Lash. L. G. Castillo

Lash - L. G. Castillo


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de Naomi.

      â€” Eu não posso aceitar isso. Você já fez muito. — Naomi tentou colocar o envelope de volta no bolso de sua avó.

      â€” Não, não. Você aceita. É um presente. Você não pode recusar um presente. Seria um insulto.

      As mãos de Welita estavam em seus quadris e seus olhos instigando Naomi a desafiá-la. Seria como uma bofetada no rosto da avó se ela não aceitasse o presente. Era uma questão de orgulho que Welita conseguisse juntar a pequena quantia de dinheiro.

      Ela se abaixou e beijou sua bochecha. — Gracias, Welita. — De alguma forma, Naomi jurou para si mesma que iria devolvê-lo para ela. Era melhor fazê-lo sem que Welita soubesse disso. Ela era teimosa desse jeito.

      Enquanto a noite prosseguia, Naomi recostou-se com Welita e os outros, ouvindo os mariachis. A certa altura, Welita liderou todos cantando a popular música do ranchero Cielito Lindo.

      â€” Oh, Anita. Você é tão boa quanto a cantora Lola Beltrán — disse Chela, sua vizinha, quando Welita terminou de cantar.

      Naomi olhou surpresa para Welita, estava tão acostumada a todos chamando-a de Welita que, às vezes, esquecia seu nome ‒ Anita. Ela entregou à avó uma garrafa de refrigerante Big Red, observando os olhos cintilantes que se enrugavam quando Welita ria. As mãos, revistidas pelo desgaste de décadas de trabalho duro, acariciou o joelho de Naomi quando ela agradeceu pela bebida.

      Algumas horas depois, Welita cochilou e as pessoas começaram a deixar a festa. Naomi procurou por seu pai e acenou para ele quando o viu conversando com o Sr. Cruz.

      â€” Ela está dormindo? — Javier perguntou quando se aproximou. Ele olhou para a mãe roncando e riu. — Ela parece tão jovem quando está dormindo. É como se ela não tivesse mudado nem um pouco.

      â€” Mãe. — Ele cutucou seu ombro, tentando acordá-la. — Mamãe. É hora de ir para a cama.

      â€” O que? Não, é uma festa. Eu posso ficar acordada um pouco mais — disse ela, esfregando os olhos.

      â€” É quase meia-noite, Welita. Estou bem cansada também. — Naomi fingiu um bocejo e se levantou da cadeira. — Eu vou limpar. Você vai para a cama.

      â€” Eu vou ajudá-la. — Welita deslizou-se para a borda do assento. — Me ajude a levantar, Javier.

      Javier colocou a garrafa que estava segurando na mesa e estendeu um braço. Ela pressionou seu peso contra ele quando se levantou.

      â€” Vá para a cama. Eu ajudarei Naomi — ele disse.

      Welita se virou para o filho e deu um tapinha na bochecha dele. — Você é um bom menino e você criou uma boa filha. Meus graduados — ela disse enquanto pegava suas mãos nas dela. — Estou muito orgulhosa de vocês dois.

      Naomi olhou para Chuy, que ainda estava conversando com alguns de seus amigos, enquanto ela e seu pai pegavam os copos e os pratos sujos. Sempre que Chuy olhava para uma das garotas, ela piscava os olhos e fingia que estava arrebatada por cada palavra que saía de sua boca. Ele as recompensava flexionando seu bíceps toda vez que levava a garrafa de cerveja aos lábios, ou quando se movia em volta da caixa de gelo, o que ele fazia muito.

      Em um momento, Chuy olhou para Naomi e balançou as sobrancelhas quando uma garota chamada Rosie roçou contra ele. Ela era uma daquelas garotas ‒ o tipo com impressionante decote que fazia os homens babarem. Rosie passou os longos cabelos ondulados por cima do ombro e deu a Chuy um dos seus já conhecido sorrisos. Naomi enfiou o dedo na boca e fingiu engasgar. Ela não ficou impressionada. Rosie tinha uma reputação de flertar com qualquer coisa que se movesse, e ela tinha alguns bebês para provar isso. Se Welita estivesse acordada, provavelmente pegaria sua vassoura e afastaria Rosie.

      â€” Ei, Naomi, venha aqui — gritou Chuy.

      â€” O que houve? — Naomi acenou com uma oferta de cerveja de Lalo.

      â€” O que há de errado com sua prima, cara? Ela é boa demais para beber conosco? — perguntou Mateo, um dos amigos de Chuy.

      â€” Estou bem aqui, Mateo — disse Naomi, colocando as mãos nos quadris. — E para responder à sua pergunta, vim de moto, então a menos que eu queira passar a noite no sofá com os roncos de Chuy sacudindo a casa inteira, sem bebida para mim.

      â€” Eu não ronco. Você ronca — disse Chuy.

      â€” Uh, huh. Sim, claro. — Ela revirou os olhos.

      â€” Vamos lá, Chuy, esfregue logo — disse Lalo. — Se sairmos agora, podemos ficar um par de horas na mesa de dados e estar de volta antes do nosso trabalho a tarde.

      â€” Esfregar o que? E onde você está indo tão tarde? Você não tem trabalho amanhã? — Naomi golpeou as mãos de Chuy enquanto ele tirava o cabelo do ombro dela. — O que você está fazendo?

      â€” Estamos indo para o Casino Lake Charles em Louisiana — disse ele enquanto tentava dobrar a parte de trás do colarinho da sua camisa. — Vamos lá, Naomi. Deixe-me esfregar para dar sorte.

      Naomi bateu novamente nas mãos dele. — Pare com isso, Chuy. Meus esquisitos defeitos de nascença não são para o seu entretenimento.

      â€” Eu vou te dar vinte dólares, se eu ganhar.

      â€” Não.

      â€” Aww, vamos lá.

      â€” É apenas uma mancha de sardas, Chuy.

      â€” Eles dão boa sorte.

      â€” Você está falando sobre suas sardas? — Javier gritou enquanto passava por eles, arrastando um par de sacos de lixo cheios. — Elas dão boa sorte — disse ele antes de desaparecer no jardim da frente.

      â€” Papai. — Ela gemeu.

      â€” Viu? Até seu pai acha que dá boa sorte — disse Chuy.

      â€” Eu tenho que ver isso. — Mateo deu um passo em direção a Naomi.

      Chuy ficou na frente dele e colocou a mão em seu peito, mantendo-o à distância. — Sem chance, cara. É uma coisa de família.

      â€” Sério, Chuy, você está ficando supersticioso como Welita. Só porque minhas sardas formam o número sete, isso não significa que dão sorte. Se fosse, você acha que eu deixaria Welita morar neste bairro... com você? — Era uma marca estranha na parte de trás do seu pescoço. Ela não tinha notado isso aparecendo até um dia, quando ela e Chuy foram nadar. Ele tinha se esgueirado atrás dela e estava prestes a empurrá-la na piscina quando notou a marca de formato estranho. Welita lhes dissera que Naomi nasceu com isso e que ela estava destinada a algo especial. Chuy entendeu que era um amuleto de boa sorte.

      â€” É sorte. Na semana passada, depois de massagear seu pescoço, comprei um bilhete de loteria e ganhei cinquenta dólares.

      Ela se irritou. — Eu pensei que você estava tentando ser legal porque eu estava tão estressada durante a última semana de aula!

      Chuy tentou tocar seu pescoço novamente, e ela bateu nas mãos dele. — Pare com isso! Eu não sou um gênio em uma garrafa.

      â€” E se eu deixar você entrar na minha aula de autodefesa?

      Chuy se oferecera para dar aulas de autodefesa no centro comunitário local e ela estava pedindo a ele durante


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