Casamento de confiança. Emma Darcy

Casamento de confiança - Emma Darcy


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Uma solução simples para problemas imediatos – declarou a mulher mais velha.

      – Certo – concordou Tony, sabendo que não tinha saída. Olhou fixamente para Hannah e disse: – Por favor, compreende que vai iniciar apenas o período experimental. As pessoas que pagam uma viagem para o recife no Duquesa têm a promessa de receberem o melhor. Nenhuma falha em qualquer área do serviço a bordo, poderá ser tolerada.

      – Quer dizer… sem segunda oportunidade?

      – Isso depende do tamanho do erro. Qualquer coisa que estrague um dia no barco…

      – Seria terrível! – exclamou. Pareceu apavorada com o pensamento. – Qualquer pequeno problema que eu possa causar, juro que recompensarei a dobrar. Nunca houve nenhum tipo de reclamação sobre mim, Tony.

      Ele podia acreditar naquilo. Provavelmente era capaz de convencer qualquer um a perdoar qualquer coisa. Na verdade, antes que se desse conta, eles provavelmente estariam a ajudá-la no que quer que estivesse metida. Lá estava a avó dele, dando a sua aprovação; e cada vez que ela o chamava pelo nome, o seu coração disparava e tirava-lhe a mente de onde devia estar concentrado.

      – Chris, o cozinheiro que vai substituir, quer sair no fim da semana, por isso, seria bom que começasse amanhã, para aprender tudo o que puder antes da sua saída. É um óptimo chefe de cozinha e lamento muito perdê-lo.

      – Por que é que saiu?

      – Problemas pessoais – suspirou, frustrado. Com um sorriso irónico, acrescentou: – O companheiro dele ambiciona uma casa mais sofisticada em Sidney. O paraíso tem os seus limites.

      – Tenho a certeza de que serei muito feliz aqui.

      O sorriso de Hannah foi tão sincero que o peito de Tony comprimiu-se. Ele forçou-se a olhar para baixo, para os papéis que estavam à sua frente. Pelo curriculum, estava claro que tinha trabalhado em climas tropicais. Broome, Darwin, incluindo seis meses seguidos no King’s Eden em Kimberley. Porto Douglas provavelmente era o paraíso para ela.

      – Então, a que horas devo apresentar-me amanhã na marina? – perguntou, ansiosa.

      – Às oito horas. O Duquesa sai às oito e meia e volta às quatro e trinta. Receberá um uniforme que deve ser usado a bordo, sempre. – O qual deveria cobrir a maioria das curvas que o distraíam. Olhou para o relógio. – Se partirmos agora, posso apresentá-la à tripulação, quando desembarcar esta tarde.

      Ela levantou-se imediatamente.

      A borboleta pulsou na direcção do homem.

      Tony fechou os olhos por um segundo e pôs-se de pé também; virou-se para a avó.

      – Sempre com pressa, António – sussurrou a senhora King. – Não comeste nada.

      – Desculpe-me, nonna. Almocei muito bem – disse, ao inclinar-se para beijar o rosto da avó. – Obrigado mais uma vez por fazer as entrevistas.

      – Talvez Hannah te tente com a sua comida.

      As habilidades culinárias eram muito insignificantes comparadas com a lista de tentações de Hannah O’Neill.

      – Com tanto que ela tente os nossos viajantes, ficarei feliz – disse, ao esconder os pensamentos obscenos.

      – Senhora King, não posso expressar como apreciei a sua amável consideração e a oportunidade de poder dar o melhor de mim – voltou a sedutora voz, a encantar, mais uma vez, Isabella, que lhe ofereceu o seu melhor sorriso.

      – Espero que tudo dê certo, minha querida. Venha beber o chá da tarde comigo, um dia destes. Gostei muito de conversar consigo.

      – Adoraria, senhora King.

      Óptimo, pensou Tony, exasperado. Mais uns dias e seria convidada para reuniões de família e estaria na sua presença várias vezes. Além disso, teria de aguentar as reacções de Alex e de Matt por ela ter sido alojada num dos apartamentos do Coral King, gratuitamente. A sua funcionária!

      A nonna pusera-o numa situação muito difícil. De alguma maneira, precisava lidar com aquilo sem aborrecê-la e sem se envolver terrivelmente com Hannah O’Neill.

      Capítulo 3

      – Por aqui. Vamos de jipe para a marina – instruiu Tony, andando rapidamente ao longo do caminho que levava até ao outro lado do castelo.

      Sempre com pressa, dissera a avó dele, e Hannah podia compreender o comentário. Tinha de forçar as pernas para acompanhá-lo. O coração também estava acelerado. Esperava que não tivesse sonhado em vão com aquele emprego. Sustentar o padrão de excelência de Tony King era uma perspectiva assustadora. Teria de aprender rapidamente. Mais rápido do que estava a andar.

      O jipe estava parado ao lado do heliporto. Hannah estava acostumada com os helicópteros que transportavam visitantes na Reserva Wilderness de King’s Éden. Mesmo assim, não estava preparada para o que viu. O helicóptero que Tony King possuía era impressionante… Tudo ali deixava evidente o poderio económico da família…

      Um pensamento cruzou-lhe a mente: Poderia um homem tão rico interessar-se por uma simples chefe de cozinha?

      Então deu-lhe o seu melhor sorriso quando o homem lhe abriu a porta do jipe. Infelizmente, Tony não viu. O seu olhar parecia estar a viajar pelas suas pernas antes de ter fechado a porta. Ele deu a volta ao carro com a testa franzida.

      «Preocupações com os negócios?», perguntou-se Hannah. Era, provavelmente, cedo demais para perguntar, por isso, ficou calada durante o trajecto até à marina. Ele também se manteve em silêncio até chegarem ao escritório da King Cruzeiros. Conduziu-a à recepcionista com uma eficiência que fez com que Hannah se sentisse de repente vazia.

      – Sally, esta é Hannah O’Neill – apresentou-a. – Será a nossa chefe de cozinha do Duquesa.

      – Isso é óptimo. Os meus parabéns!

      Hannah nem teve tempo de responder.

      – Providencie o uniforme, dê-lhe todas as informações sobre os nossos cruzeiros, e avise-me quando a tripulação chegar.

      – Está bem – murmurou Sally enquanto ele se retirava para a sua sala. Os modos abruptos do homem não alteraram o bom humor da recepcionista de rosto alegre e bonito, de cabelos curtos e de olhos azuis que dançavam com curiosidade enquanto sorria para Hannah.

      – Bem-vinda a bordo da King Cruzeiros.

      – Obrigada. – Hannah retribui-lhe o sorriu. Apontou para a porta fechada e sussurrou: – Ele anda sempre assim, tão rápido?

      – Bem, acontece que o «chefe» está preocupado com a saída do Chris. Afinal, a empresa tem uma óptima imagem no mercado precisamente por causa do serviço de buffet… – confidenciou Sally.

      – Bem, agora eu estou aqui, não? Não vejo razão para tanta correria.

      – Bem, obviamente é uma estranha na cidade, uma vez que não conhecia o Castelo King. Está a fugir de alguma coisa?

      – A fugir? Não, apenas à procura de algo novo – afirmou Hannah, ao perceber que Sally era coscuvilheira. Percebeu que devia ser cuidadosa com as palavras. Além disso, o ziguezaguear da sua vida parecia agora muito distante, desde que conhecera Tony King. Ela quase desejava felicidade a Jodie e Flynn. Quase…

      Sorriu para a trivial sensação de ter sido traída, e explicou, satisfeita:

      – Queria arranjar um emprego e ficar por cá durante uns tempos. É um cantinho maravilhoso da Austrália.

      – Com certeza. E uma base perfeita para sair para outros grandes lugares. Já tem acomodação?

      – Sim, está tudo tratado. – A intuição avisou-a de que era melhor ficar calada. – Do que preciso agora é de todas as informações sobre o Duquesa


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