¿Qué será de ti? / Como vai você?. Luis Angel Aguilar
la vida
sobre ruedas
baila Kalho
desvía el rumbo
sin rumbo del tren destino al lienzo
en ella vértebras
del sufrimiento, espadas de amor
en colores
páginas cuyas palabras son
abortos en flor
calaveras en un baile
diario de suicida que muestra sus vísceras
la muerte ladrona
le roba los dolores, y ¿qué será de ella,
rara señorita,
cuando cicatrice su herida?
Inca
na lotação
babel precária
turistas buscam
nas entranhas de um
país ruínas como fugaz
promessa da eternidade
em dialeto estrangeiro
falam as pedras
empilhadas
da vertigem dos povos
dominados do ultraje
do trabalho escravo
Inca
en el microbús
babel pobre
los turistas buscan
ruinas en las entrañas de un
país como fugaz
promesa de eternidad
en lengua extranjera
las piedras cuentan
apiladas
el vértigo de los pueblos
sometidos al agravio
del trabajo esclavo
Outra morada
o tiritar de ossos nas noites frias
sobrepujava a sinfonia dos vermes
ofereceria meu ombro à donzela falecida
no raiar do século vinte não fosse
esta falta de estofo
esquecida a menina vagava entre
tristes companhias – todo
tipo de louco que salta os muros
para aqui procurar abrigo
esperava a visita dos pais que
rondavam agora a severa lápide dum
cemitério germânico atormentados
pela dor que não se afogou no mar
que cruzaram em transatlântico
antes do dia, sentava-se nos túmulos
sentia inveja das flores frescas
sussurrava coisas obscenas nas orelhinhas
dos anjos e voltava
bem na hora em que eu me agitava esperando
uma outra presença
era recente, eu sabia, mas ela
vinha já há uma semana desgraçado
resmungava e os soluços logo
desmentiam a raiva
em sonhos eu lhe dizia minha
querida só o pranto dos vivos
nos mantém bem mortos
Otra morada
el tiritar de huesos en las noches frías
superaba la sinfonía de los gusanos
ofrecería mi hombro a la muchacha muerta
en el despuntar del siglo veinte si no fuera
por esta falta de predisposición
olvidada, la niña vagaba entre
tristes compañías –todo
tipo de loco que salta los muros
en busca de abrigo
esperaba la visita de los padres que
rondaban ahora la severa lápida de un
cementerio alemán atormentados
por el dolor que no se ahogó en el mar
cruzado en transatlántico
por la madrugada, se sentaba en las tumbas
envidiaba las flores frescas
susurraba obscenidades en las orejitas
de los ángeles y regresaba
justo en el momento en que me agitaba esperando
otra presencia
era tierna, yo lo sabía, pero ella
se manifestaba desde hacía una semana, desgraciado,
refunfuñaba, y los sollozos luego
desmentían su ira
en sueños yo le decía
querida sólo el llanto de los vivos
nos mantiene muertos
Musa
fantasma do texto
boca da palavra
sexo de mulher que fala
serpente que engole a própria cauda
e no branco espalha o gozo
lágrima da tara
Musa
fantasma del texto
boca de la palabra
sexo de mujer que habla
serpiente que se muerde la cola
y en blanco expande el gozo
la mácula de la lágrima
Poemas
(1)
os livros o carpete a pilha de livros no chão a estante abarrotada de livros
o espaço sem lugar para respiro
o pó dos livros
eu me fazia lúcida em meio à fumaça de cigarro que se misturava com a poeira
a poluição do centro da cidade ao meio dia
a longa espera
e eu olhava para o teu rosto com uma pergunta insolúvel
que mal sabia formular
os teus olhos perdidos na neblina
(não sei se eram teus olhos que eu buscava
tampouco sei se era você)
teus olhos estavam voltados para dentro em uma acrobacia nunca vista
havia