ele desviou um rosto pálido da vista para olhar para o caminho que eles tinham vindo.
Jalis protegeu os olhos do sol. Seu olhar flutuou além da muralha até a distância extrema, percorrendo a vista nebulosa. “Oh,” ela suspirou.
Acima e muito além das muralhas pontudas, os contrafortes sombrios do último vestígio da civilização dos Dias dos Reis se esparramavam, quase invisíveis, no horizonte nebuloso.
“A legendária cidade de Lachyla. Impressionante.” Oriken desviou os olhos da vista para olhar para Jalis. “Meio que coloca as coisas em perspectiva, não é?”
“O que você quer dizer?” Ela manteve os olhos nas torres e pináculos, os telhados arredondados que marcavam a paisagem como bolhas inchadas. A cidade de Lachyla era impressionante, mas saber que o lugar estava morto e vazio há séculos enviou um arrepio através dela.
“O que eu quero dizer,” Oriken disse, “é que nosso contrato para uma pequena bugiganga empalidece em comparação com …” Ele estendeu o braço para apontar para a cidade distante. “Com aquilo.”
Dagra virou-se para encará-los. “Estava convencido de que o lugar devia ser um mito,” ele disse. “Apenas uma fábula para os velhos assustarem as crianças.”
“E para os Tecelões de História assustarem todo mundo,” Oriken disse.
“Bem, funcionou. A lenda de Lachyla me assustava todas as vezes que Vovó a contava quando éramos crianças.” Dagra respirou fundo.
“Você está bem?” Oriken perguntou.
Jalis pegou o olhar de Dagra. “Ei,” ela disse baixinho.
“Eu sei. Irei mantê-lo sob controle.” Ele pigarreou. Sua expressão solidificou-se em uma máscara decidida. Ele olhou de Jalis para Oriken e deu um sorriso tenso. “Bem? Nós vamos recuperar aquela maldita herança ou não? Sim? Vamos então!”
Dagra se afastou ao longo da Estrada do Reino. Oriken compartilhou um olhar sério com Jalis antes de segui-lo. Ele sempre escondia suas emoções sob um comportamento casual superficial, mas Jalis sabia que Oriken estava lutando contra algo dentro de si quase tanto quanto Dagra e não era apenas que eles ficariam cara a cara com uma história de fantasmas. Das pequenas informações que ela colheu durante a viagem, a lenda de Lachyla era tão fantástica que nem Oriken nem Dagra poderiam ter certeza se o lugar realmente existia. A coisa sobre as pessoas era que elas tendiam a carecer de imaginação para conjurar uma lenda do nada. Toda lenda tinha uma fonte, não importa quão pequena ou, neste caso, quão grande. A extensa cidade diante dela não era nenhuma surpresa, mas o tempo tinha uma maneira de exagerar os detalhes mais sutis da história.
Jalis olhou novamente para o norte e, por um momento, uma corrente de solidão tomou conta dela. Estar tão longe da civilização e na presença de tal antiguidade, despertou um desejo inesperado de revisitar seu próprio passado. Mas este desejo foi atenuado pela atmosfera melancólica que emanava de Lachyla. Com um suspiro, ela seguiu seus amigos em direção à Cidade Sinistra.
A terra dura das estradas e caminhos já estava começando a secar depois da chuva recente, com o globo quente de Banael a meio caminho da sua viagem de descida. Maros estava no lado de fora do Mascate Solitário, as mãos sobre a cerca de madeira. Ele matutava enquanto olhava para a cena familiar de casas e lojas de pedra e madeira, todas posicionadas a esmo, sem nenhum pensamento em simetria. Assim era a maneira dos bandos e colonos.
Ele olhava entre os prédios para as colinas e bosques. Seus pensamentos se voltaram para Jalis, Oriken e Dagra, seus companheiros antes que ele fosse obrigado a pendurar suas espadas. A certeza de Maros que algo não estava certo tinha crescido consideravelmente após ouvir a história de Jerrick. E então havia a complicação adicional de Cela Chiddari batendo as botas…
“Chefe.”
“Gah!” Maros se virou para ver Henwyn parado ao lado dele. “Pelas bolas ardentes de Banael, homem! Você está tentando me enviar mais cedo para a vida após a morte?”
O freeblade veterano reprimiu um sorriso, mas inclinou a cabeça, desculpando-se. “Boas notícias,” ele disse. “Leaf está a caminho da sede e eu consegui uma carroça e condutor para nós. Não posso dizer como duas mulas nos levarão a qualquer lugar rápido, mas prefiro isso do que carregá-lo nas minhas costas se você ficar cansado. Sem ofensa, chefe, mas provavelmente você é um pouco pesado demais até mesmo para minha força lendária.”
“Ha!” Maros bateu uma mão no ombro de Henwyn, derrubando o homem um centímetro quando os joelhos de Henwyn cederam. “Pouquíssimas palavras mais verdadeiras já foram ditas, Hen. Quem você contratou?”
“O dono do moinho. Wymar.”
Maros resmungou.
“Aye, eu sei. Tentei outros antes dele, mas ninguém queria correr o risco de ficar encalhado além da periferia de Scapa somente com as aldeias remotas por ali. Wymar foi o primeiro a não se opôr excessivamente. Com ganância como motivador, sem dúvida.”
“Como o povo por aqui esquece facilmente sobre o bom serviço os freeblades que fazem para eles só de existirem nesta cidade. Quando se trata de retribuir o favor um pouco...”
“Isso não é tudo, chefe.”
Maros emitiu um rosnado baixo. “O que mais?”
“Wymar está um pouco irritado que sua carga de trabalho foi diluída entre o resto da sua equipe pelo que, provavelmente, será algumas boas semanas.”
“Sobre o que em Verragos ele está falando?”
“Renfrey,” Henwyn disse, a título de explicação.
“Bah, aquela pequena cobra? Mal toquei nele. Qual é o problema?”
“Bem, parece que ele chegou em casa muito bem depois que eu derramei aquele balde de água suja sobre sua cabeça para acordá-lo. Mas quando se recuperou da cerveja, descobriu que o dedo estava quebrado.”
“O dedo?”
“Então, ele vai ficar fora do trabalho por um tempo.”
“Aye e Wymar está se aproveitando completamente disso. Vejo como vai ser. Qual é o dano?”
“Ele quer dez moedas de prata pela perda do trabalho.”
“Dez! Aquela merda bêbada do Renfrey não pode estar ganhando mais do que uma moeda de prata por semana!”
Henwyn deu de ombros. “Verdade, mas o dono do moinho alega que a redistribuição do trabalho está gerando custos adicionais, além de cobrir os danos pela perda de