A Atriz. Keith Dixon

A Atriz - Keith Dixon


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uma pia, uma janela guilhotina. Uma cadeira, uma cômoda, um guarda-roupas estreito. Era um quarto escuro nos fundos disfarçado de apartamento, com um acesso compartilhado a um banheiro. Era um inferno, mas o único inferno que ela podia pagar depois que se separou de Dennis. Ela estaria miserável e infeliz se tivesse que voltar à cidade de Bude, apesar do atrativo e revigorante ar do mar.

      Então ela temia que tudo isso pudesse terminar – sua vida atual, a amizade e a proximidade. Tudo o que ela tinha era o inferno de Twickenham. Desde que terminou com Dennis ela se preocupava com o fato de nunca mais ter amigos novamente. Ela dizia para si mesma que era uma pessoa muito exigente e muito velha para mudar isso. Ela tinha medo que em algum momento, a domesticidade ao redor dela – entre seus clientes, sua família, seus amigos – pudessem frustrá-la para sempre. Ela dizia a todos que ela tinha um espírito livre, que não queria ser amarrada, que estava muito ocupada se divertindo ... mas as palavras tornavam-se cinzas na sua boca ao mesmo tempo em que as dizia.

      Ela tinha percebido há algum tempo que ela tinha medo do compromisso com alguma linha de raciocínio ou algum modo de vida ... mas tinha igualmente medo da solidão que isso pudesse lhe causar.

      Portanto, sua solução era a de ser amada. Certificar-se de que as pessoas gostassem dela e quisessem a sua companhia, sua amizade. Ela trabalharia para eles, por dinheiro, mas ela também poderia bajulá-los. Ela queria tornar-se insubstituível. Ela seria honesta, contanto que a honestidade não fosse dolorosa e convencional, enquanto não houvesse nenhuma crítica subentendida. Ela caminhava em uma linha tênue, para parecer prestativa e carinhosa mas ao mesmo tempo, era capaz de falar francamente quando necessário.

      Mai disse, ‘Você está vindo? Eu quero ver se eles irão conseguir resgatar a criança.’

      â€˜Ã‰ Hollywood, é claro que irão resgatar a criança. E os bandidos serão punidos.’

      â€˜Bem diferente da vida real,’ disse Mai de forma sarcástica.

      Por muitas vezes Billie ficava pensando o que motivava Mai. Às vezes ela se comportava como uma criança que tinha sido mantida de castigo por um tempo, ansiosa para sair dos limites de ser Mai Rose. Outras vezes parecia passiva e observadora, como se fosse mais divertido olhar os outros lutarem com a vida e talvez falharem, do que ela própria se arriscar.

      Talvez essa disputa pudesse esclarecer qual versão dela mesma fosse a real.

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      CAPÍTULO CINCO

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      O PERCURSO DE TÁXI até o clube onde a The Gastric Band iria se apresentar parecia interminável, como uma longa jornada em um sonho onde você nunca chega ao destino, embora esteja sempre à vista.

      O taxista Addison Lee tinha passado para pegá-los primeiro, em seguida foi encontrar Stefan antes de começar a longa jornada pelo norte de Londres até Kentish Town e Hampstead, dirigindo agressivamente para além de Golders Green. Aqui há dragões, pensou Mai, enquanto o taxista seguia adiante. Atriz em ascensão foi encontrada abandonada em local ermo de Londres. Afirma que não havia nenhuma viva alma no local ...

      Stefan disse, ‘Você precisa admirar a ousadia deles. Fazer todo este trajeto apenas para tocar algumas músicas.’

      â€˜Eu não acho que a banda de Alfie sabe o que é uma melodia. Você sabia que o punk nunca morre? Apenas entra em coma e revive de vez em quando.’

      Stefan deu uma olhada para ela. ‘O homem dos seus sonhos sabe o quanto você admira a carreira que ele escolheu?’

      Mai não disse nada e continuou olhando para fora da janela. Ela tinha falado rapidamente com Alfie naquela manhã para perguntar o nome do local. Ela tinha sentido novamente uma certa tensão em sua voz. Ela estava disposta a acalmá-lo – afinal, era seu primeiro show com sua recém-lançada banda – mas ele parecia estar amargo sem motivo. Ela sabia que isso tinha a afetado em seu ensaio naquela tarde, embora Pedro parecia ter percebido seu mau humor e não a tinha pressionado. Ela imaginou se seus outros amigos tomavam cuidado para falar com ela quando ela estava de mau humor. Era ela temperamental? Ela assustava as pessoas? Ela lia biografias de showbiz para estar ciente dos perigos da auto-estima e da vaidade, e a última coisa que ela queria era afastar as pessoas. Ou assustá-las.

      â€˜O que você está pensando?’ perguntou Stefan.

      â€˜Eu deveria estar em casa decorando textos e descansando, e não indo para um local suado para destruir os meus tímpanos.’

      â€˜São as coisas que fazemos por amor.’

      Ela não virou sua cabeça mas levantou as sobrancelhas. ‘É claro que sim.’

      Ela chegou aos bastidores. Foi conduzida para baixo em alguns corredores escuros, passando por assistentes de palco que carregavam guitarras e rolos de fitas adesivas, movendo-se orgulhosamente como se fossem integrantes da banda. O ar exalava eletricidade de alta voltagem em meio a cabos isolados.

      Alfie, Joe e outros dois integrantes da banda estavam sentados em poltronas rasgadas em um camarim que nunca tinha visto dias melhores. Joe estava magro e Mai pensou que ele pudesse estar se esforçando para parecer com um integrante da banda Franz Ferdinand – de todos os ângulos e de cabelo curto. Os outros dois eram de estilo techno-geek e passavam a maior parte do tempo conversando sobre os equipamentos. Um usava óculos e o outro não – essa era a única maneira que Mai conseguia diferenciá-los.

      Alfie se levantou e abraçou Mai, depois cumprimentou Stefan. Ele tinha se barbeado pela primeira vez em meses e deixou seu cabelo crescer desde a última vez que ela o viu. Ele parecia magro mas forte, como um prisioneiro que tinha se exercitado bastante mas que não tinha se alimentado bem. O que estaria bem perto da realidade, ela pensou. Ela sentiu um pouco de emoção quando ele a abraçou.

      Ele perguntou, ‘Como está lá fora? Alguém se preocupou em vir?’

      â€˜Fervendo,’ disse Mai. ‘Estão ansiosos e na expectativa.’

      Joe disse, ‘Obrigado por vir. Alguém veio com você?’

      â€˜Desculpe. Não tenho falado com ninguém há alguns meses.’

      Joe moveu a cabeça em sinal de compreensão e Mai pensou se ele era mais um que a via como a famosa da televisão e queria se aproveitar de alguma forma do reflexo de sua glória. Ela encontrou algumas pessoas que não fizeram nada, mas perguntaram sobre o Terraço Amberside e sobre os outros participantes, como se isso tivesse sido um acontecimento real em uma rua real.

      Alfie disse, ‘O som está uma droga. O cara da gravadora não fez nada a não ser pedir desculpas desde às quatro horas. Algo também deu errado com os ingressos. Você teve sorte que não desistimos e abandonamos você no meio da cidade.’

      â€˜Talvez na próxima vez. Onde está Pete?’

      â€˜Está com o The O2 – o grande show, ele teria mais a perder. Não precisamos dele aqui.’

      Pete


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