Atropos. Federico Betti
V
“Posso pagar com cartão?”, perguntou a mulher.
“Certamente”, lhe respondeu a funcionária da academia.
“Ótimo. Qual ficha devo preencher para me inscrever?”
“Veja aqui. Preencha em todas as suas partes e, se tiver dúvidas, pergunte.”, falou a loira por trás da bancada. “Escreva em maiúsculas.”
A outra mulher concordou e pegou a caneta que encontrou presa a um cordãozinho.
“Mariolina Spaggesi? Estou lendo certo?”, perguntou a funcionária.
“Sim.”
“E mora na rua San Vitale no número 12, correto?”
“Exatamente.”
“Bom. Diria que está tudo perfeitamente legível.”
Depois lhe entregou uma folha onde estava especificado o regulamento da academia.
Mariolina Spaggesi o dobrou, colocou na bolsa e saindo, saudou a outra mulher, para depois retomar o caminho de casa.
Não via a hora de começar: há tanto tempo tinha se prometido frequentar uma academia, na modalidade livre, sem ter a obrigação com horários e, finalmente, naquele dia tinha tomado a decisão de parar.
Passava na frente quase todos os dias porque estava no caminho que ligava sua casa com o local onde trabalhava e, geralmente, preferia fazer um passeio que usar os meios públicos. Considerava que fossem precursores de doenças como a gripe e, no fundo caminhar, como sempre é dito, faz bem à saúde.
Aquela noite chegou em casa e depois de ter pego a correspondência e ter jantado rapidamente com uma pizza entregue à domicílio, foi dormir às 21:00 horas, cansadíssima pelo árduo dia de trabalho, adormeceu rapidamente.
Quando se acordou na manhã seguinte, durante o café da manhã, verificou a correspondência que na noite antes tinha apenas depositado sobre a mesinha da sala de estar.
Alguns folhetos publicitários, um cartão postal enviado por uma amiga que estava de férias no norte da Europa e um envelope branco com selos, com os dizeres X MARIOLINA SPAGGESI e o endereço escritos em letras maiúsculas.
Não sabia quem fosse o remetente, porque era evidente que não quis fazê-lo saber ou porque, quem sabe, se teria feito reconhecer de algum modo dentro do próprio envelope ou por algum outro motivo que Mariolina ignorava.
Apoiou a xícara de café com leite sobre a mesinha e abriu o envelope, com curiosidade por aquilo que poderia ser o conteúdo.
Como era leve e, em geral, na aparência, parecia que não contivesse nada.
Na realidade, havia algo dentro e, exatamente um cartão de visita. O texto dizia:
MASSIMO TROVAIOLI
Diretor de Marketing
Tecno Italia S.r.l.
Na parte inferior do cartão de visita havia um contato telefônico empresarial, um celular, presumidamente empresarial e um endereço de e-mail pessoal.
Com as mãos trêmulas, Mariolina deixa o envelope cair no chão e o cartão voou por alguns segundos, antes de se apoiar no chão. Releu uma segunda vez tudo, depois do que se sentou para procurar entender o que estava sentindo.