Revelando O Rei Feérico. Brenda Trim

Revelando O Rei Feérico - Brenda Trim


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os olhos para a pressa da irmã e desejou não ter revirado quando o ato enviou uma dor lancinante à sua nuca. Tudo para as irmãs mais novas tinha que ser para ontem, mas especialmente para Nyx, que era quatro anos mais nova que Maurelle. Ela se lembrou de como era sair para almoçar com um macho bonitinho aos dezoito anos.

      – Acabei – coaxou Maurelle, ao abrir a porta.

      – Eca. Sai para lá. Parece que a peridun da rua dez jogou um feitiço em você. Não quero pegar o que quer que você tenha pegado – informou Nyx, enquanto ela se afastava dela, meio que dançando.

      – Valeu, Nyx. Amo você também – murmurou Maurelle, enquanto percorria o curto corredor. Pela centésima vez no último ano, Maurelle estava grata pelo pai ter um trabalho tão bom na Edge.

      Na teoria, ele trabalhava em Furness, a área nos limites das favelas da Edge onde os humanos de classe-média viviam. Até mesmo as pessoas mais pobres da Furness levavam uma vida melhor do que qualquer feérico. Eram ignorantes aos sofrimentos dos feéricos. Ajudava o fato de a Edge estar separada dos humanos por arbustos de amoreiras espinhentas tão espessos que grande parte dos feéricos não podia se esgueirar por ali.

      Seria bacana se o talento do pai lhes garantisse um imóvel em Furness, ou até mesmo em Dornwich. Infelizmente, não havia a menor possibilidade de o pai conseguir uma loja na área da elite humana em Dornwich, porque mesmo que os opulentos quisessem os relógios de pulso e de parede do pai, eles não o queriam perto deles, sob hipótese alguma.

      A renda do pai permitia que vivessem perto de Furness, o que lhe dava uma ótima vista da seção dos humanos além das amoreiras. Partia-lhe o coração saber que os humanos viviam naquelas casas tão boas. A maior parte deles morava sozinho nas casas enquanto os feéricos ficavam entulhados nos prédios lotados que não podiam consertar ou conservar.

      Embora os feéricos usassem mágica para fazer o que podiam na Edge, os humanos gostavam do seu setor imaculadamente limpo. Já os feéricos preferiam as coisas um pouco mais selvagens. As pedras lisas das ruas dos humanos eram muito certinhas e pouco atrativas para Maurelle.

      Eles podiam não ter muito, mas cada feérico adicionou um pouco da própria magia para delinear as pedras das ruas com grama e flores, dando uma aparência mais bonita ao chão. Os anciãos, como a sua mãe, que eram feéricos da terra, usavam os talentos para conjurar videiras que ajudavam a segurar as paredes dos prédios em piores condições. Vez ou outra, os humanos matavam a grama e as flores e derrubavam as videiras. Maurelle chegou à conclusão de que eles não queriam que os feéricos ficassem confortáveis demais.

      Parou à porta aberta do quarto, pensou em se deitar, mas Erlina estava ouvindo música na cama, então Maurelle foi para a sala. A mãe olhou para cima e sorriu para ela.

      – Oi, docinho. Como está se sentido?

      – Não muito bem – respondeu Maurelle. – Com o meu estômago e minha cabeça, já estou pronta para me deitar toda encolhida.

      – Fiz chá de gengibre para você. Posso ir lá embaixo e pegar um pouco de matricária para ajudar com a dor de cabeça – ofereceu a mãe. Não que a botica ficasse muito longe, mas Maurelle odiava ser um fardo maior do que já era.

      Sacudindo a cabeça, Maurelle foi até o sofá.

      – Está tudo bem, mãe. O chá vai cair muito bem.

      Não podia sair de casa agora que estava em transição. Se saísse, acabaria sendo arrastada para o Conservatório. Os pais foram para lá quando os poderes se manifestaram, mas as coisas tinham mudado quando os humanos tomaram o poder.

      A mãe e o pai disseram que os feéricos não eram mais os mesmos depois que saíam do Conservatório. Não conseguiam explicar bem, mas não queriam que ela servisse aos humanos e reprimisse os da sua espécie.

      Maurelle gemeu enquanto se sentava no sofá. A mãe chegou um segundo depois trazendo o chá.

      – Obrigada, mãe – agradeceu e bebericou a mistura quente. Era mais fácil agora ignorar as impressões que teve com a xícara.

      Um ano atrás ela não podia tocar nada sem ser bombardeada com visões do passado. Até então, a única habilidade que se manifestou para Maurelle foi a psicometria, e era grata por isso. Não podia imaginar como seria lidar com mais de uma coisa por vez.

      E por falar em esquisitice, lembrou… Momentos depois de as asas criarem cor e a eletricidade percorrer o seu sistema, ela tinha ido até a geladeira para pegar uma bebida e teve uma visão do pai dando uns amassos na mãe. Nenhum filho quer ver o pai tendo intimidade com a mãe.

      Uma batida na porta interrompeu os devaneios de Maurelle. Chegando à conclusão de que fosse Alek procurando Nyx, ela continuou bebendo o chá. A cabeça virou de repente quando ouviu vozes masculinas raivosas.

      – Sua filha virá conosco! – um macho informou à mãe dela.

      O pior pesadelo de Maurelle se desdobrava diante de seus olhos. Pela primeira vez na vida, desejou que os feéricos pudessem ter acesso a equipamentos tecnológicos de comunicação para que pudesse ligar para o pai. O único pensamento que Maurelle teve enquanto olhava para o feérico de cabelos vermelhos foi que ele estava lá para levá-la e que ela deveria fugir.

      Não tinha ideia de para onde poderia ir, isso se conseguisse escapar. Todo feérico tinha ouvido os rumores sobre o subterrâneo, mas ela não sabia onde era ou para onde aquilo a levaria. Não havia nada fora de Bramble’s Edge e dos assentamentos humanos.

      – Vocês não podem levar a minha filha! Ela está doente e não pode ir para o Conservatório agora – a mãe tentou argumentar com o policial.

      Nyx e Erlina vieram correndo pelo corredor e pararam de repente quando viram os policiais. Os olhos verde-claros idênticos encontraram os de Maurelle, mostrando o quanto elas estavam aterrorizadas.

      – Voltem – disse a elas, sem fazer som, e fez sinal para elas saírem dali.

      – A doença não a dispensa do Conservatório. Ela precisa vir conosco agora! – ordenou o mesmo policial.

      Jogando a xícara de chá no macho, Maurelle saiu correndo pelo corredor. Nyx e Erlina saíram da frente quando ela passou. Prosseguiu até o quarto dos pais e pegou um par de sapatos da mãe enquanto passava.

      Um grito a fez virar a cabeça a tempo de ver as irmãs paradas no meio do corredor. Nyx tinha aperfeiçoado o olhar esnobe e arrogante enquanto cruzava os braços sobre o peito e olhava feio.

      – Deixe minha irmã em paz – gritou ela.

      Maurelle quase riu ao ver Nyx ajustar as mãos para fazer com que os seios ficassem mais juntos e empinados. Uma técnica de distração que raramente falhava. Em especial com feéricos machos. A espécie era muito lasciva.

      Não foi algo que os pais já tivessem lhe dito, mas não precisavam porque o desejo furioso era o bastante para dizer a Maurelle o quanto o sexo seria importante para ela. Nyx estava naquele estágio, e por isso que estava afoita para ir almoçar com Alek.

      Ter o escape do sexo abrandava os feéricos e os ajudava a ficar estáveis. Maurelle tinha certeza de que sua falta de parceiros era uma das razões para estar doente. Não havia escape para equilibrar os seus poderes. Nada para ajudar a liberar a energia.

      O queixo caiu quando o policial feérico não prestou a mínima atenção em Nyx. Assim que o macho tirou a irmã da frente, Maurelle se afastou da janela. Jogou um dos sapatos e ele atingiu o macho na cabeça. Erlina começou a chorar e se pressionou na parede de frente para a que Nyx estava.

      A cabeça de Maurelle latejou por causa de toda a agitação, fazendo seu estômago embrulhar. Com a bile na garganta, ela correu na direção do macho. Podia ouvir a mãe discutindo com o outro na sala, mas tinha que se concentrar no que estava no quarto com ela.

      O olhar de fúria no rosto dele a fez dar um passo para o lado, colocando a cama king size entre eles.

      – Você não escapará de nós. É melhor desistir de uma vez.

      Balançando a cabeça, buscou uma forma de escapar


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