A Atriz. Keith Dixon

A Atriz - Keith Dixon


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ligados.’

      â€˜Ã‰ melhor eu ir. Ficarei no meu camarote real, acene para mim.’

      Fora do camarim ela disse a Stefan, ‘Eles irão decepcionar. Estão muito nervosos.’

      â€˜Não seja pessimista. Eles ficarão bem. Nervosismo é bom, mantém o sistema funcionando, não preciso dizer isso a você.’

      â€˜Há algum lugar onde podemos pegar uma bebida? Eu acho que estou mais nervosa do que eles, e isso quer dizer alguma coisa.’

      Stefan pegou-a pela mão e passando pela plateia que estava lotada, conduziu-a para um pequeno bar no fundo da casa de show. Mai observou que a plateia era de maioria adolescentes e tinha um grande número de garotas. Por alguma razão muitas delas tinham em seu rostos uma pintura que simulava cortes diagonais que atravessava de um lado ao outro.

      Stefan reparou a mesma coisa. ‘É aquela música do YouTube – Garota Navalha. Elas não perceberam que se trata de cortar os pulsos e fazem apenas a maquiagem.’

      Mai se lembrou da música agora, algo que Joe tinha escrito aparentemente sobre sua ex-namorada que constantemente se cortava. Não havia nenhuma imagem da banda no vídeo do YouTube, mas alguém tinha incluído algumas imagens para a música – fotos de uma garota com uma pintura colorida de um corte diagonal que atravessava seu rosto de um lado ao outro, copiando David Bowie no álbum Aladdin Sane. Suspeitavam que a foto era do próprio Joe, embora ele não admitisse isso.

      Após quarenta minutos de show, Mai olhou nos olhos de Stefan e acenou em direção ao fundo da casa de show, pela lateral da multidão que pulava. Ele a alcançou e eles entraram no bar.

      â€˜O que houve?’

      â€˜Dor de cabeça,’ ela disse. ‘Eles são mais barulhentos do que eu me lembrava. Você já conseguiu detectar alguma melodia?’

      â€˜Não seja cruel. Eles estão bem, embora eu esteja farto das divagações de Joe no meio das músicas. Ele deveria apenas contar um, dois, três, quatro e então cantar.’

      Mai encontrou uma frágil cadeira no bar, sentou-se e inclinou sua cabeça para baixo apoiando-a com suas mãos. O som da música ultrapassava a parede que separava o bar, era uma batida pesada sobreposta com um tipo de lamúria que Joe fazia quando esticava ao máximo a variação da sua voz em toda música. Esse era o ‘som’ deles, um truque com a intenção de diferenciá-los da concorrência. Eles poderiam ir tão longe enquanto os acordes vocais de Joe permanecessem intactos. Mel e água era o que ele precisavam, pensou Mai, lembrando-se da receita infalível de sua mãe.

      Ela levantou a cabeça e olhou ao redor. Que lugar era aquele? Ela tinha dado o endereço ao taxista mas não sabia onde realmente era, algum lugar desabitado do Ártico ao norte de Londres. Tinha a sensação de ser algum tipo de boate precária em uma falida e depressiva cidade ao norte. Poderia ser lugar de comediantes que contavam suas piadas sexistas, talvez com shows de striptease aos domingos. Bingo na segunda-feira à noite para aposentados locais. Por que será que Alfie estava tocando em um lugar desses? Será que a gravadora estava tentando dar algum um golpe com impostos, dizendo à receita que eles estavam gastando milhões com novos lançamentos, quando de fato estavam fazendo shows na Sibéria?

      Stefan colocou a bedida no balcão em frente à ela. Tinha uma efervescência com um tipo de agitação que ela não podia discernir.

      â€˜Ãgua tônica,’ ele disse. ‘Beba devagar. Vou voltar para lá. Ore por mim.’

      Conforme ele abria a porta corta-fogo para voltar ao show, o som da banda ecoava estrondosamente.

      Não havia mais ninguém no bar, exceto dois atendentes chatos e um homem que ela achava que conhecia, que estava sentado à uma mesa a quem ela observava. Assim que ele percebeu que ela o observava, ele olhou para ela e esboçou um sorriso inseguro. Então ela o reconheceu – ele estava no mesmo ensaio que ela estava algumas semanas atrás. Ele provavelmente era de uma gravadora, para acompanhar o desempenho da banda em seu primeiro show.

      Ela apoiou sua cabeça novamente sobre sua mãos e respirou profundamente, tentando acalmar a pulsação da sua têmpora direita. Ela podia sentir o cheiro de álcool amanhecido nas poças no chão e do cigarro velho que sem dúvida estava impregnado como DNA no papel de parede.

      Quando ele se aproximou e falou com ela, ela teve certeza de que era ele. Ela deveria ter advinhado que ele iria falar com ela.

      â€˜Você está bem? Precisa de alguma coisa?’

      Ela não se moveu, não queria dar-lhe nenhuma oportunidade.

      â€˜Senhorita Rose?’

      â€˜Estou bem, obrigada. Um pouco de dor de cabeça. Você deveria ir assistir ao show. The Gastric Band. Parece que eles estão mais descontraídos.’

      Ela ouviu dele uma risada e ela sorriu para dentro das palmas de suas mãos.

      Ele disse, ‘Eu soube que eles não estão escrevendo nada por enquanto. Estão com problemas.’

      Ela sorriu novamente. ‘Eles estão cientes disso.’

      â€˜Pelo menos eles não forçam a música deles goela abaixo.’

      Nesse momento ela olhou para ele. ‘Não funcionou. Você estragou a piada.’

      Ele estava pálido mas não tinha uma má aparência, algo em torno dos vinte e quatro a vinte e seis anos, ela pensou. Talvez mais velho. Cílios longos e bom de conversa. Um ar de confiança provocante que beirava um certo carisma. Hmm.

      â€˜Eles não esperam ver você lá dentro, com sorriso encorajador, batendo palmas junto com o magnata Richard Branson ou outra pessoa?’

      â€˜Eu verifiquei o teste do som. Não é a mesma coisa não conhecer as músicas. Tem certeza que você está bem? Eu poderia ficar com você lá fora, se quiser, enquanto você vomita.’

      â€˜Ã‰ o que está parecendo? Pronta para vomitar.’

      â€˜Hey, como você sabe o nome da próxima música?’

      Agora ela riu alto. ‘Eu estava pensando em usá-la como título da minha autobiografia de celebridade, uma vez que encontrei um escritor fantasma que iria fazê-la por um preço mais em conta.’

      â€˜A gravadora pode colocar alguns em seu caminho. Posso me sentar?’

      â€˜Só se você me divertir.’

      â€˜Vou continuar então ou eu estarei sentado lá com a minha reputação em frangalhos.’

      Ela se aproximou do balcão e puxou uma outra cadeira alta para perto dela. Ele se sentou e apontou para o copo meio vazio.

      â€˜Outro?’

      â€˜Não, obrigada. E isso é tônica antes que você pense alguma outra coisa.’

      â€˜Ah, certo, você está nos ensaios, não está.’

      â€˜Alfie lhe disse o quê?’

      â€˜Não, eu li no jornal em algum lugar. Eu tento não falar com Alfie, se é que você deva saber.’

      Ela ficou intensamente interessada. ‘Por que?’

      â€˜Ele odeia conversa banal, você não percebeu? E como um representante da


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