Castrado. Paulo Nunes
As imagens não eram nítidas. Recobrava a consciência devagar e sentia-me zonzo, quando inclinei meu corpo na cama para ver o que estava acontecendo. Depois de coçar os olhos, vi Rosa e Aidan entrando na minha suíte. Rosa dizia a ele para não entrar, pois eu estava dormindo e não gostava que me acordassem, enquanto Aidan a ignorava e caminhava em direção à minha cama, carregando em sua mão um pequeno buquê de flores.
— Algum problema, Rosa? — perguntei, tentando entender aquele tumulto.
— Este senhor invadiu o quarto dizendo que é seu amigo. Entrou assim que abri a porta...
— Desculpe se o acordei. Estava aqui por perto e resolvi ver se precisava de alguma coisa — falou Aidan, interrompendo Rosa.
Nisso, ele apoiou um joelho sobre meu colchão, beijou meu rosto e continuou, alegremente:
— Bom dia! Trouxe para você! — e estendeu as flores cônicas do Tennessee diante de mim.
Eram lilases e lindas. Recebi e agradeci-lhe, ao mesmo tempo em que descobri meu corpo das cobertas e levantei-me da cama. Caminhei até Rosa, pedi que ela pusesse as flores em um jarro com água e, também, que nos deixassem sozinhos, pois precisava conversar com Aidan.
— Quer o seu café aqui ou vai tomar no bar? — perguntou, injuriada por não ter conseguido impedir a entrada dele em minha suíte.
— Vou tomar aqui, mas só peça para daqui a uma hora — respondi.
Ela encarou meus olhos, como se quisesse me dizer algo.
— O que foi, Rosa? — perguntei, quase sussurrando.
— Você está só de cueca — falou baixinho, meio envergonhada.
— Se for por causa dele, não se preocupe. Ele já me viu pelado — e dei um sorrisinho safado para ela.
Rosa se indignou com meu comentário, torceu os lábios e deu as costas para mim, saindo do quarto, imediatamente, com certeza, desaprovando o que ouviu. Ao olhar para minha cama, vi Aidan, que ao encontrar meus olhos, logo ficou em pé e deixou transparecer um semblante preocupado, como se esperasse receber uma bronca por ter me acordado. Ele vestia uma camiseta bege, que prendia um par de óculos escuros esportivos, uma bermuda marfim e um par de tênis branco. Estava provocante e sexy, bem como sugere o verão. E nós dois estávamos sozinhos em meu quarto. Aproximei-me dele com cara de zangado, sugerindo com o olhar que brigaria. Como criança levada que foi pega pelos pais, ele esperava por isso. Parei, com meu corpo quase colado no dele, e encarei seus olhos assustados, ainda com os lábios serrados. Nisso, ele tentou se explicar:
— Desculpe acordar você. É que...
— Cale a boca, Aidan! — e joguei minha mão no meio das pernas dele, apertando suas bolas.
Ele arfou no mesmo instante, e petrificou seu olhar surpreso em mim.
— Você sabia que eu detesto que me acordem? — e apertei mais um pouco.
Ele fez cara de dor e respondeu, espremendo-se para que a voz saísse:
— Não sabia. Por favor, desculpe.
— Da próxima vez que me acordar, juro que arranco seu pau fora. Entendido? — e dei um último apertão.
— Entendi. Por favor, não aperte mais. Está doendo muito — suplicou, quase com cara de choro.
Nisso, afrouxei a mão e comecei a deslizá-la sobre a bermuda, para cima e para baixo, transfigurando meu olhar e rosto sérios naquilo que sentia: tesão. E comentei:
— Normalmente, pela manhã, acordo com muito tesão.
— É mesmo? — perguntou ele, assumindo uma cara de safado.
— Ponha para fora. Quero chupar seu pau.
O rosto de dor de Aidan transfigurou-se em desejo instantaneamente.
— Oh, meu Deus! Assim, tão rápido? — perguntou, tentando assimilar o que ouviu.
— Quero lamber seu pau — e selei minha boca na sua, invadindo-a suavemente, pressionando meu corpo quase nu contra o dele.
Aidan não resistiu e respondeu, de forma carinhosa, ao meu beijo. Suas mãos passeavam pelo meu corpo ao mesmo tempo em que eu sentia seu membro crescer contra a bermuda, toda vez que ele puxava meus quadris contra os dele. Ele está de pau duro. Pensei. Em um movimento suave, larguei a boca dele e ajoelhei-me. Com cuidado, abri sua bermuda e a baixei com a cueca branca até a metade de suas coxas. Comecei a cheirar suas bolas e virilhas. Elas exalavam um aroma de limpeza. Seu membro estava ereto, e a glande melada. Que delícia! Pensei. Olhava para ele, que mantinha seu olhar de luxúria sobre mim. Nisso, vi-o flexionar os joelhos e segurar seu membro, posicionando-o suavemente em minha boca, enquanto pedia carinhosamente:
— Você quer chupar? Chupe, meu amor. Abra sua boquinha e chupe a cabeça do meu pau — e enfiou bem devagar, sugerindo que eu começasse pela glande.
Depois que abocanhei e molhei seu membro, enquanto o ouvia gemer e retorcer o pescoço para trás, levei minha mão às suas bolas, acarinhando-as com as unhas. Comecei a fazer movimentos de vaivém com a boca, molhando o pênis dele inteiro, regozijando-me com aquele gosto divino. Os gemidos de Aidan foram aumentando. Repentinamente, senti um jato em minha boca. Abri os olhos, de supetão. Depois mais um jato, e vários outros em seguida. Ele já está gozando? Não acredito! Pensei e arregalei os olhos, tentando não acreditar que ele já havia chegado ao orgasmo tão rápido. Percebendo que minha boca estava inundada do líquido dele, engoli e fui diminuindo os movimentos, até que parei por completo ao sentir seu membro ficar flácido. A ira me possuiu. Levantei, consternado, e dei as costas para ele, buscando um cigarro. Ficamos alguns instantes em silêncio. Então, ele falou:
— Desculpe. Não consegui me controlar — enquanto subia a cueca e a bermuda visivelmente envergonhado.
— Em menos de cindo minutos, Aidan? — perguntei e dei um trago.
— Desculpe, meu amor. Você me pegou de surpresa. Eu não esperava... E a sua boca é muito morninha. Aí, eu não aguentei.
— Egoísmo da sua parte. Não pensou que, talvez, eu quisesse que você me comesse não? — inqueri, irritado e elevando o tom de voz.
— Por favor, desculpe-me. Prometo que não vai acontecer. Vamos tomar um banho. Daqui a pouco nós começamos de novo.
— Não quero mais — respondi, chateado.
— Não fique bravo. Não fiz porque quis...
— Tudo bem, Aidan. É melhor você ir. Daqui a pouco Alyce chega, e nós temos muito o que fazer — sugeri, interrompendo-o.
— Podemos, ao menos, jantar mais tarde? — e foi se aproximando, tentando me beijar.
— Vou pensar. Se der certo, ligo para você — e desviei do seu beijo, levando-o até a porta.
— Você ficou chateado. Por favor, perdoe-me. Não fique bravo comigo... — dizia repetidamente, enquanto eu o empurrava para fora da suíte, batendo a porta com força quase na cara dele.
Que inferno! Pensei e procurei uma das taças espalhadas pelos móveis do quarto para beber vinho e terminar meu cigarro. Depois de dar um gole, ouvi a porta bater novamente. Não acredito que ele não foi embora! E caminhei apressado para esbravejar contra ele. Abrindo a porta violentamente, vi Alyce, segurando pastas e agendas em seus braços, como uma adolescente que carrega livros para o colégio. Soltei o ar dos meus pulmões demoradamente, tentando me acalmar. Dei as costas para ela, que logo foi entrando.
— Bom dia!
— O meu começou péssimo — respondi, deixando claro que estava de mau humor.
— Lamento. Posso fazer alguma coisa para ajudar? — perguntou, prestativa.
— Pode, sim. Na minha bolsa, tem cartão de crédito. Se necessário,