Grandes escolhas: Autobiografía regeneradora. Ricardo Beltran

Grandes escolhas: Autobiografía regeneradora - Ricardo Beltran


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momento, senti que a vida me estava a entregar sinais inequívocos do caminho que eu próprio tinha Escolhido. Fiquei verdadeiramente incrédulo e não entendia como é que uma ex-professora da escola secundária me estava a lançar um convite daqueles, ainda para mais sendo eu um dos alunos mais desorganizados e menos estudiosos que ela deve ter visto!

      Viajei até Trás-os-Montes para me encontrar com a senhora, sem saber que aquilo que estava prestas a ouvir se viria a tornar numa das maiores lições de humildade que recebi na vida. Aquela minha ex-professora — que no meu tempo de estudante nunca demonstrara qualquer tipo de afinidade especial comigo — confessou-me que avaliava positivamente o conteúdo das minhas respostas nos exames, mesmo quando este pouco ou nada tinha a ver com o conteúdo das perguntas!! Justificou-se, explicando-me que apesar de eu não ser conhecedor da matéria, ela não poderia ignorar a forma como eu me expressava.

      Obviamente que toda a gente vai pensar que aquela professora era uma assassina dos princípios-base da educação, mas para além de uma verdadeira lição de humildade, reconhecimento e gratidão, o que ela realmente fez foi ensinar-me que por mais errado que um conteúdo nos possa parecer, não devemos ignorar a forma como ele se apresenta perante nós.

      Fiquei tão comovido com aquela sua confissão que expressei imediatamente o meu interesse pela sua proposta, até porque isso significava também mais uma pequena fonte de rendimento para mim! Batizei a minha rúbrica de «O 10 já viu» — em alusão à expressão «déjà-vu» — e nela dei vida a certos tabus da humanidade como o desejo, a sorte ou a coragem, pondo-os a analisar a forma como o ser humano os aborda. No fundo, era uma perspetiva invertida da vida.

      Entre o trabalho a tempo inteiro na loja, as rubricas do jornal e a vida boémia, eu tinha também a maior de todas as certezas: saber o que não queria! E eu sabia que a área financeira não era para mim, apesar de também saber que, devido às circunstâncias da minha vida, eu não podia dar-me ao luxo de trocar ou abandonar aquele curso.

      Fui progredindo nos estudos universitários a um ritmo de envelhecimento em garrafa, até que chegou o dia do último exame. O professor era um icónico Homem arrogante, conceituado mundialmente na área da contabilidade e conhecido na universidade como o «dono disto tudo». Preparei-me bem, mas correu-me mal e fui chamado à prova suplementar de escolha múltipla para tentar recuperar da nota negativa.

      Eu estava desesperado, porque se reprovasse naquele exame, teria de permanecer mais um ano só com aquela cadeira, e isso não poderia de todo acontecer-me. Fiz então uma Grande Escolha e marquei reunião com o mítico professor no seu gabinete. Recebeu-me de forma arrogante e agreste, dando-me a entender que não estava habituado a que um aluno o abordasse daquela forma! Mantive-me calmo e genuíno, olhei o imponente homem nos olhos e disse-lhe que me faltava apenas aquela cadeira para acabar o curso.

      «E o que é que você quer que eu faça?», perguntou-me em tom imperativo, acrescentando: «Prepare-se como todos os outros, depende tudo de si!». Percebi logo ali que qualquer intervenção me iria ser prejudicial. Deixei a minha emoção fluir por breves segundos, apertei-lhe a mão e agradeci-lhe o tempo que me dedicou, porque isso já era mais do que suficiente para ele.

      Passados uns dias, ainda antes de as notas da prova suplementar serem publicadas, o saudoso, áspero e icónico professor — sportinguista excêntrico — enviou-me um e-mail pessoal: «Parabéns, acabou o curso». Nunca ficarei a saber se tive ou não tive nota para passar àquela cadeira, mas tenho a certeza de ter ganho a sua admiração pela coragem em ter ido ao seu gabinete. Sim, era precisa coragem! E sim, eu acredito que o professor me ajudou, porque lhe dei a conhecer a minha situação.

      Demorei bem mais do que a conta para concluir o curso, é certo, mas esse foi também o tempo de que precisei para desenhar e constituir o meu Ser, que até à entrada na universidade era um castelo de areias levianas. Podia ter acabado o curso em metade do tempo? Sim, podia, mas também teria desperdiçado o tempo necessário para crescer.

      ***

      Uma das maiores fragilidades que enfrentamos é a compreensão da essência humana e espiritual em idades cruciais como são a adolescência e a juventude adulta. É extremamente difícil, tanto para o jovem indivíduo — que por norma sonha bastante — como para os seus progenitores, perceber quais as Escolhas académicas e consequentemente profissionais que irão levar ao preenchimento e satisfação interior.

      Perante esta enorme dificuldade, a maioria dos adultos acaba por incentivar os jovens a Escolherem o seu caminho em função das probabilidades de sucesso financeiro, deixando o preenchimento interior para mais tarde, normalmente associado à compra de casa, carro e constituição de uma Família.

      Mais tarde e já em fase adulta, o sucesso — quase sempre associado a dinheiro, poder hierárquico e estatuto social — transforma-se muitas vezes em transtorno e sofrimento para aqueles que o atingem. Porquê? A explicação é invariavelmente a ausência de um preenchimento interior, associado a uma contradição entre a verdadeira essência do adulto e a vida pessoal e profissional que este tem. Digamos que em muitos casos, o corpo avança rumo a um objetivo e a alma fica para trás a reclamar tudo aquilo que é mais importante e não foi atendido.

      Compreender a essência dos adolescentes e jovens adultos, ajudando-os posteriormente na Escolha do caminho académico ou profissional a seguir, é por isso uma ação preventiva de extrema importância, na qual devemos investir com mais seriedade. Estou certo de que ao fazermos isso, iríamos eliminar uma parte significativa das frustrações em fase adulta.

      O Tipo adulterou corajosamente o formulário da candidatura à universidade, Escolhendo o seu próprio destino geográfico. No entanto, por ter tirado — contrariado — um curso profissional na área financeira, ele ficou de alguma forma condenado a seguir um caminho académico universitário nessa área, tão distante da sua essência. Isso contribuiu também para que o Tipo demorasse tanto tempo a acabar o seu curso, mas ativou a necessidade de encontrar um preenchimento bastante superior, tanto na loja de roupa como a escrever o artigo de jornal.

      Agora, o Tipo deveria Escolher entre resignar-se e abraçar uma carreira profissional longe da sua essência, ou adulterar esse caminho como fizera com a candidatura à universidade, procurando o preenchimento interior em áreas totalmente distintas da financeira. Mas que iria ele Escolher?

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