Um Julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco. Marcos Sassungo

Um Julgamento de Contos de Fadas a Colarinho Branco - Marcos Sassungo


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quando amamos a Deus, nós confiamos, e no exercício da confiança, nesse Deus, está a fé que pressupõe uma clara certeza de que alguma coisa vai acontecer. E no momento em que nós amarmos a Deus, encontramos o verdadeiro amor, e esse amor vai nos apresentar numa outra pessoa, uma Eva ou um Adão, onde o nosso único objectivo é amar, cuidar, proteger essa pessoa com amor que, na verdade, é o reflexo de um sentimento original que recebemos de Cristo. O nosso relacionamento com Deus é directamente proporcional ao relacionamento que mantemos com as pessoas ao nosso redor. E ao expandirmos esse sentimento para outra pessoa, nós as amaremos, não só por um mero e acaso sentimento, mas porque o nosso amor por Deus é tão forte que tudo o que fizermos por ele ou ela, entenderemos que é para Deus que o estamos fazendo e que a nossa missão é amar incondicionalmente. Na fidelidade estaremos honrando não somente a Deus como também ao nosso parceiro. E se o magoarmos, estaremos magoando não somente o coração de Deus mas também o dele, minha querida amiga Vanda. Por isso, digo-te que o homem e a mulher que decidirem convidar a Deus no seu relacionamento e na vida singular, os desastres não serão assim tão desastrosos, ou melhor, não haveria como alguém machucar o outro, porque ambos perceberiam que ao magoar o outro estariam a magoar a Deus. Isso não é uma questão de perfeccionismo, mas sim uma questão de fé e confiança, pois o verdadeiro amor lança fora o medo.

      – Batinho, será que tu estás a amar alguém?

      Bem, eu queria dizer isso mais tarde, mas já que perguntaste, a resposta para a tua pergunta é sim. Vanda, estou sim a amar alguém e imaginas o quanto a amo. Como naqueles filmes de romance, sabes…

      – Bobão! Preste atenção. – Disse ela. Fala com ela logo.

      Porque guardar esse sentimento puro?

      – Vanda!

      – Diga.

      – Quero fazer-te uma pergunta. Como mulher responde-me a uma coisa. Qual seria a tua reacção, se um amigo teu confessasse estar apaixonado por ti?

      – Na boa, Batinho. Eu agiria, normalmente. Avaliaria os meus sentimentos e em conformidade com os dele, pensaria na possibilidade de estarmos juntos. Isso se eu percebesse de que ele está realmente afim de mim. Mas Porque a pergunta? Diga-me tu, porque essa avaliação toda?

      – Porque é complicado namorar um amigo e na maioria das vezes dá sempre errado. Mas me conta quem é a sortuda dessa amiga?

      Enquanto eles falavam, o telefone chamou e interrompeu a conversa deles.

      – Olha, Batinho, depois te ligo para falarmos à vontade ou mesmo amanhã passa, por favor, pela minha casa, para um café.

      – Ok! Na boa. Vai ser ótimo – Disse o Batinho.

      Por outro lado, a festa estava sendo aplaudida com música e dança. A noite reinou o céu e o tempo catalisou os momentos naquele convívio. As pessoas desalojaram o quintal, Batinho e Tino, também tratado por Tibox, juntos com o Dosversos, Putsom, Mussungo e o Marquitos saíram às vinte e três horas da noite em direcção a uma casa noturna. O lugar era chamado de Trinital, que ficava no bairro de São João, junto a ex-praça da Canata, e a uma hora de distância das suas moradias. Ali, era o encontro de todos os grupos dos diferentes bairros e todo o cuidado era pouco para Batinho e seus amigos. Evitar o álcool era ainda mais importante para impedir que alguém provocasse o outro. As pessoas dançavam, bebiam e fumavam naquele lugar. Havia muita gente fora quando, de repente, o inesperado aconteceu.

      – Estás-me a encarar, porque seu mulato sujo. – Gritou um estranho.

      – Eu? Estás doido? Maluco.

      – Tu chamaste-me de quê?

      – Maluco. É chamei-te de maluco, sim. Que parte do mundo em que olhar para alguém constitui crime?

      – Eu vou chover-te de pancadas. – Disse o estranho.

      – Quer encarar, venha! – Disse o Marquitos.

      – Marquitos, meu, evita esse mambo, brother, sai dessa, avilo. – Disse o Batinho.

      Porém, Tino olhando para a calamidade da situação, disse: “é o seguinte, pessoal, estamos aqui na banda alheia e se enchermos de pancadaria alguém, teremos de fugir e se não quisermos, temos de evitar brigas e eu, olha eu conheço esse tipo. É o Juzi, amigo do Caico, eles vivem na rua da malhação, lá onde vive o Morto. Eles são uma ameaça para todos os grupos aqui e por isso ninguém pode encará-los.

      – Eu não tenho medo dele. – Disse o Marquitos.

      E enquanto eles falavam, o Morto chegou e partiu uma ngala na cabeça de Marquitos e logo depois perguntou:

      –És tu que queres encarar o meu amigo?

      Marquitos levantou com a força de um tigre e, agarrou o tipo, suspendeu-o no ar e largou. A força de gravidade atraiu o corpo do tipo ao chão e naquele barulho louco e exagerado, ele pegou numa vara e o bateu, e bateu em todos os que estavam a aproximar-se. Ele ficou tão nervoso que ninguém o conseguiu deter. Quando eles viram que o tipo estava no chão, todos saíram, correndo sem olhar para atrás. E por causa disso o grupo obteve grande admiração e respeito por todos os outros grupos, pois chegou aos ouvidos de muita gente.

      O grupo de Batinho correu e correu.

      – Eles já não estão atrás de nós. – Disse o Mussungo. Mas quem provocou afinal de contas. – Perguntou o Putsom.

      – Foi o Juzi. – Disse o Marquitos e com uma voz ofegante, acrescentou: “foi ele mesmo que me encontrou e reclamou o porquê que eu estava a olhar para ele. E nem sequer para ele eu estava a olhar. Estava é a olhar para a Jéssica, meu…. – Disse o Marquitos.

      – Meu, amanhã é aula e eles vivem na rua da Malhação, no São José. Eu estudo no Dangereux e vocês que estudam na baixa estão tramados. Agora vamos bazar. – Disse o Dosversos.

      – Olhem, é o seguinte, pessoal, amanhã vocês fiquem calmos. Não digam nada e se eles quiserem uma briga, eles terão uma briga. Apenas fiquem calmos. A nossa reacção vai ser mediante a atitude deles. Firmado? Ao contrário da polarização e despolarização, usaremos o método da retroalimentação. Só daremos o troco ao preço que eles nos derem.

      – É verdade, Putsom. Nem mais. Somos um grupo e estamos juntos nisto. – Disse Batinho.

      – Vamos bazar, não tenham medo.

      Na mesma noite daquele dia de domingo, quando tudo acontecia de um lado, de outro lado o Sr.Rafael convidou a Sra. Esmeralda. Estavam a olhar o céu azul que banhava a lua e as estrelas.

      – Porque estás chorando, amor? – Perguntou o Sr. Rafael.

      – Eu não estou a chorar, amor, estou… estou apenas emocionada com o que você fez hoje. Ao declarar aquelas palavras na frente dos nossos filhos e convidados, fez-me sentir a mulher mais amada. Eu nunca me senti assim. Você traduz para mim segurança, amor e fé, apesar dos danos emocionais que eu ja causei a si. Obrigado, Rafael, por me amar tanto assim e eu sei que devo isso a Deus, que trouxe você para mim. Eu estava com medo de que nunca encontraria alguém que me amasse tanto e, ao orar a Deus, ele respondeu à minha oração. Eu amo-o, Rafael. Nunca se esqueça disso.

      – Esqueça o que aconteceu no passado. Lembranças negativas merecem ser apagadas das nossas memórias. Por agora, lembre que eu o amo, entendeu? Eu amo-a, querida. Você é meu pedaço do céu. Agora deixe eu limpar essas lágrimas, filha. Não chore, estás segura aqui nos meus braços e, Deus sabe disso porque ele está aqui também em nossa companhia.

      – Lembrou-se de quando eu tentei entregar-lhe a carta e..

      – E…. eu rejeitei.

      – Isso… a rejeitou. O guarda da escola viu e me disse uma coisa que até hoje não esqueci e talvez seja a razão de eu ter insistido ainda mais em si.

      – O que ele disse?

      – Ele pousou o braço sobre si e disse, olhando nos meus olhos: “filho, quem tudo por amor faz, não se cansa, não sente a dor da rejeição. Não desiste. Não cala diante das dificuldades. Na escola da vida


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