De Volta À Terra. Danilo Clementoni

De Volta À Terra - Danilo Clementoni


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— o que o fez chamar, com tanta urgência, este pobre velho?

      Ele nunca foi capaz de saber exatamente a idade do seu superior. Ninguém tinha a permissão de saber informações tão pessoais de um membro dos Anciãos. Claro que já tinha visto vários voltas ao redor do sol. No entanto, seus olhos dançavam da esquerda para a direita com uma vitalidade que nem ele tinha.

      — Fizemos um contato muito surpreendente, pelo menos para nós — começou Azakis sem preâmbulos, tentando olhar diretamente nos olhos do seu interlocutor. — quase nos chocamos com um objeto estranho — continuou ele, estudando a expressão do rosto do Ancião.

      — Um objeto? Explique melhor, meu rapaz.

      — Petri ainda está analisando, mas pensamos que possa ser algum tipo de sonda e tenho certeza de que não é nossa — o Ancião arregalou os olhos. Até mesmo ele parecia surpreso.

      — Encontramos alguns símbolos estranhos gravados na nave em uma língua desconhecida — acrescentou. — estou enviando todos os dados.

      O olhar do Ancião pareceu se perder por um momento no vazio, enquanto pelo seu O^OCM, analisava o fluxo de informações que chegava.

      Depois de alguns longos momentos, seus olhos voltaram para o seu interlocutor e, em um tom que não deixou escapar nenhum tipo de emoção, disse: — Convocarei imediatamente o Conselho dos Anciãos. Tudo indica que suas deduções iniciais estão corretas. Se de fato for o caso, devemos rever imediatamente os nossos planos.

      — Aguardaremos notícias — e assim dizendo, Azakis encerrou a comunicação.

      O Coronel e Elisa já estavam esvaziando a terceira taça de champanhe e o clima se tornando decididamente mais casual.

      — Jack, tenho que dizer: esse Masgouf é divino. É impossível terminá-lo, é enorme.

      — Sim, é realmente ótimo. Devemos dar os parabéns ao chef.

      — Talvez eu devesse casar com ele e fazê-lo cozinhar para mim — disse Elisa, rindo de modo exagerado. O álcool já estava surtindo seus efeitos.

      — Bem, não, deve entrar na fila. Cheguei antes — arriscou, pensando que a frase não seria exatamente inapropriada. Elisa fingiu não perceber e continuou a mordiscar o seu esturjão.

      — Você não é casado, é?

      — Nunca tive tempo para essas coisas.

      — É uma desculpa muito velha — disse ela, o olhando maliciosamente.

      — Bem, na verdade cheguei perto uma vez, mas a vida militar não é exatamente adequada para o casamento. E você? — acrescentou, fugindo de um assunto que parecia que ainda doía. — Já foi casada?

      — Está brincando? E quem suportaria ter uma mulher que passa a maior parte do tempo viajando pelo mundo para escavar o subsolo como uma toupeira e que gosta de profanar túmulos de milhares de anos?

      — É — disse Jack, sorrindo amargamente — obviamente não somos feitos para o casamento — e quando levantou a taça, propôs um melancólico "saúde a nós".

      O garçom chegou com mais Samoons13 fresquinhos, felizmente interrompendo o momento de ligeira tristeza.

      Jack, aproveitando a interrupção, tentou dissipar rapidamente uma série de memórias que voltavam à sua mente. Eram coisas do passado. Agora ele tinha uma bela mulher ao seu lado e tinha que se concentrar apenas nela. Não era tão difícil.

      A música de fundo, que parecia envolvê-los suavemente, era apropriada. Elisa, iluminada pelas três velas colocadas no meio da mesa, estava radiante. Seu cabelo era de tons de ouro e cobre e sua pele era lisa e bronzeada. Seus olhos penetrantes de um verde profundo. Os lábios macios estavam lentamente tentando separar um pedaço de esturjão do osso entre os dedos. Era tão sexy.

      Elisa não sabia se deixava escapar aquele momento de fraqueza do Coronel. Apoiou o osso na borda do prato e sugou, com aparente descuido, o indicador, e em seguida, o polegar. Abaixou a cabeça e olhou para ele tão intensamente, que Jack pensou que seu coração fosse saltar para fora do peito e acabar diretamente no prato.

      Percebendo que já não controlava a situação e acima de tudo, a si mesmo, o Coronel logo tentou se recuperar. Era um menino crescido demais para fazer a figura do adolescente apaixonado, mas aquela garota tinha algo que o atraía terrivelmente.

      Ele respirou fundo, esfregou o rosto com as mãos e tentou dizer: — Que tal terminar também esse último pedacinho?

      Ela sorriu, delicadamente pegou o pedaço de esturjão, e inclinando-se para frente, levou-o até a boca dele. Nessa posição, o decote mostrava parcialmente os seios fartos. Jack, visivelmente constrangido, deu apenas uma mordida, porém, sem evitar que os dedos dela tocassem seus lábios. Sua excitação cresceu mais e mais. Elisa estava brincando com ele como um gato brinca com um rato, e Jack não conseguia se opor de forma alguma.

      Então, com um ar de menina inocente, Elisa sentou-se confortavelmente no seu lugar e, como se nada tivesse acontecido, fez um gesto com a mão para o garçom alto e magro, que prontamente chegou.

      — Eu acho que é hora de um agradável chá com cardamomo. O que acha, Jack?

      Ele, que ainda não tinha se recuperado do clima anterior, balbuciou algo como “Bem, sim, ok… " E enquanto endireitava a jaqueta, tentando ser mais informal, acrescentou: — Deve ser ótimo para a digestão.

      Percebeu ter dito algo ridículo, mas naquele momento não conseguia pensar em algo melhor.

      — É tudo muito gostoso Jack, é uma noite muito agradável, mas não se esqueça da finalidade para a qual estamos aqui esta noite. Eu tenho que mostrar uma coisa, lembra?

      O Coronel estava pensando em tudo no momento, exceto trabalho. Mas ela tinha razão. Existiam coisas em jogo muito mais importantes que um estúpido flerte. O fato era que, para ele, aquele flerte não parecia nada estúpido.

      — Claro — respondeu tentando recuperar seu ar autoritário. — mal posso esperar para saber o que você descobriu.

      A essa altura, o homem gordo do carro a pouca distância, que estava ouvindo tudo disse: — Essa cachorra! Todas as mulheres são iguais. Elas nos seduzem, nos levam para as estrelas, e depois agem como se nada tivesse acontecido.

      — Eu acho que seus dez dólares em breve estarão em meu bolso — disse o magro, com uma grande risada.

      — Na verdade não me importa nada quem a nossa doutora leva pra cama ou não. Não esqueça que estamos aqui apenas para descobrir tudo o que ela sabe — E enquanto tentava ficar mais confortável na cadeira devido a dores das costas, acrescentou: — devíamos ter colocado uma boa câmera dentro daquele maldito restaurante.

      — Sim, talvez debaixo da mesa, desse jeito poderíamos ter olhado suas coxas.

      — Cretino. Mas quem foi o idiota que selecionou você para esta missão?

      — Nosso chefe, meu amigo. E eu aconselho você a não insultá-lo, pois ele sabe muito bem como colocar escutas e não teria dificuldade até mesmo em colocar neste carro.

      O gordo se assustou e por um momento pensou que seu coração tivesse parado de bater. Estava tentando ter uma carreira e insultar o superior imediato não era a melhor maneira de avançar.

      — Pare de falar besteira — disse, tentando ser sério e profissional. — pense em fazer um bom trabalho e vamos retornar à base com algo de concreto — Dizendo isso, olhou fixamente para um ponto indefinido na escuridão da noite através dos para-brisas levemente embaçados.

      Elisa tirou da sua bolsa o seu inseparável tablet, apoiando-o sobre a mesa, e começou a rolar pelas fotos. O Coronel, curioso, tentou focalizar algo, mas o ângulo não permitia. Ela, encontrando o que queria, levantou-se e sentou-se na cadeira ao lado


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