Lash. L. G. Castillo

Lash - L. G. Castillo


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      Gabrielle puxou uma cadeira e limpou-a com um guardanapo antes de se sentar. — Trinta e cinco anos na Terra e o máximo que você conseguiu foi um conhecimento profundo dos filmes de George Lucas. Excelente.

      â€” Vamos chamá-lo de um estudo antropológico da natureza humana. — Lash sorriu enquanto levantava sua bebida.

      Gabrielle franziu a testa. — Você contamina o seu corpo assim como a sua mente.

      â€” Eu acho que você acharia divertido.

      â€” Eu tenho coisas mais importantes para fazer do que assistir você mergulhar em sua miséria autocriada.

      â€” O que? Você não se importa se eu fui para o lado negro? — Lash fingiu inocência ao arregalar os olhos. — Estou ferido.

      â€” Eu não sei o que Raphael vê em você. Estou perdendo meu tempo aqui.

      â€” Se você não planeja tirar essas roupas e dançar em torno daquele poste lá, então, sim, eu diria que você está.

      Seus olhos ficaram frios. — Grosso.

      â€” Algumas mulheres gostam. — Ele sorriu sem se arrepender.

      â€” Ugh, vamos acabar com isso. Eu tenho uma tarefa para você.

      â€” Eu estou fora dos negócios da família, lembra? — Lash se recostou em seu assento. — Pelo que me lembro, você estava lá quando fui jogado sem cerimônia para fora da porta.

      â€” Foi o destaque do meu século.

      â€” Tenho certeza que foi. — Lash olhou em seus olhos de gato e desejou que ele pudesse apagar a presunção de seu rosto. — O que quer que tenha, eu não estou interessado.

      Gabrielle arqueou uma sobrancelha. — Você tem certeza? — Ela tirou um pedaço de papel dobrado do bolso de trás da calça jeans e acenou na frente do rosto dele. — Você não está nem um pouco curioso do porquê Michael lhe daria uma tarefa depois de todos esses anos?

      Ele estava curioso, mas de maneira nenhuma queria que Gabrielle soubesse disso. Inclinou a cadeira para trás, equilibrando-se nas pernas traseiras e colocou as pernas sobre a mesa. — Eu não poderia me importar menos.

      â€” Eu disse a Raphael para não perder o seu tempo.

      Sua cadeira vacilou, ameaçando desequilibrá-lo. Ele rapidamente se ajustou. Sem tirar os olhos dela, ele disse: — Pela primeira vez, nós concordamos em algo.

      Gabrielle jogou o papel para o centro da mesa. — Se você se importa ou não, não é da minha conta. O que você faz com isso é sua escolha.

      Lash olhou para o papel com o canto do olho. Ele sabia que ela continuaria a observá-lo depois que saísse para ver se ele iria dar uma olhada. — Saindo tão cedo? — Ele deixou cair as pernas da frente da cadeira para o chão quando ela se levantou.

      â€” Eu tenho coisas melhores para fazer do que assistir você desperdiçar seus dons. Michael deveria ter tirado tudo de você no momento em que te expulsou.

      â€” Dons? Por favor. Não me faça rir. Estou limitado com o que posso fazer em minha forma humana, você sabe disso. — Sua capacidade de ver e ouvir ainda era melhor do que a de um humano, e ele era muito mais forte do que eles, mas sua habilidade de vôo foi severamente diminuída e odiava isso.

      â€” Oh, pobrezinho — disse ela antes de se virar e caminhar em direção à porta. — Eu acabei por aqui.

      â€” Espere — Lash gritou atrás dela. — Por que Michael mandou você entregar a tarefa?

      Gabrielle se virou, os olhos penetrantes travados com os dele e os lábios se transformaram em um sorriso perverso. — Eu me ofereci.

      Suas palavras eram como um tapa na cara. Ela sabia que entregando a mensagem, ele iria recusar. Deve ser algo realmente importante para ela estar desesperada o suficiente para ter certeza de que ele não aceitasse.

      Lash estendeu a mão para o papel e o sorriso de Gabrielle congelou. Ele riu. — Você realmente não quer que eu veja isso, não é?

      Gabrielle suavizou suas feições e encolheu os ombros. — Como eu disse, realmente não me importo. — Ela abriu a porta, deixando a luz da tarde se infiltrar no clube escuro. Quando ela saiu pela porta, murmurou baixinho. — Fraco — E fechou a porta com força.

      â€” Cadela! — Lash gritou atrás dela, sabendo muito bem que ela podia ouvi-lo mesmo se tivesse sussurrado isso. Sem pensar, ele pegou o papel, rasgou-o e jogou-o no ar. Quando os pedaços brancos flutuaram até o chão, ele drenou o último gole de seu uísque e bateu o copo na mesa, quebrando-o.

      Maldito corpo humano e sua sensibilidade à dor. Ele estremeceu quando abriu a mão e arrancou cacos de vidro da palma da mão. O sangue escorria e pingava na mesa.

      â€” Querido, você está... oh Meu Deus, você está sangrando — uma mulher falou pausadamente. Ela correu para o bar e voltou com um pano de prato. — Envolva isso em volta da sua mão.

      Lash tirou a toalha dela com raiva porque Gabrielle levou a melhor sobre ele.

      â€” Ei! Você não precisa ser um idiota — disse a mulher.

      Lash olhou para cima e olhou para um par de olhos verdes semelhantes aos de Gabrielle, exceto que eram muito mais gentis. Ela ofegou.

      â€” Você é lindo — ela murmurou, hipnotizada. — Existe alguma coisa que eu possa te trazer?

      Lash sorriu. Em suas formas humanas, todos os anjos eram vistos como impressionantes para os humanos, mesmo os caídos. Felizmente para ele, todas as mulheres que encontrou desde que foi expulso, estavam desesperadas por sua atenção e fizeram qualquer coisa que ele pediu a elas. No começo, ele não queria se aproveitar, mas quando percebeu que estava sozinho, precisava ganhar a vida de alguma forma. Belo corpo ou não, precisava ser vestido, alimentado e abrigado. Os humanos tinham uma manutenção tão alta.

      â€” Não, estou bem. É só um arranhão — disse Lash enquanto limpava a mão e colocava no bolso da jaqueta. Ele sabia que dentro de alguns minutos a ferida seria curada. Era um dos dons que foi autorizado a ter ainda e que veio a calhar ao longo dos anos.

      â€” Você tem certeza? Parecia muito ruim.

      â€” Sim, tenho certeza. — Ele a estudou enquanto ela pegava os cacos de vidro com cuidado e os jogava em uma lata de lixo nas proximidades. No bar esmaecido, ela parecia uma versão mais jovem de Gabrielle. Quando ela voltou, seus olhos percorreram as marcas em seus braços. Sua mão tocou um saquinho dentro do bolso e ele sorriu. Um pensamento surgiu em sua mente sobre como ele poderia dar o troco em Gabrielle e se divertir um pouco ao mesmo tempo.

      Ele deu à mulher seu olhar mais ardente. — Qual o seu nome?

      Seus olhos escureceram. — Megan — disse ela sem fôlego.

      Ele se inclinou e colocou uma mecha de cabelo loiro atrás da orelha. — Interessada em um bom momento?

      Lash se concentrou na pressão que crescia na boca do estômago. Seu corpo balançava para frente e para trás, saboreando o calor em sua pele ‒ o único tipo de calor que podia lhe dar alívio da dormência dos últimos trinta e cinco anos.

      No começo, ele pensou nisso como uma aventura, viver entre os humanos. Estava sinceramente curioso em saber como era


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