Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém. Maisey Yates

Uma aristocrata no deserto - Escondida no harém - Maisey Yates


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Bolas! – exclamou ele, segurando-lhe as mãos com mais força e imobilizando-lhe as pernas com uma das dele. – Segue as minhas instruções e não te farei mal – prometeu.

      Quem ia acreditar! A família dele passara séculos a magoar as pessoas de Bakaan. A tirania corria-lhe pelas veias, tal como o sangue que acabara de lhe fazer com o arranhão.

      – Bolas, está quieta! – ordenou ele.

      O seu tom rude obrigou-a a parar de se retorcer. Com um movimento rápido, pô-la de barriga para baixo e prendeu-lhe as mãos atrás das costas.

      Com os olhos e o nariz cheios de areia, Farah virou a cara para não asfixiar. Foi então que percebeu que estava a tocar-lhe no traseiro. O medo deixou-a paralisada. Não iria…?

      – Calma, gatinha selvagem – sussurrou ele, ao mesmo tempo que lhe mostrava a própria adaga. – Que adaga tão bonita. Teria sido ótima há alguns dias. Sabes como usá-la?

      Se quisesse, podia demonstrar-lhe, pensou Farah, olhando para ele com desprezo. Embora não conseguisse falar enquanto lhe tapava a boca, podia tentar emitir algum som, pensou. Tinha de haver um guarda por perto e, certamente, ouvi-la-ia.

      Retorcendo-se, gritou por baixo da mão dele. Imediatamente, tapou-lhe o nariz. Apesar dos seus esforços, não foi capaz de se libertar e cada vez tinha menos ar nos pulmões.

      – Vamos fazê-lo assim. Afastarei a mão da tua boca e ficarás calada! – ordenou ele, quando, finalmente, ela ficou exausta.

      Não tencionava obedecer-lhe, pensou Farah.

      – Se não o fizeres, o guarda entrará e ver-me-ei obrigado a matá-lo com a tua adaga.

      Então, ela ficou imóvel de medo. Uma coisa era arriscar a sua própria vida e, outra muito diferente, pôr em perigo a de outra pessoa.

      O príncipe levantou-a com brutalidade.

      – Assente se vais fazer o que te digo.

      Capítulo 4

      Durante um instante, Zachim pensou que teria de a deixar inconsciente, mas não queria fazê-lo. Para sair do acampamento, precisava que ela o guiasse para os cavalos sem atrair muita atenção.

      Por sorte, a mulher ignorava como era indispensável para a sua fuga e assentiu. Devagar, ele afastou a mão. Ela cerrou os dentes, como se a tivesse magoado. Era provável que tivesse sido assim. Lutara como um gato selvagem e tivera de usar a força para a dominar. Era surpreendente que uma mulher tão esbelta e suave fosse tão forte. E a sua cara… Era muito bela. Ao olhar para ela, sentia vontade de se perder naqueles olhos castanhos. Uma tez suave e uns lábios carnudos completavam a imagem.

      Durante a resistência, o keffieh que lhe cobria a cara caíra. Tinha o queixo erguido num gesto desafiante, como se tivesse vontade de o mandar para o inferno. No entanto, ansiava voltar a ouvir o gemido doce que escapara da boca dela quando lhe lambera os dedos.

      «Mau momento para ter uma ereção, príncipe», pensou Zachim.

      – Escondes mais armas? – perguntou ele, tirando a corda dos pulsos.

      Mesmo na escuridão da tenda, Zachim conseguia adivinhar a sua fúria.

      – Não vou dizer-te!

      – Se não o fizeres, terei de te revistar.

      – Não! – exclamou ela, imediatamente. – Não tenho.

      Ele conteve a gargalhada diante da sua resposta desesperada e interrogou-se se tinha medo ou se temia a química inesperada que surgira entre os dois.

      – Vamos.

      – Não vou a lado nenhum contigo – declarou ela.

      – Virás, sim. Vais tirar-me daqui e levar-me até onde estão os cavalos. Se alguém nos deter, dir-lhe-ás que me levas ao teu pai. Conduzir-me-ás a puxar esta corda e fingiremos que tenho as mãos atadas.

      No silêncio que se fez depois, Zachim quase conseguia ouvi-la a pensar, debatendo-se para encontrar uma alternativa. Para lhe demonstrar quem mandava, agarrou-a pelo traseiro e apertou-a contra o seu corpo. Não podia deixá-la ir-se embora, pelo menos, até terem chegado aos cavalos.

      – Dá o alarme e matarei qualquer pessoa que se aproxime.

      A temperatura do deserto já baixara e o vento batia cada vez com mais força na tenda. Zachim não sabia se o acampamento de Mohamed Hajjar era muito afastado da civilização, mas intuía que a noite seria longa.

      Inclinou-se para pegar num pedaço de corda, que pôs à volta dos pulsos. No meio da escuridão, teriam de se aproximar muito para perceber que não estava realmente preso. Só tinha de chegar até aos cavalos. É óbvio, teria preferido ter um veículo todo-o-terreno, mas nos três dias que passara prisioneiro, não ouvira nenhum motor à volta.

      – Bom, minha pequena rainha caçadora, vamos.

      – Não sou nada teu! – protestou ela, sem querer olhar para ele.

      No entanto, Zachim percebeu que lhe tremiam os lábios. Apesar da sua integridade fingida, tinha medo. Era melhor assim, apesar de ele nunca ter ferido uma mulher na sua vida. Embora também fosse verdade que nunca antes lhe tinham dado razão para isso. As mulheres amavam-no e ele amava-as. Era um tipo de relação muito mais agradável do que aquela.

      – Mexe-te! – ordenou ele e, segurando-lhe as mãos, apontou a adaga para o braço dela. – Devagar.

      Quando ela levantou a porta da tenda, Zachim respirou fundo ao não ver o namorado por perto.

      O guarda estava lá, no entanto, e aproximou-se imediatamente. Perguntou a Farah se estava tudo bem. Quando ela hesitou, o príncipe apertou-lhe a adaga afiada contra o pulso.

      – Está tudo bem – mentiu ela.

      – Terás de melhorar os teus dotes de interpretação, mas, por enquanto, vai ter de servir – sussurrou-lhe Zachim ao ouvido. Ao fazê-lo, encolheu-se quando um cheiro desagradável a camelo o envolveu.

      – Não podes escapar. Aproxima-se uma tempestade.

      Ele já se apercebera da tempestade. Ao percorrer o acampamento com o olhar, verificou que a maioria dos homens estava a comer à volta das fogueiras ou a prender as tendas contra o vento crescente.

      – Eu sei. Isso ajudará.

      Ela deteve-se de repente.

      – Não vou fazê-lo.

      – O teu pai chorará a tua morte, sem dúvida.

      – Não vais matar-me.

      Zachim apertou-se contra ela por trás.

      – Não subestimes o que sou capaz de fazer. Esqueceste quem era o meu pai?

      – Porco – acusou ela e cuspiu para o chão.

      «Exatamente», pensou ele.

      – Fico feliz por nos termos entendido. Agora, anda e, com sorte, nenhum dos teus homens morrerá.

      Farah afastou as madeixas de cabelo que se tinham soltado enquanto lutava. Sem dúvida, aquilo só serviria para confirmar a opinião do pai sobre as mulheres. Naquele momento, até ela concordava que teria sido melhor ficar em casa. Fora a sua estupidez que a deixara naquela posição.

      – Não te sintas mal por me ajudar a escapar – sussurrou o príncipe, como se lhe tivesse lido o pensamento. – Se fosse qualquer um destes homens, teria tido de o matar.

      Esse pensamento não conseguiu consolar Farah. Cometera um erro que não sabia como o solucionar. Em vez de resolver as coisas como tencionara, só conseguira agravá-las.

      Enquanto o vento frio lhe golpeava na cara, Farah esperou que algum dos homens que os rodeavam percebesse que alguma coisa estava mal. Mas, para além de olharem para eles, não fizeram


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