Ascensão. Морган Райс
graça ou aparência de perfeição, e certamente não tinham o senso de implacabilidade fria dos Mais Puros. Pareciam com o tipo de coisa que os Mais Puros podiam ter sido há muito, muito tempo.
“Nós lutamos e guerreamos uns com os outros. Transformamos nosso planeta natal em um lugar praticamente inabitável com as armas que usamos.”
A imagem na tela mudou, exibindo um mundo que começou verde e bonito, apenas para toda vida vegetal murchar e morrer, explosões cascateando pela superfície, fogo e vento se espalhando em ondas do que pareciam ser os corações das cidades.
“Tivemos que nos adaptar.”
“Atacando os mundos de outras pessoas,” Kevin disse. “Nos enganando pra te deixarmos entrar e tomar a mente das pessoas.”
“Vocês são malignos,” Chloe acrescentou. “São todos monstros.”
Xan Mais Puro olhou para eles sem um pingo de emoção. Kevin duvidava que a criatura era capaz de sentir, e de certa forma isso era mais assustador do que se Chloe estivesse certa. Essas criaturas não eram maliciosas, nem cheias de ódio, ou determinadas a destruir tudo que temiam. Agiam de forma tão fria e calma quanto uma geleira passando por uma cidade, sem se importar com as vidas lá dentro.
“Seus mundos não são importantes,” Xan Mais Puro disse. “Vocês não são da Colmeia. Não são dos Mais Puros.”
“Você acha mesmo que são as únicas coisas que importam no universo?” Chloe exigiu.
“Somos os Mais Puros,” Xan retrucou, como se isso explicasse tudo. “Criamos a Colmeia para resolver as guerras do nosso mundo. Ao nos unirmos, aprendemos a nos colocar acima da fraqueza de emoções. Aprendemos dos mundos mais próximos como transformar os inferiores em tudo que precisamos que sejam. Construímos as naves da Colmeia para nos transportar e juntar materiais com os quais regenerar nosso mundo para os Mais Puros.”
“Então você só pega e pega e não dá nada de volta,” Kevin disse.
“Tudo mais é inferior,” Xan Mais Puro disse. “Tudo é nosso.”
“Até a gente te impedir,” Chloe disse, lutando contra a gravidade que a segurava. Se fosse parecida com a gravidade que segurava Kevin no lugar, ele sabia que ela não tinha chance de se livrar, mas imaginou que dizer isso para ela não fosse fazê-la parar. Na verdade, provavelmente ia piorar as coisas.
“Você é fraca. Não pode impedir a Colmeia,” Xan Mais Puro disse.
“Então por que ainda estamos aqui?” Kevin perguntou. “Se acha que somos tão fracos e inúteis, por que não nos matou assim que chegamos na sua... nave?”
“Não destruímos o que é útil,” Xan Mais Puro disse. “Coletamos. É nosso propósito.”
Útil. Kevin não sabia se gostava da ideia de ser útil para um negócio desses. Pelo que tinha visto das criaturas que os aliens consideravam úteis, eles saíam remodelando sua carne, as transformando. Já tinha sentido a dor envolvida só dos aliens examinarem seus pensamentos. As visões que teve do planeta dos aliens foram ainda piores.
“Não quero ser útil pra você,” Kevin disse.
“Não tem escolha,” Xan Mais Puro disse. “Deveria ser grato. Os escolhidos de um planeta são tipicamente destruídos, para que não sejam... uma ameaça para nós. Você sobreviveu porque o permitimos.”
“Por quê?” Kevin insistiu.
Xan Mais Puro não respondeu por alguns momentos. Em vez disso, o alien se movimentou pela sala, ajustando alguns dos maquinários.
“Vão olhar nossos pensamentos de novo, Kevin,” Chloe disse, aterrorizada pela ideia. “Vão usar aqueles tentáculos de novo.”
“Não em você,” Xan Mais Puro disse, quase desdenhoso. “Será intrigante o bastante dissecá-la e remodelá-la. Sua mente é bastante interessante, mas você não é digna de mais.”
“Não pode dissecar a Chloe!” Kevin gritou, lutando contra a gravidade que o prendia. Ela o segurou na armação com facilidade, não importava o quanto lutasse. A pressão o achatava, como um peso pressionado no peito.
“Podemos fazer o que quisermos,” Xan Mais Puro disse. “Se esse é o melhor uso da fêmea para a Colmeia, é o que será feito. Mas seremos generosos. Você poderá escolher o que acontecerá com ela.”
“Então eu escolho que não seja dissecada!” Kevin disse.
“Depois que terminarmos,” Xan Mais Puro disse. “Quando você se juntar a Colmeia.”
“O quê?” Kevin disse. Balançou a cabeça. “De jeito nenhum.”
O alien se moveu na sua direção, o aparelho com tentáculos em seus dedos.
“Seu cérebro tem capacidades que são necessárias para a Colmeia,” Xan Mais Puro disse. “De forma que vai se juntar a nós.”
O alien fez soar como se fosse um fato inegável, simplesmente o jeito que o mundo funcionava. Fez a ideia soar tão óbvia e natural quanto água molhada, ou sol quente. Mas não havia nada natural sobre a coisa com tentáculos que Xan Mais Puro segurava.
“E daí?” Kevin exigiu, mais porque qualquer momento que pudesse adiar essa história parecia uma boa ideia. “Vai me transformar num dos Mais Puros que nem você? E aí eu perco todo meu cabelo e fico com esses olhos bizarros?”
Talvez se Kevin irritasse o alien o bastante, poderia distraí-lo do que estava para fazer. Claro, ele podia decidir fazer uma série toda de coisas muito piores, mas naquele momento, Kevin não podia imaginar nada pior do que se transformar num deles.
“Você não é dos Mais Puros,” Xan Mais Puro disse. “Mas pode ser transformado em um da Colmeia. Vai se transformar em nosso emissário, um de nossos escolhidos. Deveria se felicitar com a honra.”
“Acha que é uma honra pro Kevin ter o cérebro invadido?” Chloe exigiu.
“Não será uma invasão,” Xan Mais Puro disse. “Kevin irá nos receber. Irá concordar em ser um dos nossos.”
“Por que eu tenho que concordar?” Kevin exigiu. “Por que não faz isso logo se vai mesmo fazer, em vez de ficar com joguinhos?”
O alien pareceu quase ofendido, embora Kevin duvidasse que pudesse sentir essa emoção. Duvidava que pudesse sentir qualquer coisa.
“Não jogamos,” disse. “Mas os cérebros da sua espécie são delicados, e necessitamos do seu intacto para as tarefas que a Colmeia tem para você. Se lutar demais durante o processo, existe a possibilidade que ele seja... danificado.”
“Eu vou lutar,” Kevin prometeu. “Prefiro morrer do que fazer qualquer coisa pra te ajudar.”
O alien ficou parado o encarando, aparentemente sem compreender o que ele tinha dito. Franziu o rosto levemente, inclinando a cabeça para um lado como se escutasse algo que só ele podia ouvir. Kevin sentiu que estava tentando decifrá-lo, e decidir o que devia fazer no meio tempo.
“Sua declaração é tola,” Xan Mais Puro disse. “Render-se é do seu interesse. Poderá continuar a existir.”
“Já estou morrendo mesmo,” Kevin disse, lembrando-se do momento que o médico o diagnosticara com sua doença, explicado quão pouco tempo ele tinha para viver. “Acha que eu me importo com essas ameaças?”
O alien o encarou por mais alguns momentos, e de novo, e Kevin sentiu que recebia conselhos dos outros de sua espécie.
“Podemos salvá-lo,” ele disse, soltando as palavras como pesos de chumbo.
O choque que correu por Kevin era como água gelada. Os melhores cientistas que a Terra tinha para oferecer tinham tentado e falhado em ajudar. E agora aqui estavam os aliens, oferecendo sua saúde como se não fosse nada.
“É