Revelando O Rei Feérico. Brenda Trim

Revelando O Rei Feérico - Brenda Trim


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outro estudante, ela chegou refeitório vestindo calças largas de algodão e uma camiseta amarrotada. Inclinando a cabeça, Ryker notou que ela também estava descalça. Aquela era nova.

      Em uma fração de segundo, a fêmea chutou o macho à direita. Ryker se encolheu e segurou a virilha quando o pé dela foi direto para o meio das pernas do guarda. Todo macho na sala se segurou sentindo a dor dele. Bastava um único golpe naquela área para saber a dor que causava.

      Ela estava em movimento no instante seguinte, os dedos em riste percorrendo o rosto do outro homem.

      – Maurelle – ladrou uma fêmea mais velha.

      Quando a fêmea furiosa parou e olhou para cima, ele percebeu que cabelo-rosa se chamava Maurelle. Não pôde deixar de notar que o peito dela estava arfante, e as lágrimas se empoçavam nos olhos enquanto ela parava e olhava feio para a feérica mais velha.

      – Quem é aquela? – sussurrou Ryker, não querendo chamar atenção para si, mas ansioso para saber por que a fêmea tinha parado de lutar. Havia uma leve pungência no ar que fez Ryker trincar os dentes.

      – Aquela é a diretora Gullvieg. Ela é a manipuladora de mente mais poderosa de Bramble’s Edge – respondeu Sol.

      – Vai me matar também? – cuspiu Maurelle, e jogou os ombros para trás para tirar a mão que pousou ali.

      A pergunta fez a tensão preencher o recinto. Ryker continuou esperando alguém impedir Maurelle de desafiar a autoridade de Gullvieg, mas nada aconteceu. A diretora estreitou os olhos e se aproximou da fêmea irritada.

      – Estive esperando sua chegada para poder fazer meu discurso de boas-vindas. Todo o conservatório está esperando você pegar a sua comida e se acomodar – informou-a a diretora. O tom ríspido com que ela falou o nome de Maurelle há apenas um momento tinha desaparecido. Por tudo o que Ryker sabia, ela poderia muito bem estar falando sobre o tempo. Não havia qualquer sinal de que Maurelle a tivesse aborrecido.

      Os dois machos parados um de cada lado de Maurelle fizeram-na enrijecer. Antes que Ryker percebesse, ele tinha ficado de pé. A mão de Brokk em seu antebraço o impediu de ir socorrer a fêmea.

      Depois de praticamente fuzilar os machos com os olhos, Maurelle ergueu o queixo e entrou no refeitório. O olhar dela se prendeu no de Ryker e ele teve que se esforçar para não demonstrar qualquer reação.

      Ela era linda, pensou. O rosto fino estava em total desacordo com o corpo voluptuoso. Ela era alta, mas não tinha o corpo reto que era típico dos feéricos. A camiseta estava esticada sobre os seios maiores que a média, e os quadris balançavam a cada passo que ela dava.

      Sendo feérico, Ryker não era estranho ao sexo, mas Maurelle fez sua mente ir direto para o quarto. Imaginou o quanto aqueles lábios eram macios. No momento, eles estavam franzidos e nenhum pouco convidativos, mas aquilo não reduzia o apelo dela.

      Ryker caiu no banco e observou enquanto ela cerrava os punhos e olhava feio para a diretora.

      A fêmea ficou de pé por vários segundos até seguir para a mesa. O tempo todo com os olhos fixos em Ryker. As asas dela batiam inquietas nas costas. O brilho turquesa e rosa combinava com o que viu da personalidade dela. Ela era uma das fêmeas mais fortes que já vira.

      O fato de ela não ter rolado e ficado parada feito uma boneca de trapos o atraiu ainda mais que a aparência dela. O fogo o atraiu para a feérica antes que pudesse vê-la melhor. Depois de pegar um pouco de pão e outras coisas, ela olhou ao redor da sala.

      Quando a fêmea veio em sua direção, o coração começou a bater com força e ele quis se levantar para ir até ela. Seu estômago se contorceu e a testa começou a suar. Ele estava tendo dificuldade para ficar sentado ali sem fazer nada. Não era como se ela estivesse vindo para a mesa dele, havia ao menos mais outras dez mesas ao seu redor. A última coisa de que precisava era uma amizade com essa fêmea problemática. Já tinha irritado os poderosos do conservatório quando tentou escapar da coleta.

      Forçando o olhar de volta para a comida, Ryker pegou o garfo e começou a comer. Era difícil não olhar para cima e ver onde ela tinha decidido se sentar. Quando uma mão delicada surgiu ao lado dele, a cabeça se ergueu feito um foguete.

      Maurelle estava puxando a cadeira ao seu lado. Quando aquele olhar encontrou o dele, não pôde deixar de notar as olheiras dela. O que o fez pensar que ela tinha resistido tanto quanto ele.

      – Oi – cumprimentou Brokk, acenando de seu lugar do outro lado da mesa. Maurelle ergueu os olhos e acenou para ele com a cabeça. – Eu sou o Brokk. Ouvi Gullvieg te chamar de Maurelle. É isso mesmo?

      – É – respondeu ela, então virou a cabeça para Ryker. – Você é novo, não é? Como está a sua asa?

      O queixo caiu por um segundo então ele se recuperou do choque ao enfiar um pouco de comida na boca. Fez que sim enquanto mastigava e engolia.

      – Eu sou o Ryker. E, a asa está melhorando. Os curandeiros fizeram um ótimo trabalho ao consertá-la. – Ele voltou a flexionar o músculo da asa, fazendo-a saltar sobre o ombro antes de baixá-la novamente. Não queria ser um idiota, então falou com ela, mas também não queria levar as coisas longe demais.

      Já tinha chamado atenção o suficiente com a sua tentativa de fuga e não queria adicionar essa fêmea à sua lista de amigos próximos e acabar atraindo para si o intenso escrutínio de Gullvieg. Esperava ter dispersado quaisquer preocupações que a perversa diretora tivesse sobre ele.

      Recostando-se na cadeira, ela ergueu a mão e a esticou como se fosse tocar a sua asa. Ryker ficou congelado por instinto. Provavelmente entendendo a razão por trás do movimento, ela abaixou a mão. Era melhor ficarem afastados um do outro, mesmo apesar da atração abrasadora que sentia por ela.

      – Ao menos você ainda está vivo. Temi que também estivesse morto – disse ela, enquanto brincava com a comida no prato, franzindo o cenho.

      A diretora ficou de pé e ergueu as mãos.

      – Gostaria de dar as boas-vindas para todos em mais um ano aqui no Conservatório Bramble’s Edge Academy. Tenho orgulho por estar no comando desta instituição nos últimos trezentos anos. Vocês não receberão instrução melhor para poder controlar suas habilidades. Temos vários novos estudantes que serão avaliados depois de amanhã.

      Ryker ouviu Gullvieg dizer onde as salas de aula estavam assim como sobre os campos de treino. Ele desligou o discurso e se concentrou em Maurelle. Como aquela fêmea tinha sabido da sua tentativa de fuga? Ela o vira tentar voar enquanto estava acorrentado? Os colegas pediram licença assim que o discurso de boas-vindas chegou ao fim, pois eles não precisavam ouvir o que estava sendo dito.

      Puxando o assento para mais perto de Maurelle, ele se inclinou para ela e perguntou:

      – Como soube o que aconteceu comigo?

      Os olhos cinzentos estavam vermelhos nas bordas quando voltaram a focar nele, e o suor despontava na testa dela.

      – Ah. O coletador que me capturou usou uma daquelas faixas mágicas…

      – Grilhões – interrompeu-a, falando o nome das algemas.

      Ela acenou em resposta.

      – De qualquer forma, eu te vi tentando fugir e cair depois de bater na barreira no segundo em que toquei naquela coisa.

      – Você é psicométrica – disse ele, enquanto pensava no que ela dizia. Não ficou surpreso por ela ter resistido a ser levada. Apesar da decisão de manter as coisas superficiais, temeu que ela não estivesse muito bem. – Você foi ferida quando eles te capturaram?

      Os olhos da fêmea voltaram a se encher de lágrimas e ela abaixou a cabeça. A forma como os ombros se curvaram, e como ela perdeu cada grama do espírito combativo de antes, partiu o seu coração. Teve que xingar muito e se passar muitos sermões para ficar parado ali, tentando não confortá-la.

      – Não. Eu não fui ferida, mas a minha mãe… ela foi… ela tentou me ajudar.

      A voz da fêmea era tão baixa que ele teve que se inclinar para mais perto


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