Levada pelos seus parceiros. Grace Goodwin

Levada pelos seus parceiros - Grace Goodwin


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na ligação deles. Eu olhei para os colares combinados que usavam e invejei a ligação deles.

      Eu também teria aquela ligação. Em breve. Eu só tinha que chegar à Terra, encontrá-la e trazê-la para casa.

      — Faça boa viagem, Nial. — disse Deston. — Assim que te transportarmos, o teu pai certamente fechará as estações de transporte e, muito provavelmente, enviará caçadores de prêmios à tua procura.

      — Eu não tenho medo do meu pai.

      O Comandante Deston acenou com um respeito profundo que eu antes não tinha visto nele. Eu antes era um garoto mimado. Agora eu o sabia e não tinha vergonha de admitir. Eu era um príncipe mimado que queria brincar nas guerras, mas que não compreendia totalmente o preço dela. Eu já não era aquele homem. Deixei o comandante e curvei-me perante a sua noiva. — Dama Deston.

      — Boa sorte. — Ela inclinou-se para frente nas pontas dos pés e deu-me um beijo na bochecha, na minha bochecha esquerda. Aquela atitude convenceu-me ainda mais do que tudo de que uma noiva da Terra era a minha única chance de encontrar uma fêmea que me aceitaria como eu sou agora.

      O seu segundo parceiro, Dare, olhou-me e eu invejei aquele brilhozinho prateado nos seus olhos. Ele também tinha sido capturado. Mas sendo o herdeiro do Prime, eles priorizaram-me na Colmeia e começaram o seu trabalho em mim. Dare tinha escapado à tecnologia deles com apenas um pouco de prateado num dos olhos, algo que apenas aqueles que eram próximos a ele sabiam.

      Dare estendeu-me o seu braço, e eu tomei-o. — Como vai proteger a tua parceira sem um segundo? — Ele continuou agarrado a mim, mesmo eu já o tendo largado. — Devia escolher um segundo, Nial. Leve-o contigo.

      — Eu sou um forasteiro, um contaminado. — Neguei com a cabeça. — Não poderia pedir isso a nenhum guerreiro. Ainda não.

      Ainda assim, Dare continuou agarrado a mim. — Pedir o quê? Para proteger e cuidar de uma noiva linda? Para partilhar o corpo dela e fodê-la até ela gritar enquanto goza? — Ele sorriu e viu Hannah corar. — Confia em mim, Nial, ser um segundo parceiro não é nenhum sofrimento.

      Eu sabia que o que ele dizia era verdade ao ver a sua – deles, na verdade – cerimônia de emparelhamento na minha mente.

      Talvez o que ele dizia fosse verdade, mas eu era um contaminado que estava prestes a infringir as leis Prillon e viajar para um planeta restrito. Eu tinha sido emparelhado com uma noiva que não me conhecia e que, muito provavelmente, sairia correndo e gritando ao avistar pela primeira vez as minhas feições arruinadas. Eu não conseguia pedir a nenhum guerreiro para que se juntasse a mim dadas as circunstâncias.

      Sem responder, fiz com que Dare me soltasse e entrei na plataforma de transporte e vi a Dama Deston lançar-me um sorriso malandro, olhando para mim com os seus olhos escuros invulgares. O cabelo negro dela se destacava entre a raça dourada de Prillon Prime como uma estrela na escuridão do espaço. — Você estará nu quando chegar lá, sabia?

      — Sim. — Assenti. Sem roupas, sem armas. Sim, eu conhecia o protocolo Prillon, sabia como nossos transportes estavam programados para funcionar. Nenhuma roupa ou armas passariam pelo transporte de longa distância. A espera por uma noiva nua e ávida era um dos eventos mais aguardados em toda a Aliança Interestelar. Eu tinha que me perguntar quanto ao que as pessoas do centro de processamento da Terra pensariam quando vissem um homem nu – não, um homem meio ciborgue nu – aparecer ali.

      — Você também é meio metro mais alto do que a maioria dos homens da Terra. Vai se sobressair como um varapau.

      — Eu não sei o que significa essa expressão, mas tenho que presumir que serei uma curiosidade somente pela minha altura, e não por isto. — Apontei para a lateral do meu rosto.

      Hannah enrugou os lábios e acenou.

      — Que assim seja.

      Franzi a testa devido ao atraso, e lancei uma olhadela sombria ao guerreiro por trás dos controles para que prosseguisse. O guerreiro nos controles acenou para mim reconhecendo a minha ordem silenciosa.

      — Esperem.

      Uma voz profunda fez com que todos nós virássemos. Um dos guardas à porta caminhou na minha direção.

      O nome dele era Ander e ele tinha sido um dos guerreiros que tinha me resgatado e a Dare da Colmeia. Ele era ainda maior do que eu, com ombros largos e uma cicatriz enorme que atravessava toda a lateral direita do seu rosto. Aquela marca era um sinal da sua ferocidade enquanto guerreiro, era o sinal do preço que ele tinha pago ao lutar pelo nosso regresso.

      A minha cor era de um dourado claro, comum entre o nosso povo. A de Ander era mais escura, os olhos dele eram de um tom de aço enferrujado, e o seu cabelo e a sua pele de uma tonalidade mais escura, mais para o castanho e era mais comum nas famílias mais antigas. Eu já o conhecia, mesmo antes do nosso resgate. Ele era bastante temido e respeitado na nave de combate, e era um dos guerreiros de elite do Comandante Deston. Eu devia-lhe a minha vida. E Dare também. A sua presença na sala de transporte mostrava que o comandante e o seu segundo confiavam nele como pertencendo ao círculo mais íntimo e mais fiel de guerreiros, como uma pessoa de confiança.

      Olhei-o nos olhos, de forma rigorosa, de um forasteiro marcado para outro. Observei-o, curioso, enquanto ele colocava de lado as suas armas e caminhava para se colocar diante de mim. — Ofereço-me como teu segundo.

      Ander era um filho da mãe horrível e muitos anos mais velho do que eu, mas era feroz no campo de batalha. Eu não podia pedir por um guerreiro melhor para me ajudar a encontrar e a proteger a minha noiva. Ele tinha se mostrado leal para comigo, para Dare, e para o comandante durante muitos anos de combate. Eu não o conhecia muito bem, mas sabia o suficiente. Ele era digno de uma noiva. Céus, talvez fosse até mais digno do que eu.

      Pensei na cerimônia de acasalamento que tinha servido como base para o meu emparelhamento, pensei naquele que tinha um segundo dominador que tinha fodido o traseiro da sua parceira com uma precisão prazerosa e hábil. Sabendo das necessidades da minha parceira só por aquele sonho, eu sabia que Ander serviria. Ele serviria bastante bem.

      Virei-me para o comandante, visto que eu não levaria um dos seus melhores guerreiros sem a sua permissão. O meu antigo eu, o príncipe mimado que pensava que tudo lhe era devido, teria levado o guerreiro e não teria pensado minimamente nas responsabilidades daquele homem para com aqueles que estavam na nave, para com aqueles que estavam sob o seu comando, aqueles a quem ele protegia.

      Ander também se virou para o comandante. O comandante estava de pé, com o seu braço em volta da cintura curva da sua parceira, com um raro sorriso no rosto. — Vão. Que os deuses os protejam.

      A Dama Deston repousou a sua cabeça no ombro dele, o sorriso dela era genuíno. — Tentem não matar muitos idiotas. E tentem não a matar de susto. — Ela estendeu a sua mão e Dare colocou três colares pretos na palma da sua mão. Ela voltou-se para mim. — Penso que venham a precisar disto.

      Neguei com a cabeça. — Temo, minha senhora, que eles não sobrevivam ao transporte. E que também não funcionem bem fora do alcance da nave.

      — Oh. Então, eles ficarão aqui para quando vocês voltarem. — A mão dela caiu sobre a de Dare e ela agarrou-se aos seus dois parceiros, claramente triste enquanto nos observava um ao lado do outro no bloco de transporte. — Boa sorte. Vocês vão fazê-la surtar. Tentem ser pacientes.

      Acenei enquanto me preparava para a torção dolorosa do transporte de longa distância, com Ander diretamente atrás de mim. Senti o pico de energia fluir pelas minhas células, o que significava que o protocolo de transporte tinha começado. Eu não entendi aquela frase, fazê-la surtar. E também não precisava ser paciente. Essa mulher da Terra, ela era a minha parceira. Nós tínhamos sido emparelhados. Ela ia conhecer a ligação tão bem quanto eu. Ela poderia perguntar-se quanto a Ander, mas eu tinha o escolhido como meu segundo, ela não tinha que me questionar. Eu sou o parceiro dela. Não há motivo algum para desperdiçarmos o nosso tempo cortejando a nossa nova noiva com rostos agradáveis ou palavras mansas.

      Eu


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