A meio da noite - Segura nos seus braços. Margaret Way

A meio da noite - Segura nos seus braços - Margaret Way


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      Mona assentiu.

      – É claro, primeiro quereria entrar – Mona dedicou-lhe um olhar de curiosidade. – Por favor, não me digas que o queres de volta!

      Deveria ter saído uma resposta automática da sua boca. Um firme «não, claro que não. Nem num milhão de anos». Em vez disso, fechou os olhos e esfregou os lados da cara.

      – Adele?

      – Pensei que queria que se fosse embora para sempre. Era uma decisão fácil quando estava a milhares de quilómetros de distância, mas agora voltou e… não sei… O divórcio parece tão… definitivo.

      – Não te atrevas a deixar que te convença com aquele encanto juvenil, Adele!

      – Claro que não!

      – Ora! Estás a fraquejar. Vejo-o daqui. Já te esqueceste de como te tratou quando partiu?

      Não, não o esquecera. Recordava até ao último detalhe do dia em que largara a bomba.

      O seu trabalho como técnico de efeitos especiais para filmes para a televisão e para o cinema começara a dar lucros depois de anos de instabilidade.

      Depois de alguns anúncios de sucesso para a televisão, tinham-lhe pedido que fizesse os efeitos especiais para um filme independente de baixo orçamento. Contra o esperado, o filme fora um sucesso de bilheteira e o nome de Nick fora inscrito com firmeza no mapa. Ambos tinham ficado mais do que satisfeitos naquele momento. Ela até conseguira suportar o estranho horário e o facto de ele poder desaparecer durante dias seguidos para regressar de madrugada sem dizer nada. Se soubesse o que toda aquela situação provocaria, talvez não se tivesse mostrado tão encantada.

      Um dia, ele entrara no seu escritório e, com um sorriso enorme, dera-lhe a grande notícia: tinham-lhe oferecido um trabalho num grande projecto de Hollywood, um filme de ficção científica, e dispunha de cinco dias para fazer a mala e partir para a Califórnia para conhecer os produtores. Se gostassem das suas ideias, começaria quase imediatamente.

      Nesse momento, as coisas tinham começado a correr realmente mal. Nick estivera tão ocupado nos meses seguintes, que Adele se sentira como se voltasse a ser solteira. Muitas vezes, a única prova de que ele voltara para casa quando acordava de manhã eram os planos para o dispositivo seguinte que construiria rabiscados nas margens de um dos seus cadernos.

      E depois quisera que deixasse o seu negócio para trás e se mudasse para meio mundo de distância com um telefonema improvisado. Como se mais nada importasse, quando pela primeira vez na vida ela tinha raízes. Um lar. Um objectivo. Sob nenhuma possibilidade pensara em atirar tudo o que alcançara pela janela por um capricho. Fora o momento de pôr o travão.

      Tiveram uma grande discussão. De facto, a pior que alguma vez tinham tido… Mesmo assim, quando ela gritara: «Vai-te embora e leva esse trabalho estúpido contigo se o consideras tão importante!», não esperara que a ouvisse e entrasse naquele avião.

      A voz de Mona devolveu-a ao presente.

      – Vá lá, tens de ser forte.

      – Eu sou forte – baixou a cara. Pelo menos queria sê-lo. Mês após mês a fingir que estava bem sem Nick fora muito cansativo.

      O marido de Mona fora-se embora quando o segundo bebé chegara, apenas dez meses antes. Ambas tinham superado os primeiros meses das suas crises individuais canalizando a sua fúria em sessões semanais de discursos empolados na sala de Mona.

      O período posterior à partida de Nick fora o pior da sua vida e não ia dar-lhe a oportunidade de voltar a enviá-la para aquele lugar solitário e escuro.

      Levantou-se.

      – Não, tens razão. Quem precisa de homens?

      – Assim está melhor. E agora, como vais enfrentar esse aventureiro que está a dormir na tua cozinha?

      O que tinha vontade de fazer era regressar a toda a velocidade para casa e olhar para ele enquanto dormia. Acordá-lo com beijos e demonstrar-lhe como sentira a sua falta.

      No entanto, não podia ceder dessa maneira. Não o faria.

      Nick fizera a única coisa que prometera nunca fazer: deixara-a, e não tencionava dar-lhe a oportunidade de voltar a magoá-la. Pelo menos, era isso que lhe dizia a sua cabeça. Contudo, o seu coração tinha os seus próprios planos loucos.

      Abanou a cabeça.

      – Suponho que vou ter de ir e falar com ele em algum momento. Mas não posso fazê-lo esta noite. Quando Nick me surpreende, acabo sempre por aceitar algum dos seus planos descabidos. Preciso de estar preparada. Concentrada.

      Não podia deixar que Nick soubesse que ainda tinha o poder de a fazer tremer cada vez que se aproximava. Utilizá-lo-ia contra ela. Faria com que ela acreditasse que tinham uma oportunidade e depois voltaria a tirar-lhe o tapete de debaixo dos pés. Era inevitável.

      Precisava de se proteger. Nick devia achar que era totalmente imune a ele e era impossível que naquela noite conseguisse convencê-lo disso. Continuava perturbada com o seu aparecimento e o mais provável era que fizesse alguma estupidez… como dizer-lhe que estava a brincar quando lhe dissera para ir para o quarto livre.

      – Fica aqui – disse Mona. – Podemos elaborar os planos de batalha com uma garrafa de vinho.

      – Obrigada, Mona. Salvaste-me a vida.

      Mona pegou em Bethany ao colo e levantou-se.

      – Vamos, querida. Está na hora de ires para a cama – virou-se antes de sair da sala. – Ele sabe que…?

      Adele juntou os dedos e apertou-os até que os nós começaram a doer-lhe.

      – Não. Nunca lhe contei.

      Capítulo 2

      Uma mão tocava-lhe na cara. Nick sentou-se, de repente, bem acordado, e apercebeu-se de que os dedos eram seus. Pusera o cotovelo atrás da cabeça enquanto dormia e nesse momento sentia a mão torcida e dormente.

      As luzes continuavam acesas na cozinha, porém, no exterior reinava a escuridão e não fazia ideia de que horas eram. Abanou a cabeça e depois olhou para o seu relógio de pulso. Eram seis da manhã!

      Voltou a olhar. Não era de estranhar que se sentisse tão dorido, já que passara as últimas doze horas num sofá de dois lugares.

      Adele provavelmente levantar-se-ia dentro de uma hora. Sempre fora madrugadora, em contraste com os seus costumes de mocho nocturno. Sentia-se sujo depois da viagem de Los Angeles e de continuar com a mesma roupa. Não fazia sentido tentar convencer Adele com aquele aspecto desalinhado e um cheiro ainda pior. Era melhor tomar um duche e arranjar-se antes de tentar falar novamente com ela.

      Levou a mala para o andar de cima e esteve prestes a entrar no quarto principal, por uma questão de hábito. Um erro idiota. Tinha de pensar com mais acuidade se queria convencer Adele a ficar do seu lado. Nem ele era tão parvo para pensar que podia recuperar a sua vida anterior, depois de todo aquele tempo, como se nada tivesse mudado.

      Embora na realidade desejasse poder recuperar a sua antiga vida. Adele e ele tinham sido tão felizes… Um momento de fúria precipitada provavelmente custara-lhe o seu casamento. Quase nunca perdia as estribeiras, porém, Adele pressionara-o de tal forma que acabara por explodir.

      O que só lhe demonstrava que a sua técnica habitual de varrer todos os pontos negativos para debaixo do tapete e brincar até que tudo se desvanecesse era uma opção mais segura. Se tivesse agido assim naquele mês de Maio, talvez as coisas tivessem sido diferentes e não tivesse de viver com aquela dor profunda que não queria desaparecer, apesar das brincadeiras que fazia com os seus companheiros para se distrair.

      Meia hora mais tarde, estava barbeado, vestido e preparava café na cozinha. A ideia era fazer com que Adele se sentisse melhor com a ajuda da cafeína. Conhecia


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