Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro. Margaret Moore

Batalha de amor - Uma dama para o cavaleiro - Margaret Moore


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facto de ter de deixar de viver no castelo, que sempre fora o seu lar. Só isso. Nada mais.

      Robert Chalfront entrou, apressado, no salão principal, à procura de Sir George. Tinha quase a certeza de que o barão deixara mais ordens e instruções para serem cumpridas durante a sua ausência. Infelizmente, Sir George não parecia muito preocupado em repeti-las, lembrando-se apenas ocasionalmente de transmitir a Robert um ou outro recado do barão. Robert só esperava que o barão não o culpasse, se ele tivesse deixado de cumprir alguma coisa porque Sir George se esquecera de lhe dizer.

      Ele olhou ao redor do salão, rezando para que Gabriella estivesse na cozinha, ou a atender lady de Chaney. Não tinha a menor vontade de ver Gabriella; isso só o faria lembrar de como fora idiota. Ele pedira-a em casamento com a melhor das intenções, apenas para ser rechaçado; era o agradecimento que recebia por ter tentado ajudar o desajuizado do pai dela e o desajustado do irmão. Ele, tal e qual um pateta, enchera-se de esperança. A descoberta de que Gabriella preferia ficar agachada à margem do rio, a esfregar a roupa de outro homem, do que ser a sua esposa, destruíra-lhe finalmente as ilusões.

      O que ele tivera por Gabriella fora uma paixão, reflectiu Robert; nunca a amara de verdade. Fora uma total falta de senso tê-la pedido em casamento! Por um lado, fora uma sorte ela não ter aceitado. Agora, ele era um homem mais amadurecido e esperto; não se deixaria levar facilmente, outra vez, pelos encantos de uma mulher.

      Não havia sinal de Sir George, nem dos amigos dele, no salão. Além de duas servas que varriam o chão e outras duas que lustravam os castiçais, o aposento estava deserto.

      De repente, Robert avistou lady de Chaney, parada na escada da torre. De facto, devia ser verdade que ela era a mulher mais bela da Inglaterra, pensou ele, fascinado; e nunca a vira tão bonita como então. Ela trajava um vestido azul-escuro, de um tecido que parecia ser a mais macia das lãs; na cabeça, usava um chapéu em formato de cone, do mesmo tecido, de cuja ponta pendia uma écharpe de um tom mais claro de azul, como um véu sobre os cabelos dourados, sedosos e brilhantes. Um cinto estreito de couro vermelho realçava-lhe a cintura fina.

      E o sorriso! O sorriso daquela jovem era a coisa mais linda que Robert já vira!

      Josephine de Chaney fez-lhe um sinal com a mão para que ele se aproximasse.

      Robert engoliu em seco e olhou furtivamente ao redor do salão deserto. Incrédulo, apontou para o próprio peito e ficou quase paralisado pelo choque quando ela inclinou a cabeça em assentimento.

      Por todos os santos! O que é que a concubina do barão podia querer com ele?! Ocorreu, então, a Robert, que ela talvez lhe quisesse pedir alguma coisa, ou incumbi-lo de uma tarefa.

      Era a única explicação, pensou Robert, encaminhando-se para a escada. Talvez o barão tivesse previsto que Sir George não se lembraria de tudo e encarregado lady Josephine de lhe transmitir alguma ordem importante.

      – Vem comigo ao solário – disse Josephine, quando ele se aproximou.

      Ainda a sentir-se como um conspirador, Robert olhou sobre o ombro, para ver se alguém os observava. Em seguida, disse a si mesmo que deixasse de ser tolo. Aquela maravilhosa mulher pertencia ao barão DeGuerre; não havia motivo para que qualquer pessoa pensasse que estava a acontecer outra coisa entre ele e lady Josephine, além de uma conversa sobre assuntos relativos ao castelo.

      Apesar disso, quando Josephine fechou a porta do solário atrás dele, Robert começou a transpirar.

      – Em que posso ajudá-la, milady? – perguntou, nervoso.

      Ela sentou-se atrás da enorme mesa de cavalete e sorriu.

      – Por favor, senta-te – convidou, com a voz suave e gentil.

      Robert obedeceu, ou melhor, equilibrou-se na beirada da cadeira que Josephine lhe indicou.

      – Diz-me, Chalfront, qual é a tua opinião sobre o barão?

      Os olhos de Robert arregalaram-se, e ele pigarreou. Que tipo de pergunta era aquela? Estaria lady Josephine a testá-lo, ou esperava uma resposta sincera?

      – Não me cabe a mim ter opinião sobre o barão, milady – respondeu, finalmente, sério. – Ele é o meu amo.

      – Uma resposta sensata – aprovou Josephine, com um sorriso, embora, desta vez, Robert detectasse uma expressão diferente nos olhos verdes. Tristeza?... Não, seria mais... melancolia. Sim, melancolia. Ela pousou as mãos sobre a mesa e contemplou-as. – Eu fiquei surpresa com a decisão dele de fazer esta viagem agora, quando Jean Luc estava para vir de qualquer forma.

      – O barão disse que tinha negócios a tratar.

      – Sim – murmurou Josephine, pensativa. – Negócios...

      Por um momento, Robert sentiu raiva do barão DeGuerre. O homem parecia ter o dom de causar sofrimento às mulheres! Primeiro, a Gabriella, e agora, a lady de Chaney, que mal conseguia conter as lágrimas!

      – Certamente, são negócios importantes para o levarem para longe de milady – observou, com sinceridade.

      – Tu és muito gentil – Josephine sorriu, novamente. Céus, ela era a mulher mais encantadora do mundo! – De onde és tu, Chalfront? Ou será que te posso chamar de Robert?

      – Por favor, milady, eu sentir-me-ei honrado! – Robert empertigou-se, na beirada da cadeira. – Sou de Oxfordshire.

      – Bem que eu desconfiei! – exclamou ela, deliciada. – A casa da minha família ficava aí perto!

      Robert perguntou-se como nunca vira lady de Chaney em Oxfordshire, mas depois reflectiu que, obviamente, nunca teriam frequentado os mesmos lugares, uma vez que pertenciam a camadas sociais diferentes. O que era uma pena.

      – Diz-me, tu conhecias Douglas, o carpinteiro? – quis saber ela, com os olhos brilhantes com as lembranças do passado.

      – Se eu o conhecia? Ele era meu tio, milady.

      – Ah! Desde o primeiro dia em que te vi, que achei que te parecias com ele!

      – Ele morreu no último Inverno, milady, lamento dizer. Mas já era bastante idoso... tinha quase sessenta anos!

      – Imagino – murmurou Josephine, consternada. – Ele já tinha o cabelo grisalho, quando eu era criança! Era um homem fantástico.

      – Sempre a brincar, a divertir as pessoas – recordou Robert.

      – E o abade? – perguntou Josephine. – Era o oposto do teu tio! Sério, carrancudo...

      – O Padre Harold? Continua vivo e forte, e mais carrancudo que nunca – informou Robert, com um sorriso tortuoso. – Não sei se é sacrilégio o que vou dizer, mas receio que ele nunca morra, milady. Nem os anjos do céu o querem lá! É claro que ele pode ficar bem mais simpático, depois de morto.

      Lady de Chaney riu, um riso doce e quente, repleto de carinho pelas memórias que ambos compartilhavam. Todas as preocupações de Robert pareciam desvanecer-se ao som daquele riso encantador.

      – Eu gostaria de lá voltar, um dia. Tenho lembranças tão felizes da infância!

      – Como eu, milady.

      Josephine suspirou e ambos ficaram durante um momento em silêncio, até que ela olhou para Robert nos olhos, desconcertando-o.

      – Há mais uma coisa em comum entre nós, Robert, além das memórias de Oxfordshire. Nós os dois dependemos do barão. Acho que... como é que poderei dizer?... – Ela reflectiu durante um momento. – Acho que é importante, para nós, conhecermos... o estado de espírito dele.

      – Sim, milady – concordou Robert.

      – Serei clara contigo, Robert, sobre uma coisa que me está a preocupar – Josephine inclinou-se para a frente, com o olhar astuto fixo em Robert. – Achas que Gabriella Frechette quer o barão?

      – Para quê? – Robert franziu a testa, perplexo com a pergunta. Porém, no mesmo instante, a resposta


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