A Atriz. Keith Dixon
deveria estar lhe contando isso. Com esse seu amor bem evidente.â
âE você não deveria. A primeira coisa que vou fazer é contar a ele e você será demitido.â
âAi. Então me diga sobre você e o papel de Deannah? Você realmente quer o papel? Ou é apenas parte da cortina da fumaça do showbiz? E você e Helena Cross são realmente melhores amigas e assim por diante.â
âNão, realmente, que se dane ela. Esse é um recado dado, de qualquer modo. Você a conhece?â
âApenas adorada de longe. Tão longe quanto é possÃvel ficar daquela boca grande e daqueles olhos amedrontadores.â
âEntão você a conhece. Confie em mim, ainda mais assustadores de perto.â
âDiferente de você, então.â
âIsso é um teste, então.â
âAh droga. Sinto muito.â
Um teste era exatamente o que ela sentiu sobre o que tinha acabado de acontecer, ela o olhou fixamente mas não sorriu. Ele olhou para baixo, desceu da cadeira e levantou a mão.
âà melhor eu entrar, como você disse. Verifique se eles estão tocando as músicas certas. Não quero que de repente eles estourem como Andy Williams.â
âOu Tom Jones.â
âNão, o céu é proibido. Olhe em volta.â
âHey, qual é o seu nome?â
âSe pensa que eu lhe direi, você está enganada.â
Ela sabia que poderia ter achado graça e o chamado de volta, mas ela gostou do poder que ela sentiu naquele momento. Foi um bom teste e também foi agradável porque ela realmente gostou dele. Se ela não tivesse gostado dele teria sido mais fácil, pois de qualquer modo ela não teria sentido nada quando o dispensou.
Finalmente os últimos se foram e então ela se direcionou para os bastidores, escolhendo onde pisava no meio do lixo pegajoso da pista. Stefan se jogou em uma das cadeiras do bar e disse a ela que iria esperar até que ela tivesse elogiado Alfie o suficiente. O representante da gravadora não estava mais lá, tinha desaparecido.
Ela se espremeu passando por mais assistentes que carregavam os mesmos rolos de fitas adesivas e guitarras, passou por uma porta aberta que deixava o ar tão frio quanto nitrogênio lÃquido com cheiro de batata frita com sal e vinagre, passou por uma garota que estava vomitando ruidosamente no corridor e, finalmente chegou ao mesmo camarim onde tinha se encontrado com a banda antes do show.
Quando ela passou pela porta, era como se tivesse soado um alarme silencioso. Os integrantes da banda se viraram para ela, com expressão de surpresa e apreensão em seus olhos, os braços levantados pela metade, um grande silêncio repentino mais alto que um trovão amortecendo o ar. Ela percebeu tudo isso imediatamente e se virou para a direita, onde ela tinha percebido um movimento.
Duas garotas, nuas da cintura para cima, em pé como se esperassem o ônibus e no meio de uma conversa casual. Elas estavam com a pintura do corte diagonal que atravessava seus rostos e um de seus seios. Azul em uma garota e vermelho na outra. Elas mal pareciam ter dezessete anos.
Mai soube que os integrantes da banda tinham discutido para saber quem iria primeiro conversar com elas.
Ela queria ir para cima delas e brigar. Ela queria rir diante de algo tão previsÃvel. Ela queria se virar e perguntar a elas o que achavam que estavam fazendo. Ela queria repentinamente bater em alguma coisa.
Ela se virou e saiu da sala. Ela sabia que Alfie iria atrás dela ... e ele foi, batendo seus passos no piso de concreto. Colocou a mão em seu braço quente.
âMai, não pense ...â
Ela parou mas não conseguia olhar para ele. Lembre-se o que é esse sentimento, ela disse a si mesma. A pressão por trás dos seus olhos, o aperto na garganta e a tradicional aceleração em seu peito. A raiva consciente e gelada na parte de trás da sua cabeça. O que parece? Prossiga, considere, lembre-se.
âNão há uma boa explicação possÃvel, há?â ela disse, olhando fixamente para uma sinalização de saÃda de emergência, um homem correndo em uma estúpida placa verde. Por que não é vermelha? O verde aparece melhor durante um incêndio ... ?
âPor favor, Mai ... Não sou estúpido. Eu sabia que você poderia aparecer nos bastidores no final do show. Além do mais, eu sou o único que tenho uma namorada, então eu estava apenas â â
âPegando uma carona? Muito bom.â
A mão dele soltou o braço dela como se ele tivesse sido atingido repentinamente por uma descarga elétrica. âVocê pode acreditar em mim ou não, se quiser. Eu não tenho que me explicar para você.â
âVerdade. Não há a necessidade de explicações.â
âVocê não tem sido muito amigável ultimamente.â
Agora ela não poderia deixar de olhá-lo â seu rosto longo, cabelos suados para trás, olhos com o contorno vermelho pelas luzes do palco. A vez dele de olhar, talvez constrangido.
âAmigável como uma pessoa amigável deve ser. Não necessariamente rindo o tempo todo.â
Ele apertou a mandÃbula. âEu ando um pouco estressado, se é que não percebeu e se você conseguir olhar para além do seu próprio umbigo.â
A raiva subiu-lhe de suas entranhas.
âVocê é um egoÃsta, covarde, você não vale nada. Você teve mais incentivo de mim do que eu tive de você. Quem comprou aquele equipamento que você espancou essa noite? Quem deu entrada para pagar aquela lata velha que você chama de carro?â
âAh sim, você é tão respeitável. Porque sua carreira vale mais do que a minha, não é? Então você pode me dar esmolas.â
âEram esmolas? Eu estava ajudando você a se estabilizar para que você não tivesse que se preocupar. Acontece que eu era uma instituição de caridade.â
âChame do que você quiser. Você dizia que sua ajuda era livre de condições, mas elas estavam lá, não é?â
Ela olhou para ele, sem entender. Era isso o que ele tinha pensado? Que havia um preço a pagar pela generosidade dela? Ela tinha percebido que não tinha entendido nada. Ela se sentia como uma missionária que tinha acabado de descobrir que a tribo tinha uma visão de valores diferentes da dela e que eles eram provavelmente perigosos.
Ela disse, âInacreditável,â e em seguida saiu. Dois homens que estavam carregando guitarras olharam para ela e depois olharam para o lado. Ela carregava uma raiva como um odor que fazia com que as pessoas se afastassem. Ela pensou, dane-se ele, ele precisa de mim mais do que eu preciso dele. Ele pode ficar com aquelas garotas se quiser. Ela também pensou, surpreendendo a si mesma, segure-se, não deixe que percebam, as pessoas estão observando.
Ela diminuiu o passo, levantou os ombros e ergueu a cabeça. Respirou profundamente e segurou as lágrimas dos seus olhos. Empurrou as portas para dentro do bar, onde Stefan estava encostado de lado, com a boca levemente aberta. Ela se sentou do lado oposto e depois de um momento ele abriu seus olhos pálidos olhando para ela. Ele engoliu a saliva e franziu a testa.
âPronta para